PROBLEMAS COM O PARAÍSO

George Vandeman

Milhares de casais estão trabalhando, planejando e poupando, na esperança de um dia poderem construir a casa própria dos seus sonhos, com cada detalhe, com arquitetura perfeita, projetada do jeito que sempre desejaram.

Ter a casa desejada parece, segundo muitos imaginam, ser a chave para uma vida ideal. Mas, e se você pudesse projetar uma cidade ideal, com cada detalhe perfeito? Um lugar sem crimes, sem poluição, onde uma vida feliz ocorresse naturalmente? E se você pudesse planejar um mundo ideal? Como seria essa utopia? Esse sonho tem atraído algumas das mentes mais brilhantes da humanidade em direção dessa importante busca. Mas o que esses idealistas jamais sonharam, é que mesmo num paraíso poderiam surgir problemas. Desde que Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, seus descendentes vêm tentando voltar para lá. Queremos encontrar aquele paraíso na Terra, ou recriá-lo. Através dos séculos, os seres humanos vêm tentando com trabalho pesado, engenharia social, planos econômicos, ou simplesmente com a imaginação, criar utopias de todos os tipos. Des fato, algumas tábuas de pedra do ano 2 mil A.C. contam a história de Gilgamesh, um lendário rei da Suméria, que viajou em busca se um paraíso na Terra. O rei teve que luta contra leões, teve que escalar montanhas e passar dias em total escuridão a fim de chegar a Dilmun, um lugar de prazer e relaxamento perpétuos. Esse Éden ficava junto a uma fonte de água pura e límpida e tinha um clima primaveril o ano inteiro. Mas no decorrer da história de Gilgamesh, ele não conseguiu descobrir o segredo da vida eterna e teve que aceitar a mortalidade e os infortúnios da existência.

Mesmo em teoria, é difícil construir um paraíso ideal aqui na Terra. Veja, por exemplo, a Utopia de Thomas More, escrita durante a Renascença. Alguns dos detalhes desse mundo ideal são tão extravagantes que os críticos não sabem de More estava de fato defendendo certas idéias ou satirizando-as.

Muitos idealistas e criadores de utopias têm procurado se inspirar na antiga Esparta. Eles vêem uma cidade-estado dedicada ao bem coletivo na qual os ideais de simplicidade e austeridade prevalecem. Na realidade, entretanto, Esparta foi uma das sociedades mais militaristas e totalitárias da História, tornando-se uma utopia na imaginação dos homens, somente milhares de anos depois. No mundo real, as utopias geralmente passam de brilhantes promessas para amargas desilusões. No início de 1800, por exemplo, Charles Fourier divisou um sistema pelo qual os males da humanidade podiam ser corrigidos, reorganizando-se a sociedade em unidades econômicas cuidadosamente construídas. Fourier morreu antes de colocar suas idéias em prática. Foi Albert Brisbane quem popularizou suas idéias e inspirou muitas experiências comunais em 1840. A certa altura, Brisbane chegou a comparar Fourier com Jesus Cristo. Mas com o passar dos anos, os problemas práticos para a construção de um mundo ideal foram aparecendo e Brisbane, finalmente desiludido, disse: “Se alguém mereceu ser enforcado por irreflexão intelectual e violência, esse alguém foi Fourier.”

Uma das utopias mais singulares da História foi criada no convés de um navio francês, o Victoire, quando um oficial idealista, Françoise Mission, propôs que o navio se tornasse uma república onde a liberdade e a igualdade prevalecessem. A ideia de uma utopia flutuante imediatamente pegou e mudaram o nome do navio para “República do mar”. Os homens a bordo tornaram-se piratas socializados. Em vez da tradicional caveira e os ossos em cruz sobre o fundo preto, eles hasteavam uma bandeira branca com os dizeres “por Deus e pela liberdade. “A obscenidade e a intoxicação eram proibidas a bordo da “República do mar”. O capitão Mission pilhava dos navios alimentos, armas e suprimentos, mas fazia os ataques o menos sanguinolentos possível. Todos os espólios eram divididos; os homens viviam como iguais.

Uma vez, quando Mission dominou um navio holandês, ele libertou todos os escravos a bordo e os tornou cidadãos de sua democracia do mar. O mundo em geral estava cheio de injustiças, mas o capitão Mission queria criar um ponto no globo onde os homens fossem tratados com igualdade.

O anseio de justiça e o desejo de criar um lugar justo é o sonho que reside em quase todas as comunidades ideais nas utopias já imaginadas e tentadas pelo homem. Mas tragicamente esses paraísos na Terra têm ruído. Uma após outra, as utopias vão por terra, sonhos colidem com a realidade.

Às vezes, o golpe fatal vem de fora. A experiência do capitão Mission terminou após ele ter-se fixado numa pequena ilha perto de Madagascar. Tribos vizinhas atacaram sua colônia e a destruíram.

Mas geralmente as utopias se desmoronam internamente. Mesmo os idealistas descobrem que existem dificuldades para a realização desses sonhos.

Henry David Thoreau abriu os olhos da América para os valores da harmonia com a natureza em seu livro Vida nas Florestas, mas em uma comunidade utópica chamada Fazenda Brook, ele encontrou dificuldade em criar harmonia. Ele disse a certa altura que se tal lugar fosse o Céu, ele preferiria viver sozinho no inferno.

Em 1826, Robert Owen estabeleceu a “Comunidade dos iguais – Nova Harmonia.” Ele falava muito sobre a igualdade e cooperação no milênio. Mas essa comunidade da Nova Harmonia logo se partiu em duas facções: um líder rival criou outra comunidade. Aí surgiram as disputas sobre a posse da propriedade e forma de governo. Incapazes de resolver a questão, alguns cidadãos formaram um terceiro grupo. Aos poucos a Nova Harmonia se desintegrou.

Os sonhos brilhantes e realidades destroçadas desses idealistas nos deixam uma grande pergunta: poderá haver um dia o Céu na Terra? Este planeta atingirá o ponto de justiça para todos? No livro de Apocalipse temos a clara figura de um milênio durante o qual os justos reinarão com Cristo.

Muitos utopistas têm crido sinceramente que seus esforços pavimentarão a estrada para esse estado ideal, o milênio. De que se trata o milênio? É algo que podemos aguardar? Se quisermos achar as respostas desta questão sobre o Céu na Terra, é melhor começarmos examinando cuidadosamente o que as Escrituras dizem sobre o milênio.

Ao falar sobre o milênio, creio que as pessoas de muitos grupos religiosos desprezam um fato importante na maneira como esboçam os eventos do final dos tempos. Vamos tentar elucidar isto, pois tem muito a ver com o que o milênio pode e não pode ser. Apocalipse 20 é o único lugar na Bíblia onde esse período de mil anos é discutido.

Há dois fatos conhecidos sobre o milênio: primeiro, Satanás será aprisionado durante esse período. E segundo, os santos reinarão com Cristo. Agora, como Satanás será preso, onde os santos reinarão, e o que o ímpio estará fazendo durante este tempo, são questões bastante debatidas.

Para obter algumas respostas, vamos voltar e examinar a cena que Apocalipse apresenta pouco antes de capítulo 20, pouco antes do capítulo 20, pouco antes do milênio. O que acontece em Apocalipse 19? O evento central é este: Um cavaleiro , num cavalo branco, sai do céu; ele é chamado de fiel e verdadeiro, a palavra de Deus; ele está vestido com um manto branco molhado em sangue, e há muitas coroas sobre a sua cabeça. Ora, quem ele lhe parece? Que evento é  descrito? Vamos ver especificamente os versículos 14 e 15 de Apocalipse 19: “E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ele as nações…”

O evento descrito é a segunda vinda de Cristo, Sua vinda em glória com todos os anjos. Aqui temos uma imagem particular daquele evento relacionado ao ímpio que tenta guerrear contra Deus. A besta e o falso profeta ambos aliados do anticristo, são jogados no lago de fogo. E o versículo 21 diz: “Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo…”

Os ímpios são mortos na segunda vinda de Cristo. Está claro que isso inclui todos os ímpios porque o versículo 18 fala dos pássaros consumindo “a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes.”

A figura é de total desolação e destruição na Terra.

O próximo versículo nas Escrituras, começa a descrever o período dos mil anos. Esse é o fato que as pessoas desprezam quando especulam sobre o milênio: todos os que ficaram na Terra estarão mortos, este mundo estará coberto de cadáveres. Isso lhe parece o Céu na Terra?

Falando daqueles que morreram por sua fidelidade a Jesus, João, o revelador, diz, “…e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos.” Apocalipse 20:4

A conclusão é bastante clara: todos os que não estiverem reinando com Cristo morrerão durante o milênio. Eles ressuscitarão somente após o período dos mil anos. E o que acontece no fim? Apocalipse 20 nos mostra Satanás libertado no encerramento do milênio, saindo para reunir as nações, os ímpios que voltaram à vida, e fazendo guerra contra a cidade de Deus. Ele é derrotado, atirado no lago de fogo e  enxofre. Todos os que não forem encontrados escritos no livro da vida experimentarão a segunda morte, a morte eterna.

Entre a vinda de Cristo e Seu última ato de julgamento, todos os ímpios são mortos. Fica difícil imaginar o milênio como um período de justiça, paz e prosperidade na Terra no meio desses cadáveres. Onde então podemos encontrar o bom milênio? Obviamente temos que olhar para aqueles que reinam com Cristo durante esses mil anos. E onde eles reinam? Se os ímpios são destruídos na segunda vinda de Cristo, o que acontece com os crentes fiéis? Paulo descreve a vinda de Cristo em I Tessalonicenses 4:16,17: “…e os que morreram em Cristo, ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficamos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”

Os crentes vão subir. Eles vão estar com Cristo. Eu creio que iremos para o Céu; afinal, é lá que Deus reina, e nós reinaremos com Ele. Mil anos no Céu, cercados por indescritíveis glórias, passando a conhecer Deus como jamais poderíamos imaginar! Ora, isso é um milênio, isso é justiça, isso é paz e prosperidade. amigo, quero lhe dar outra razão pela qual creio que esses mil anos com Cristo ocorrerão no Ceú. Apocalipse 21, fala sobre o que acontecerá após o milênio, após o julgamento final e a destruição final do ímpio. João, o revelador, diz que um novo Céu e uma nova Terra emergirão. ele descreve: “Vi também a cidade santa,a nova Jerusalém, que descia do Céu, da parte de Deus, ataviada como noiva, adornada para o seu esposo.” Apocalipse 21:2.

Aquele assentado no trono naquela cidade diz: “estou fazendo novas todas as coisas.” A cidade santa contendo o trono de Deus desce do Céu para a Terra no encerramento do milênio. Se estivéssemos reinando com Cristo, onde teríamos que passar esses mil anos? Acredito que no Céu.

Amigo, eu não creio que possa haver um milênio na Terra, não estando todos mortos na Terra durante esse período. O milênio é no Céu, onde os santos terão o privilégio de reinar com Cristo. Ora, isso é importante ou é apenas um pequeno detalhe no cronograma de eventos no encerramento da História da Terra? Bem, nossa salvação certamente não depende de uma análise correta do Apocalipse ou de conseguirmos entender todos os símbolos. Nosso atual relacionamento com Cristo não depende disso também. Mas penso que um milênio no Céu me diz algo importante. Ele me diz primeiramente onde olhar; ele me diz onde esperar. Não podemos tentar aprimorar nosso mundo, temos apenas a responsabilidade de melhorá-lo, mas não podemos esperar um paraíso na Terra, não antes do próprio Deus o tornar novo.

Um milênio no Céu também me diz que não existe uma segunda ou terceira chance para aqueles que rejeitam a Cristo nesta vida. Não haverá outros mil anos para nos decidirmos após a volta de Cristo e a ressurreição dos justos. Não! O ímpio morto não ressuscitará até o julgamento final no término do milênio, quando ele tiver que enfrentar sua responsabilidade e a segunda morte. E um milênio no Céu me diz alguma coisa sobre a justiça absoluta de Deus.

Em I Coríntios 6, Paulo afirma que “os santos julgarão o mundo”. Jesus disse alguma coisa parecida com isso. “… quando, na regeneração o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentarei em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.” Mateus 19:28

A que isto pode se referir? Quando vai acontecer? Certamente, nós seres humanos, não podemos decidir o destino de outras pessoas. Bem, eu creio que isto se refere a algo que acontece durante o milênio, durante nossos mil anos de reinado com Cristo. Creio que Deus permitirá examinar os casos de todos aqueles que não foram levados para o Céu. Podemos ter perguntas, podemos conjecturar por que algum primo ou sobrinho que parecia ser tão dedicado e sincero não foi salvo. Deus nos permitirá fazer o papel de juízes quando reinarmos com Ele.

Poderemos estudar os fatos, olhar dentro do que Deus sabe, e termos a certeza de que Ele foi completamente justo quanto ao destino de cada ser humano. Por isso esse julgamento final ocorrerá no período de mil anos. O ímpio não enfrentará o fim enquanto Deus não nos der todas as chances de ver que Seu julgamento é correto e justo.

Creio que isto é uma maravilhosa resposta aos anseios do homem pela maior das justiças, para que as coisas terminem de algum modo justas. Deus quer satisfazer nossos desejos mais profundos, nossos mais altos ideais.

Todos os nossos sonhos de construir uma sociedade perfeita apesar dos pesares, obterão seu cumprimento nesse milênio celestial. Deus nos criou com estes sonhos aninhados no coração. Não podemos aceitar o modo como as coisas estão; o sofrimento e a injustiça não podem ser a última palavra na vida. E Deus diz: “Sim. Tem razão. “Os mil anos de reinado com Cristo no Céu mostram o quanto Deus é bondoso. Ele nos quer Consigo. Ele quer responder todas as nossas perguntas, resolver as mínimas dúvidas, para que a eternidade que passarmos com Ele possa ser de comunhão perfeita e sem manchas. todas as tentativas de se construir paraísos na terra terminaram em tragédia ou em choro. Cada vez mais que investimos nossas maiores esperanças em algum lugar ou evento neste mundo, acabamos sofrendo a amarga decepção. Temos aprendido isso repetidas vezes. As utopias do homem jamais poderão tomar o lugar do único e inabalável  Reino de Deus. Onde está a sua esperança hoje? Onde você está procurando o paraíso? O Deus que morreu no Calvário para salvar você da atual era do mal, está esperando para levá-lo com ele para o Céu. O único e verdadeiro Salvador da humanidade, Jesus Cristo, descerá à Terra nas nuvens de glória. Ele preparou habitações para nós no Céu.

O que quer que você esteja fazendo neste mundo agora, sejam quais forem os desafios que esteja enfrentando, eu oro para que você esteja com o coração voltado para o céu.

Certifique-se de que sua esperança esteja seguramente firme na mais importante das certezas que podemos ter quanto ao futuro: Jesus Cristo está voltando para nos levar para o Céu!

Você está esperando o Salvador? Você está pronto para encontrar o Salvador? Planeje estar entre aqueles que erguerão os braços para saudá-Lo, quando Ele voltar em triunfo; planeje ter o seu verdadeiro lar com o Cristo que breve voltará.