MARCAS DE AMOR – SEMANA DA FAMÍLIA 2025

O shemah Israel é um texto sobre identidades. Ele diz quem é Deus e, de maneira grandiosa, apresenta ao povo santo o Deus único.
O chamado à adoração é seguido de um comando para a transmissão desses princípios por meio de um falar contínuo e da sinalização na testa, na mão e mais uma vez no batente da porta. Da mesma forma que
o sangue do cordeiro, as portas das moradas do povo de Deus são marcadas pela lei do Senhor. A casa se torna, assim, um ambiente de segurança e desenvolvimento pela instrução do Senhor; os relacionamentos são justos, e o centro da vida, apontado pela lei, é claramente visto.
A identidade é, com certeza, um dos grandes temas da atualidade. É
impossível entrar em contato com qualquer mídia sem que esse assun
to apareça. Ao longo da história, as identidades têm sido definidas pelo
local de nascimento, pela profissão da família, pelo grupo social, pela
cultura, pela religião e, a cada novo momento, novos elementos são
acrescentados à identidade.
Hoje podemos pensar que existe uma verdadeira fixação pelo tema, o
que nos leva a refletir sobre a angústia de uma geração pela insegurança
de não ser. Infelizmente, os caminhos escolhidos têm se mostrado mise
ravelmente falhos e as dores estão cada vez maiores. Ansiedade, decep
ções seguidas de desencantamento com a vida, a procura autodestrutiva
por satisfação por meio de recursos viciantes — que não são necessa
riamente químicos — na era em que a oferta de dopamina é abundante.
Tudo isso em consequência de um anseio por querer ser e pertencer.
Não se pode ignorar a falência do coração humano em ser coerente.
Por isso, olhar para si mesmo à procura de uma identidade que satis
faça o vazio está fadado ao fracasso porque nossos sentimentos mais
profundos não se alinham, não se harmonizam, não dialogam entre si
e são contraditórios. Além disso, nossa ideia de nós mesmos é por na
tureza instável, isto é, nossos desejos não apenas são incoerentes, mas
também são mutáveis. Somos pessoas diferentes e estamos sujeitos a
transformações em cada evento da vida. Um luto ou mesmo a chegada
de um filho são momentos da vida que nos mudam. Também podemos
afirmar que nossa identidade, ao contrário do que afirmam as ideias
do nosso tempo, não pode vir de sentimentos, pois a maioria deles não
conhecemos. Além disso, não pode ser encontrada nos traços de perso
nalidade que usamos para nos definir, exatamente porque escolhemos
alguns em detrimento de outros ou, pior ainda, alguém está escolhendo
isso por nós.
“Escute, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Portanto,
ame o SENHOR, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma
e com toda a sua força. Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão
no seu coração. Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando
estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao
levantar-se. Também deve amarrá-las como sinal na sua mão, e elas
lhe serão por frontal entre os olhos. E você as escreverá nos umbrais
de sua casa e nas suas portas” (Deuteronômio 6:4-9).
Chama a atenção a ordem para amar, e não poderia ser diferente, pois
entendemos o amor pelo princípio de que ele requer liberdade. Deve
mos ouvir Deus falando para as famílias de Israel, primeiro dizendo
que esse amor é um amor total: a vontade inteira está sob o domínio
do amor, todos os sentimentos estão sujeitos a ele e não há nada sendo
poupado no que diz respeito à sua intensidade. Existe, sim, e funda
menta o chamado de Deus, o exercício da vontade; do contrário, nem
mesmo essa frase existiria. Deus deseja que Israel queira.
Obviamente, o Deus de Israel não é um ser carente e necessitado; pelo
contrário, a divindade é satisfeita em si mesma. Isso significa que o
chamado de Deus não é por causa Dele, é por nossa causa. Deus não
precisa que suas decisões sejam orientadas pelo nosso amor, mas se
apresenta amoroso e salvador, deixando bem claro que o princípio da
nossa vida deve ser o amor que temos por Ele.
Brilha diante de nós a realidade revelada por Deus: a lógica de Sua lei e
a lógica de Seu amor e graça são a mesma. Ele deve estar no centro de
tudo, exigindo amor total e obediência total.
Vamos meditar sobre alguns importantes desdobramentos do chama
do de Deus.
Primeiro, Deus se apresenta como único Senhor. É claro que so
mente Ele no Universo todo detém o que pode caracterizar uma divin
dade. Somente Ele, portanto, existe como Deus, mas isso não significa
que não podemos criar substitutos para Ele em nossos pensamentos e
práticas. Nossa vida pode ser orientada pelas leis do trabalho, do mer
cado, do dinheiro. Podemos sim, estar sujeitos às ideologias e políticas
humanas como deuses sobre nós. Sendo o coração humano uma fábri
ca de ídolos, a lista pode crescer infinitamente. Ter a Deus como único
Senhor é uma escolha que deve ser lembrada constantemente.
Segundo, é impossível não adorar a Deus e não ser um idólatra. A
escolha de não se submeter a Jeová como único Senhor levará a pessoa
inevitavelmente a se submeter a outro domínio sobre ele. Isso significa
que se colocarmos outros deuses diante Dele, haverá outra lei sobre
nós porque deuses criam suas próprias leis. Portanto, se o primeiro
mandamento for quebrado, não restará nenhum sentido em seguir os
outros, porque se houver outro deus na vida, haverá inevitavelmente
outro código de leis e outros pecados. Vamos pensar um pouco no que
aconteceu na queda do homem no Éden. “Como Deus sereis conhece
dores do bem e do mal” foi a frase que Eva ouviu da serpente. Satanás
cria para a mulher uma “salvação” em um mundo onde não há perdi
dos. Para que isso aconteça, ele apresentou a Eva uma artificialização
da realidade onde o código de conduta e comportamento é a lógica dele.
“Seus olhos se abrirão” isto é, “você precisa ser salva da sua cegueira”.
O inimigo se posiciona no lugar de Deus, e deste lugar ele cria suas pró
prias leis e consequentemente seus próprios pecados e assim, seguindo
essa lógica, Eva concluiu que o erro naquele dia era não comer o fruto.
Terceiro, o amor e a lei de Deus, além de serem inseparáveis como
fundamentos lógicos do Seu governo, também não se separam de ne
nhuma atividade da vida. É importante aqui lembrar que a Palavra
de Deus não divide a realidade em espiritual e material, o paganismo
que sustenta este engano, Deus separa as coisas entre espirituais e
carnais. Isso significa que as palavras que Ele ordenou devem ser en
sinadas e praticadas, assentados: em casa, ao caminhar, no repouso
do anoitecer e ao despertar pela manhã. A lei do Senhor deve estar
fundamentando os pensamentos (frontal entre os olhos) e produzindo
as ações (sinal na tua mão).
Deus ordenou que Sua vontade fosse escrita em cada membro da
família, marcando nossos filhos nas mãos e na testa, significando a
sujeição dos pensamentos e das ações. Da Palavra de Deus para o
nosso coração. Das nossas mãos para as mãos dos nossos familiares,
da nossa mente para a mente deles. Mas Sua ordem vai além disso,
Ele disse que a lei deve estar escrita nas nossas portas. É maravilhoso
pensar que a submissão ao governo de Deus está marcada como sinal
no mesmo lugar onde a marca da Sua graça está destacada.
A obediência ao Senhor é o poderoso mecanismo gerador de identidade. Sede santos porque eu sou santo, disse Deus, nisto conhecerão que sois meus discípulos, se amarem uns aos outros. O que esses ver
sos indicam? Que em todas as leis, Deus nos ordena a buscar a Sua
imagem. Identidade e pertencimento. Duas coisas caríssimas para a
vida humana em qualquer tempo. Não há nenhuma possibilidade de
haver saúde nos relacionamentos familiares se a marca do lugar onde
se refugiam não seja a obediência ao Senhor. Não há nenhuma segu
rança no desenvolvimento se não houver os limites visíveis que indi
cam para onde se está desenvolvendo. O salmista afirmou no Salmos 91 que a verdade de Deus é proteção e escudo.
Somos tentados pela cultura ao nosso redor a entender o amor pela
efemeridade de um sentimento, mas Jesus nos revela que o amor é
um estado do ser que é identificado por um código de conduta:
“O amor é paciente e bondoso. O amor não arde em ciúmes, não se en
vaidece, não é orgulhoso, não se conduz de forma inconveniente, não
busca os seus interesses, não se irrita, não se ressente do mal. O amor
não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. O amor
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:4-7).

Nossa oração hoje deve ser: Pai, que minha casa tenha as marcas do
Teu Reino e que seja desejo de todos que o Teu Reino e a Tua vontade
triunfem sobre todo Universo, mas que, hoje, Ele já esteja governando
o coração de todos do meu lar. Que a Tua lei nos umbrais das portas
da minha casa seja o guardião infalível contra a invasão de qualquer
ídolo e que o amor de todos por Ti seja facilmente reconhecido na manifestação da vontade de Te ver feliz com a nossa obediência. E assim possamos descansar em saber que a Tua vontade é o sustentáculo da união, alegria, identidade e pertencimento da nossa família. Amém
