A MARCA NA MÃO

MARCAS DE AMOR – SEMANA DA FAMÍLIA 2025

A marca na mão está no contexto do “ouve Israel”, como um lembrete da aliança de Deus com Seu povo. Mais do que isso, o amor, como base do mandamento uma vez colocado no coração, isto é, no centro da
vontade da vida, aparecerá como uma marca distintiva nas ações. A lei do amor de Deus deve ser uma característica do nosso comportamento moral e deve ser fundamentalmente importante na nossa forma de
produzir, servindo como determinante da nossa consciência de propósito. O argumento central é o aspecto proativo da lei na solidificação das vocações.


“Posso ver a sua mão?” Essa foi a pergunta inusitada que a minha es
posa me fez logo no primeiro encontro que tivemos. Fui pego de surpresa, mas não escondi a minha mão, ela olhou com atenção, tocou e não disse mais nada. Bem, acredito que a resposta que ela procurava foi encontrada pois já se passaram vinte e três anos. Ela procurava primeiramente coerência. Minhas mãos iriam afirmar ou negar o tipo de atividade que minha boca anunciava. Nem todas as atividades deixam cicatrizes ou calos como os das minhas mãos naquele dia, mas nossas
mãos sempre sinalizam o que fazemos.

No relato da criação do mundo em Gênesis, Deus nos é apresentado
como trabalhador. Sua ação criadora revela seu caráter e consequente
mente suas intenções. Atente para a ação de Deus no terceiro dia:
“E Deus disse: Que a terra produza relva, ervas que deem semente e
árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semen
te esteja no fruto sobre a terra. E assim aconteceu. E a terra produ
ziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores
que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie.
E Deus viu que isso era bom. Houve tarde e manhã, o terceiro dia”
(Gênesis 1:11-13).


Deus primeiramente ordena, distingue, dá um propósito e, por fim, ex
clama a Sua aprovação. O mesmo se dá na criação dos corpos celestes:
“E Deus disse: Que haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem
separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações,
para dias e anos. E sirvam de luzeiros no firmamento dos céus, para
iluminar a terra. E assim aconteceu” (Gênesis 1:14, 15).
Mais uma vez, o Criador dá uma ordem para que haja, no quarto dia,
luzeiros; Ele os distingue nomeando-os e, em seguida, ordena seu propósito: “sirvam de…” e, em seguida, diz que era bom.
Da mesma forma o homem é criado. Deus declara a Sua intenção:

“E Deus disse: Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança. Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre
todos os animais que rastejam pela terra” (Gênesis 1:26).
Note que o Criador dá a Sua palavra de ordem para em seguida dis
tinguir o homem de todo o restante da criação, ele é feito à imagem de
Deus. O seu propósito se estende no mandato de Deus para que o ser
humano tenha domínio sobre a Terra. No verso 31, Deus vê tudo o que
fez e diz que era “muito bom”.


Mas tudo isso tem um sentido incompleto se não considerarmos o destino para qual o trabalho de Deus se propõe a atingir. Erra quem afirma que o ponto mais elevado da semana da criação é o sexto dia quando o homem é formado. Pois no final de sua obra Deus diz:


“Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e tudo o que neles há.
E, havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que tinha feito,
descansou nesse dia de toda a obra que tinha feito. E Deus abençoou
o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que,
como Criador, tinha feito” (Gênesis 2:1-3).


Tudo o que Deus faz com o Seu trabalho (obra) leva à exaltação do Seu
nome. O sábado é o destino para qual se segue desde o primeiro dia da
semana da criação. O trabalho, tal como ele foi dado ao homem, tem
como objetivo a adoração ao Criador. Por isso, Ele ordenou para que o
homem fizesse da mesma forma.

Podemos concluir que, desde a Criação, a lei de Deus está inseparavelmente ligada a qualquer ação executora feita na Terra.
A Palavra de Deus não apresenta a Sua lei como um mero conjunto
de ordens ou proibições, mas como o meio pelo qual Deus confronta
o erro, estabelece a justiça, defende os fracos e promove o bem público, além de oferecer um padrão de identidade pelo qual o ser humano, criado à imagem de Deus, possa dominar sobre a Terra sem contrariar essa representação de Deus nele mesmo. Uma das formas de sutil ne
gação da religião de Cristo e consequente ataque à Sua existência é a
proibição de que ela seja predominante na cosmovisão pública. Atente:
Quarenta e três dos sessenta e seis livros da Bíblia (exceto Jó) estão em
um contexto público, coletivo e comunitário.


A lógica de um reino é flagrante, inegável e material. Não há possibilidade de pensarmos no cristianismo de forma essencial fora do público, político, coletivo, filosófico, intelectual, acadêmico, econômico e material. Ele nasce a partir da formação de um povo/estado-nação. Dizer que o cristianismo não pode existir na esfera pública e dizer que o cristianismo não pode existir é a mesma coisa.
“Escute, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Portanto,
ame o SENHOR, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma
e com toda a sua força. Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão
no seu coração. Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando
estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao
levantar-se. Também deve amarrá-las como sinal na sua mão, e elas
lhe serão por frontal entre os olhos” (Deuteronômio 6:4-8).


O amor de Deus é uma marca nas nossas mãos. E mãos marcadas marcam. O chamado de Deus em Deuteronômio faz com que Suas palavras sejam lembradas nas mãos dos Seus filhos. É claro que isso é muito mais do que a ordem para o uso de um adereço. Deus quer que nosso
lar seja uma plataforma de lançamento de abençoadores para o mundo.
Ele chama e promete. No Salmo 121, o salmista testifica a promessa no
verso 5: “O SENHOR é quem guarda você; o SENHOR é a sombra à sua
direita.” O que significa que Deus atua no nosso trabalho e nos concede
propósito e descanso Nele.


Somos como pais, educadores e líderes, os agentes de Deus na formação da consciência de vocações. O sinal nas mãos revela a quem pertencemos e ele somente é caracterizado como sinal se as pessoas ao nosso redor tiverem suas vidas afetadas pela benção do nosso trabalho em favor delas.

Que a nossa oração hoje seja: Senhor, que as Tuas mãos estejam atuando através das minhas, que minhas mãos marcadas marquem os que
comigo moram e que minha casa seja um centro operacional do Teu
plano de abençoar o mundo. Livra-me de viver um propósito concen
trado em mim mesmo, mas que o amor que em mim implantaste seja
facilmente visto, para a glória do Teu nome, Amém