EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO

George Vandeman

Gerações de crianças, ouvindo as aventuras do rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda, têm ficado

ilustrar o tema

sabendo da maior das buscas: A procura do cálice sagrado.

    Esta é uma lenda que realmente nos atrai. Um dos filmes mais famosos dos anos 80, “Indiana Jones e a Última Cruzada”, mostra o herói em perseguição a esse mesmo cálice sagrado, competindo com impiedosos nazistas pelo prêmio. O que é ou era afinal, esse cálice sagrado? De que modo está ligado à vida de Cristo? O cálice alguma vez realizou milagres? Será que algum dia iremos encontrá-lo?

    Cavaleiros em armaduras brilhantes, como Sir Percival e Sir Calahad, partem para encontrá-lo, ou morrem tentando. Durante as cruzadas, um soldado de Gênova chamado Guglielmo afirmou tê-lo descoberto em Cesaréia. E bem mais recentemente, Indiana Jones, o extraordinário arqueólogo dos filmes de Steven Spielberg, lutou para entrar numa caverna misteriosa e teve que escolher o cálice verdadeiro entre uma porção de imitações. O cálice sagrado… possui uma mística incrível, uma incrível força de atração através dos tempos. O que é exatamente esse objeto supostamente milagroso? Existe alguma verdade por trás de todas estas lendas?

    Tradicionalmente, fala-se ter sido o cálice que Cristo usou na Santa Ceia quando disse: “Bebei, este é Meu sangue” no novo testamento não existe nenhum registro cristão primitivo descrevendo este cálice ou dizendo alguma coisa sobre o que teria acontecido com ele. As  notáveis histórias simplesmente começaram a circular.

    O novo testamento fala muitas vezes sobre o sangue de Cristo, seu significado e poder.  Pessoas piedosas ansiaram ter algum contato físico com esse sangue sagrado. O primeiro elo na lenda do cálice sagrado é José de Arimatéia. Ele é mencionado brevemente nos evangelhos como um discípulo rico que pediu a Pilatos o corpo de Cristo após a crucificação. José envolveu o Salvador em lençóis de linho e O colocou num túmulo. Essa é a última menção deste homem nas Escrituras. Mas em escritos posteriores, tal como, o “Evangelho de Nicodemos”  enfeitaram a história.

    José de Arimatéia, dizia-se, haver tomado posse do vaso, o cálice sagrado. Ele foi aprisionado, e depois, miraculosamente libertado. Mais tarde, ele viajou para o Ocidente com seu precioso artefato, chegando à Inglaterra e morrendo em Glastonbury. Outras lendas variam a história.

    Em algumas, o vaso sagrado não é o cálice usado na Santa Ceia, mas uma terrina na qual José recolheu o sangue que vertia do lado de Cristo, quando Ele foi ferido pela lança do centurião. De qualquer modo, a Abadia de Glastonbury incentivou as lendas e tornou-se o centro de um culto ao cálice sagrado.

    Durante muitos anos, peregrinos viajaram para lá, para se aproximarem do cálice sagrado que havia estado próximo do sangue sagrado. Mas outros lugares fizeram reivindicações similares através dos tempos. Alguns estudiosos viram uma ligação entre muitas histórias de cálices e uma seita chamada Albigenses.

    No século 13, essas pessoas fugiram sob perseguição para as montanhas dos Pirineus, no sul da França. Livros têm sido escritos afirmando que o cálice sagrado era uma relíquia dos Albigenses e que o próprio cálice continua escondido em alguma caverna pirinéia. Um grupo francês, próximo de onde os Albigenses viveram, ainda mantém viva essa crença.

    Houve também Guglielmo de Gênova. Ele navegou até a Terra Santa com um exército nas cruzadas em 1099 e participou da captura de Jerusalém. Quando estava em Cesaréia, ele conseguiu adquirir um brilhante cálice de esmeralda que acreditava ser o cálice sagrado.  Algum tempo depois descobriu-se que o cálice era feito de vidro comum.

    Pelo menos três lugares afirmaram possuir  o cálice sagrado: Glastonbury na Inglaterra, as montanhas do Pirineus na França e Gênova na Itália. É claro que não existem provas para apoiar quaisquer dessas afirmações. Mas a mística do cálice sagrado é tão forte que as pessoas querem acreditar; elas anseiam ter algum contato físico com o sangue sagrado e assim fazem peregrinações a estes locais.

    Para entender o apelo do cálice sagrado, é útil ver como o novo testamento fala sobre o sangue de Cristo, e como o próprio Salvador apresentou o Seu sacrifício. O sangue realiza mágica? Existe alguma base no novo testamento para o culto ao cálice? Isto pode surpreender algumas pessoas, mas as Escrituras falam do sangue de Cristo realizando maravilhas.

    O escritor de Hebreus nos fala que o sangue de Cristo “…Purificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo”! Em seguida, o apóstolo João nos assegura que o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado. Pedro proclama que o precioso sangue de Cristo pode nos redimir de um modo de vida vazio, e o apóstolo Paulo escreve que o sangue de Cristo pode aproximar de Deus os alienados e afastados dEle. Estes são de fato milagres e maravilhas.

    O sangue de Cristo é realmente poderoso. Quando os escritores do novo testamento falam deste sangue, estão, é claro, se referindo à morte sacrifical de Cristo na cruz. Ele tomando os pecados do mundo e morrendo em nosso lugar, é isso que quer dizer. Nas Escrituras, o sangue é identificado como vida. Asssim, quando ouvimos a respeito do sangue de Cristo derramado por nós, estamos sendo informados sobre a vida de Cristo dada por nós; o Salvador morrendo em nosso lugar.

    O sacrifício de Cristo, o sangue de Cristo, de fato, opera maravilhas. A questão é, como entramos em contato com este poder?  Como nos aproximamos da mágica?

    Bem, é interessante notar que existe uma outra palavra que é usada de um modo bastante similar ao sangue no novo testamento. Essa palavra é “fé”.

    Você sabia que muitas das coisas que se diz que o sangue faz, a fé também realiza? A fé forma uma parceria com ele. Por exemplo, ao lado da famosa frase, “redimido pelo sangue”, coloque a declaração “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé…” (Efésios 2:8)

    Redimido pela fé. Sim. E salvo através da fé. Somos purificados pelo sangue? Mas somos justificados pela fé. Paulo destaca com ansiedade. Somos levados para perto de Deus pela sangue? Também recebemos a justificação de Deus pela fé. Somos redimidos de um modo de vida vazio pelo sangue? Também recebemos a promessa do Espírito pela fé, vida pela fé, caminhar pela fé, e superar pela fé. A fé e o sangue de Cristo vão de mãos dadas. Por quê? Porque a fé só tem valor quando está focalizada em Cristo, especificamente em Seu sacrifício por nós. E o sangue de Cristo, a vida de Cristo, tornam-se eficazes para nós, nos salvam e nos dão poder, somente se colocarmos nossa fé nEle. É simples assim.

    É pela fé que nos aproximamos do sangue de Cristo. É como tocarmos no cálice sagrado, se assim preferem. E os escritores do novo testamento se esforçam para mostrar que este contato com a maravilha do sangue de Cristo é acessível a todos.

    No capítulo 10 do livro de Romanos, o apóstolo Paulo lida com aqueles que pensam que a salvação é impossível de se obter. E o apóstolo diz que você não tem que subir ao Céu para obtê-la e nem tem que descer às profundezas em sua busca.

    Ó amigo, como encontramos a salvação? Paulo nos responde: “A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. (Romanos 10:8 e 9)

    A salvação está perto de nós. Tão perto quanto o nome de Jesus em nosso lábio, tão perto quanto o Senhor em nosso coração. Longas e difíceis peregrinações não são necessárias. Não temos que viajar até Glastonbury ou Gênova ou para alguma caverna nas montanhas da França para alcançar o cálice sagrado. Está logo ali. Tão próximo de nós quanto a mesa do jantar.

    Você sabia que Jesus nos deixou um serviço memorial para nos mostrar quão perto sua salvação está de nós? É um serviço tão simples quanto o jantar diário que uma família participa junto. Sim. A Santa Ceia.

    Você se lembra que os discípulos estavam reunidos em um cenáculo em Jerusalém para celebrar a páscoa? Jesus sabia que Seus inimigos estavam se aproximando para pegá-lo. Ele breve se separaria dos doze. Sua crucificação seria um terrível provação para eles, pondo em cheque a fé dos mesmos. Como poderia Jesus assegurar a esses homems que Ele ainda estava com eles em Espírito? Como Ele poderia ajudá-los a transformar sua fé em algo visível, tangível? Como poderia assegurar a eles que o grande mistério do Seu sacrifício poderia ser recebido tão clara e simplesmente como um pedaço de pão… da mão para a boca? Como?

    Erguendo-se diante deles, partindo um pão, distribuindo-o, e dizendo: “Tomai e comei, este é Meu corpo, partido por vós”. Em seguida, passando por todos um cálice de vinho e dizendo: “Bebei dele todos, este é o Meu sangue derramado por muitos”. Esta é a Santa Ceia, esta é a maneira de Cristo dizer aos seus seguidores: “Ainda estou com vocês; estou bem perto, tão perto quanto o pão e a bebida em sua mesa”.

    Lucas escreve que, no cenáculo, Jesus disse aos discípulos: “Fazei isto em memória de Mim”. O apóstolo Paulo escreve a mesma coisa em primeira aos Coríntios, citando as palavras do Salvador: “Bebam em memória de mim”. O serviço da comunhão é um modo de lembrar de Cristo, de fazer um memorial de Seu sacrifício, ou como Paulo diz, de “Proclamar a morte do Senhor até a sua vinda”. E o que lembramos quando erguemos o pão e o cálice até nossos lábios? Lembramos quão próxima a salvação se tornou. Jesus traz Seu sacrifício diante de nossos olhos; Ele o coloca em nossas mãos por assim dizer. A que distância? Lembre-se das palavras de Paulo: “Está tão próxima quanto a palavra da fé em nossos lábios, tão próxima quanto a resposta da fé em nosso coração.

    Pessoas têm percorrido distâncias em busca do que crêem ser o cálice sagrado. Elas têm feito longas viagens para ver e talvez tocar nessa grande relíquia. Algumas têm perdido a vida nessa busca. De certo modo, a busca do cálice sagrado é uma das maiores ironias da história: as pessoas vão aos confins da Terra para encontrar o que Jesus tanto se esforçou para colocar na mesa da Ceia.

    Pessoas embarcam em perigosas peregrinações para se aproximarem do que elas poderiam achar em qualquer serviço de comunhão. Não se engane quanto a isto. Existe poder no sangue de Cristo, poder sobrenatural, mas não há nenhuma mágica a descobrir no canto escuro de uma caverna, ou em algum túmulo distante. Descobrimos que ele é realidade no coração humano. O sangue de Cristo faz seu grande impacto quando unido à fé.

    Em uma de suas grandes viagens missionárias pelo território da Inglaterra, John Wesley viajava por Hounslow Heath bem tarde da noite. Ele assustou-se com uma voz zangada gritando:

    – Alto!

    Um homem segurou o cavalo pelas rédeas e ordenou:

    – Seu dinheiro ou sua vida!

    Wesley esvaziou os bolsos. O ladrão não ficou satisfeito com as poucas moedas que conseguiu. Wesley convidou o homem para verificar suas  bolsas de cela. Elas estavam cheias de livros cristãos. Desapontado, o ladrão virou-se para fugir, quando Wesley gritou:

    – Pare! Eu tenho mais uma coisa para lhe dar.

    O homem voltou e Wesley inclinou-se. “Meu amigo”, ele disse de modo solene, “talvez viva a tempo de se arrepender desse tipo de vida… se fizer isso, eu suplico que se lembre disto: “O sangue de Jesus Cristo, o filho de Deus, nos purifica de todo pecado”. O ladrão fugiu apressado sem falar e Wesley seguiu viagem, orando para que as poucas palavras que havia dito pudessem alcançar a consciência do homem. Anos depois, Wesley realizava um culto num domingo à noite em um grande edifício. Quando a reunião terminou e a multidão começou a sair, muitas pessoas ficaram perto das portas para ver o famoso Wesley, agora idoso e grisalho. Um homem forçou passagem através do grupo em direção a ele, dizendo que tinha que falar com o senhor Wesley. Finalmente ele pôde se apresentar. Ele era aquele ladrão que havia tirado algumas moedas do evangelista em Hounslow Heath. Ele disse que agora era um respeitado mercador na cidade, e melhor ainda, era um filho de Deus. As palavras ditas naquela noite a tanto tempo atrás, tinham sido usadas por Deus para levá-lo à conversão. O ex-ladrão tomou impulsivamente a mão de Wesley e a beijou com respeito e afeto. Numa voz repleta de emoção, ele disse:

    – A você, caro senhor, eu devo tudo.

    Wesley replicou suavemente:

    – Não, meu amigo, a mim não, mas ao precioso sangue de Cristo que nos purifica de todo pecado.

    Aquele ladrão havia encontrado o cálice sagrado. Não estava escondido como uma relíquia em algum túmulo exótico. Estava bem à mão o tempo todo… naquelas poucas palavras ditas sobre o que o sangue de Jesus pode fazer. O cálice estava bem próximo, tão perto quanto a confissão nos lábios do homem; tão perto quanto a fé em seu coração.

    Como já disse, a lendária busca do cálice sagrado é bem irônica em certo sentido. Mas existe um sentido no qual essas histórias refletem uma verdade muito importante. Tome, por exemplo, as lendas associadas com o rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda. Aqui, a busca do cálice sagrado se tornou a maior das aventuras dos cavaleiros. Após terem uma visão do cálice passando diante deles, todos os cavaleiros do rei Arthur saíram em busca do verdadeiro. Em suas várias aventuras ao longo da história, muitos se desviaram. Lionel foi tomado de uma fúria assassina, e a certa altura, quase matou seu próprio irmão. Gauvain tinha uma fraqueza por mulheres. Outros chegaram mais próximos do prêmio. A grande busca de Sir Lancelot transformou-se num épico em si mesma. A história da busca do cálice de Sir Percival tornou-se uma fábula de tentação com muito envolvimento, pecado, arrependimento e restauração. Mas o cavaleiro que finalmente descobriu o cálice sagrado em toda a sua glória foi Sir Galahad, o puro e nobre ideal da cavalaria e do romance religioso.

    Ao encontrar a relíquia, ele experimentou uma incrível visão de Deus… e morreu em êxtase. Na verdade, estas são apenas lendas românticas. Mas existe uma verdade que estas histórias refletem. A procura do cálice sagrado é a maior busca da humanidade; não existe uma aventura maior nesta vida; não existe um tesouro mais rico que este para se procurar… o cálice que Cristo nos oferece. Ele vale o sacrifício de tudo. Ele vale a entrega de nossa vida. Não ousemos desprezar este presente porque Deus o trouxe tão perto de nós. Não ousemos trivializá-lo porque ele está tão perto quanto uma palavra de fé em nossos lábios. Ele ainda é o santo, o poderoso sangue de Jesus Cristo. Ainda é imensuravelmente um caro sacrifício.

    Você continuará procurando bem distante o cálice sagrado? Ou você o dispensou por estar tão próximo, tão familiar? Em qualquer um dos casos, eu oro para que você, a partir deste momento, aceite o precioso dom da salvação através do sangue, do sacrifício do filho de Deus. Ele está muito próximo. Se confesse agora mesmo. Deposite a sua confiança neste Salvador que tanto lutou para trazer a salvação até aqui em nossas mãos na mesa da Ceia. Aqui junto a nós, simbolizada pelo pão e o cálice da comunhão Cristo a tornou muito acessível. Basta que aceitemos.

BRAÇOS ABERTOS

Letra e Música: Arinei B. Oliveira

Um homem chorando caminha sozinho

Ele sabe que o tempo já chegou

Carrega nos ombros a amarga tarefa 

De amar aqueles que não têm valor

Abre Seus braços e Se entrega por você

Chora em angústia

Pois não sabe se você vai aceitar o Seu amor

Com os braços bem abertos

Cristo deu a Sua vida

O Seu sangue nos convida a olhar o Seu amor

Quem seria assim capaz de abrir os braços e dizer:”Vem meu filho, Eu preciso de você”!

Com os braços bem abertos

Cristo deu a Sua vida

O Seu sangue nos convida a olhar o Seu amor

“Vem meu filho, vem sem mais te demorar

Com os braços bem abertos

Eu morri pra te salvar

Com os braços bem abertos

Eu estou a te esperar

Talvez algum dia você compreenda

Toda angústia que Ele suportou por você

Jesus poderia cruzar os Seus braços

E deixar a humanidade perecer

Mas Seu amor foi maior que a Sua razão

Pois reconhece

Que sem Ele nossa vida é um mal sem solução 

Gravado por Alessandra Samadello no ABLP.555001 da Gravadora ABBO 

ORAÇÃO

Pai nosso, chegamos a Ti como seres humanos pecadores que precisam de ajuda. Temos estado em constantes buscas que não nos levam a lugar algum. E agora queremos fixar nossos olhos, nossa fé, somente no dom da salvação em Jesus Cristo. Obrigado por morreres por nós perdoando assim os nossos pecados. Obrigado por viveres por nós como Redentor e Rei. Aceitamos esse sangue que nos purifica e colocamos a nossa fé em Ti. Amém.