ONDE ESTAVAS TU?

George Vandeman

    Caminhava eu pela praia. O vento empurrava para trás as grandes ondas. Pensei naquEle que disse ao mar: “Sossegai!” e o mar se aquietou. 

    Observei as nuvens descrevendo uma trilha no céu, equilibrando-se sobre o nada. Então, pensei naquEle que as segura em Suas mãos. Observei os pássaros seguindo em direção ao sul e percebi que é Ele quem lhes ensina o caminho.

    Vi pelo telescópio uma nebulosa veloz e ponderei: como o Criador a colocou em sua órbita precisa? Vi pelo microscópio um minúsculo grão e concluí que o Universo foi projetado por um Mestre em matemática.

    Observei a borboleta em sua delicada beleza. Vi uma rosa se abrir. Ouvi o canto de um pássaro no arbusto. Ouvi um trovão de horizonte a horizonte! Pareceu-me a voz do Criador, fazendo a pergunta que havia feito há muito tempo antes: “Onde estavas quando Eu fiz tudo isso?”

    Provavelmente não existe um modo melhor de acabar com a vaidade de alguém do que fazer algumas perguntas que ele não saiba responder. Perguntas como aquelas feitas pelo próprio Criador a um homem chamado Jó.

    Jó era um homem que tinha tudo: riqueza, popularidade, família e amigos. Quando, de repente, de um só golpe, foi-lhe retirado tudo. Apenas sua esposa ficou e insistia para que ele amaldiçoasse a Deus e morresse.

    Enquanto Jó sentava-se nas cinzas e era tratado de suas feridas, três amigos vieram visitá-lo. Não precisavam se preocupar com o tempo, pois não tinham uma enfermeira para avisá-los que o horário de visitas havia terminado. Então eles se assentaram e assistiram a miséria de Jó durante sete dias sem dizer uma palavra. Quando finalmente falaram, acusaram Jó de ter cometido grandes erros que poderiam ser a causa de tão grande calamidade. Já pensou que confortadores miseráveis?!…

    Aí então, Deus no Céu, Criador do Universo, entrou em um diálogo com Jó. Você o encontrará nos capítulos 38 a 42 do livro que leva o seu nome: Jó. Foi a conversa mais interessante e fascinante já realizada até hoje.

Deus fez a Jó algumas perguntas bastante difíceis.

  Começando pelo versículo 4 até o 7 do capítulo 38, Ele disse: “Onde estavas tu quando Eu lançava os fundamentos da terra? Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam e rejubilavam todos os filhos de Deus?”  – Jó – Deus perguntou – onde estavas tu quando Eu lançava as fundações da Terra, quando fiz tudo existir? Onde estavas tu, então? Quando toda a criação se rejubilava diante da terra recém-formada, Eu pedi a tua orientação? Alguma vez entendeste como fiz isso? Eu criei a terra pela palavra e as estrelas da alva cantavam e assistiam, mas onde estavas tu?

    Então Deus tornou-se mais específico no versículo 16: “Ou entraste tu até as origens do mar ou passeaste no mais profundo do abismo? Jó, o que tu sabes sobre o fundo do mar e as vidas que coloquei lá?” Versículo 22: “Acaso entraste no depósito da neve, e viste os tesouros da saraiva? Jó, consegues explicar a neve na colina?” E voltando-se para o céu Ele pergunta no versículo 31: “Ou poderás tu atar as cadeias do Sete-estrelo, ou soltar os laços do Órion?”

    Naquela época tão distante, Jó não poderia ter entendido o significado dessas perguntas. Fotografias agora revelam que existem duzentas e cinqüenta estrelas nas cadeias do Sete-estrelo, todas à deriva no espaço numa direção comum. Todas juntas voando como um bando de pássaros em direção ao seu alvo. Deus consegue mantê-las juntas. Mas Jó poderia? Ele conseguiria pegar as estrelas e formar o cinturão de Órion? Esta é uma outra história.

    As três estrelas do cinturão de Órion formam uma linha reta quase perfeita. Linha reta para a nossa visão, é claro! Mas elas estão viajando em direções diferentes. Duas delas permanecem eventualmente se aproximando como se formassem uma só, enquanto a terceira vai se afastando de um modo que o cinturão não mais existe.

    Observe agora o versículo 32: ” … ou poderias tu guiar a Ursa com seus filhos?” Como Jó poderia guiar uma estrela? Sabemos agora que a Ursa é um sol fugitivo, correndo através do céu a 68 mil quilômetros por minuto. E Deus pergunta a Jó se ele poderia guiá-la.

    Deus, então, volta-se com outra pergunta (capítulo 39:1): “Sabes tu o tempo em que as cabras montêses têm os filhos?” E ainda outra pergunta bem interessante no versículo 13: “A avestruz bate as asas. Acaso, porém, tem asas e penas de bondade?”

    Charles Darwin afirmou uma vez que o “olho” nas penas do pavão quase lhe dava prostração nervosa porque nada em sua teoria da seleção natural poderia de modo algum explicá-lo. As plumas do avestruz são igualmente notáveis.

    Continua no versículo 19: “Ou dás tu força ao cavalo, ou revestirás o seu pescoço de crinas?”  Eu já tive cavalos e minhas crianças também tiveram um, e sei o que quer dizer. Mas continuando o texto, nos versículos 26 e 27:  … ou é pela tua inteligência que voa o falcão, estendendo as asas para o sul? Ou é pelo teu mandado que se remonta a águia e faz alto o seu ninho?”

    Sabe, os gaviões e as águias têm um modo peculiar de voar que chamamos de planar. O gavião acha um local onde as correntes de ar estão subindo. Aí ele arroja seu corpo para a frente e começa a planar.

     As correntes ascendentes de ar ajudam os seus movimentos. A combinação das duas forças o faz planar, o que de fato é uma queda, e a pressão superior da corrente de ar o ajuda a manter-se movimentando-se em nível. Se a corrente for bastante forte, ela o erguerá.

    A águia cria seus filhotes entre as rochas e eles têm a oportunidade de aprender a voar, como uma criança aprende a andar. Eles precisam voar perfeitamente da primeira vez que deixam seu ninho nas alturas.

    Finalmente, Deus volta-se para o fundo do mar com mais uma pergunta que Jó não consegue responder. Jó 41:1: “Podes tu, com anzol, pegar o crocodilo ou lhe travar a língua com uma corda?” Pescador, o que você me diz? Consegue caçar uma baleia com anzol e linha?

    Evidentemente existem perguntas estarrecedoras no mundo natural. Existem maravilhas, mistérios que a ciência jamais conseguiu entender. Elas só podem ser explicadas através do poder do Criador.

     Por exemplo, vamos considerar o vôo migratório do “garganta branca”, um pássaro da Europa Central. Esse pássaro voa do sul para o leste até chegar ao extremo Mediterrâneo. Aí ele vira e segue para o sul até o território dos lagos na África Central. Por quê?

    Um cientista concluiu que os pássaros devem voar guiados pelas estrelas, e para provar a sua teoria, ele guardou um ninho cheio de ovos, chocou-os e manteve os pássaros em um salão iluminado onde não conseguiam enxergar a luz do dia  nem o céu e as estrelas à noite, até estarem crescidos.  

     Havia um pássaro que ele chamou de Johnny. Quando os pássaros lá fora começaram a migrar, Johnny tornou-se inquieto. Ele foi levado até um planetário, onde em sua redoma, havia os padrões das estrelas iguais aos de fora. Johnny voou através do planetário em direção ao sudeste.

     Na noite seguinte, Johnny foi novamente solto no planetário. Desta vez, o padrão das estrelas era o do Egito. O pássaro voou na direção sul como se estivesse no Egito.

     Na próxima vez, o padrão de estrelas era igual ao das planícies da Rússia, mil milhas a oeste. Johnny mais uma vez voou direto para o Egito.

     Ele maravilhou a todos! Um pássaro que nunca havia visto as estrelas conseguia segui-las com precisão. Que tipo de cérebro ele tem para conhecer padrões de estrelas da primeira vez que as vê? A ciência é incapaz de responder.

    Novamente, uma das coisas mais impressionantes realizadas pela natureza é a colméia. Já ouviram falar da dança das abelhas? O Dr. Harold Clark a descreve: “As abelhas”, diz ele, “enviam olheiros para encontrar novos campos com flores. Quando um deles é localizado, o olheiro enche o seu depósito de mel com néctar e retorna à colméia.     Lá, ele realiza uma curiosa performance. Após dar amostras do néctar a outras abelhas, ele fica bastante excitado, e com todas as abelhas seguindo-o pela colméia, ele faz a figura de um oito através da face da colméia. Um oito perfeito! O ângulo que ele faz na figura do oito indica às outras a direção do campo em relação à posição do sol. Mas, a que distância fica?

    As abelhas enxergam pouco. Elas voam alto e simplesmente não podem sair voando baixo até encontrarem o campo. Elas têm que saber a distância exata a percorrer antes de descerem para a terra.

     Portanto, em cada movimento da figura do oito, o olheiro faz a dança das abelhas balançando seu abdômen. O número de balanços em 15 segundos, informa a distância do campo. Mas o problema não é tão simples quanto parece.

     Um campo com o dobro da distância não será indicado com o dobro de balanços. Mais maravilhoso é o fato de que a distância não é uma questão de simples aritmética, mas um número de aritmética holográfica. Portanto, a abelha usa matemática aérea para dirigir as operárias aos campos de flores.

    Outra vez eu lhe pergunto: que tipo de cérebro elas possuem? A habilidade matemática demonstrada pelas abelhas comuns é tão notável que somente podemos observar e imaginar. Tal performance não consegue nos explicar se existe um Criador? Dificilmente não!

    Ou há algum dentre aqueles a quem Jó lançou um desafio: “Mas pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves do céu e elas to farão saber. Qual entre todos estes não sabe que a mão do Senhor fez isto?”

    Evidentemente existe um Criador. Sem dúvida foi Deus quem ensinou os pássaros a voar, a abelha a dançar. Fez esta Terra exatamente como disse que faria: “Os céus por sua palavra se fizeram e pelo sopro de sua boca o exército deles. Pois Ele falou e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.” Salmo 33:6,9.

    Sim, Deus criou a Terra pelo Espírito da Sua boca, e criou os céus do mesmo modo. Examinem comigo mais uma maravilha da criação. Desta vez, os gigantes do céu. Uma maravilha difícil para a mente humana entender.

    O mundo é grande para nós, mas pense por um momento em Júpiter. Este planeta tem doze vezes o tamanho da Terra. Pense no Sol, com um milhão e trezentas mil vezes o tamanho do nosso pequeno planeta. Imagine o quanto somos microscópicos em comparação com aquela linda estrela alaranjada na constelação de Órion, chamada Betelgeuse.

    Nosso Sol tem 1.384.000 quilômetros de diâmetro, mas Betelgeuse, cujas medidas foram feitas cuidadosamente por computador, tem 560 milhões de quilômetros de diâmetro. Para nos ajudar a entender estes tamanhos imensos, usaremos uma árvore ao lado da figura de um homem.

     Digamos que o homem mede um metro e oitenta. Vamos supor que este homem de 1,80m fosse visitar Júpiter. Lá ele seria proporcionalmente mais alto, pois Júpiter é maior que a Terra. Bem, em Júpiter ele mediria vinte metros. Se ele pudesse visitar um mundo do tamanho do nosso sol, com a altura proporcional, ele mediria 197 metros. Mas, qual seria a altura proporcional dele em um mundo do tamanho de Betelgeuse? Acreditem ou não, ele teria 98 quilômetros de altura. Ele seria mais alto que a altura na qual voam os aviões. Seu dedo indicador mediria 3.400 metros de comprimento; a íris dos olhos teria 161 metros de largura. Ele poderia ser facilmente ouvido ao falar pois sua boca teria a largura de 2.500 metros.

    Não diga a ninguém que o Pr. Vandeman disse que existem pessoas morando em Betelgeuse medindo 98 quilômetros de altura. O que estou tentado fazer é meramente ilustrar o que é um mundo gigante em comparação com os números e tamanhos que entendemos.

    Lembre-se, Betelgeuse é apenas uma das estrelas que avistamos na constelação de Órion. Apenas uma dos bilhões de estrelas do desconhecido universo de que fazemos parte.

     A vasta majestade de tudo estarrece a mente humana. Ao olhar o universo ilimitado de Deus, ficamos maravilhados, ficamos embevecidos, ficamos eufóricos com o que vemos! Mesmo um lampejo na brilhante e veloz distância da luz deixa o homem maravilhado. Mas a vastidão do espaço e a eternidade dos tempos não precisam nos aterrorizar, pois de uma coisa temos certeza: não somos partículas de poeira cósmica em um universo caótico sem propósito ou desígnio. Somos filhos do Deus infinito, o Criador de tudo.

    Uma estrela é grande. O homem é pequeno. Mas o homem é que é o astrônomo. É o homem que pode estudar, computar e apreciar a precisão divina das estrelas. O homem pode fazer o que a estrela não pode fazer. Ele pode pensar!

     Em nosso pequeno mundo, uma montanha é grande e vasta, e comparada a um bebê, ela é gigantesca. Mas um bebê é mais que uma montanha. Um bebê pode amar… O homem é muito mais que uma estrela, pois o homem pode adorar o seu Criador.

    É o milagre dos milagres, a maravilha das maravilhas, é a obra-prima da criação de Deus.

    Você e eu não podemos responder às perguntar que Deus fez a Jó. Talvez não possamos explicar todas as maravilhas da criação ou mesmo entendê-las. Mas, como Jó, podemos ficar confiantes e exclamar: “Eu sei que meu Redentor vive.” Eu sei que meu Criador vive. Deus é nossa ciência e nossa canção.

    O Criador vive! Toda a matéria sabe disso. As estrelas sabem; todo o universo sabe, e um dia, não muito longe no futuro, Jó, você e eu, se escolhermos, nos juntaremos àquele grande coral dos redimidos. Participaremos do coral feliz que ecoa de mundo a mundo e de estrela a estrela.