Quarta de Poder – tema 7
Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por
várias provações, sabendo que a provação de vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter
ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes. Tiago 1:2-4
“As provações da vida são obreiras de Deus, para remover de
nosso caráter impurezas e arestas. Penoso é o processo de
cortar, de desbastar, aparelhar, lustrar, polir… O Mestre não
efetua trabalho assim cuidadoso e completo com material
imprestável. Só as suas pedras preciosas são polidas, como
colunas de um palácio” (Beneficência Social, p. 20).
INTRODUÇÃO
GÊNESIS 22:1-8
Esta é uma das histórias mais lindas da Bíblia e com certeza há
grandes ensinamentos nela. Quando Abraão recebeu o chamado
de Deus para sair de sua terra e ir para uma terra que ele desconhecia, ele se matriculou na “escola da fé”, ele tinha 75 anos de idade (Gn 12:4).
Quando Isaque nasceu, ele já tinha 100 anos (Gn 21:5), e quando
Deus o submeteu à maior prova de sua vida, a Bíblia não diz sua
idade, mas Ellen White, no livro Patriarcas e Profetas, diz que ele já
havia atingido a idade de 120 anos. Era considerado um homem
idoso, mas ainda continuava passando por experiências intensas.
Alguém escreveu: “Nunca somos velhos demais para enfrentar
novos desafios, para lutar novas batalhas e para aprender novas
verdades. Quando paramos de aprender, deixamos de crescer, e
quando deixamos de crescer, paramos de viver”.
Já idoso, Abraão viveu a mais intensa prova de fé e obediência que
um homem já fora chamado a suportar.
“Seres celestiais foram testemunhas daquela cena em que
a fé de Abraão e a submissão de Isaque foram provadas. A
prova foi muito mais severa do que aquela a que Adão havia
sido submetido” (Patriarcas e Profetas, p. 103).
Isso porque a proibição imposta aos nossos primeiros pais não
envolvia sofrimentos; mas a ordem dada a Abraão exigia o mais
angustioso sacrifício.
Com essa história, aprendemos três importantes coisas:
I – DEUS PROVA QUEM ELE AMA
GÊNESIS 22:1
“Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova […].”
Vamos entender melhor essa declaração!
Ao longo de sua vida, Abraão teve sua cota de provas. Em algumas,
ele foi aprovado, em outras, ele foi reprovado.
Quando Deus o chamou e estabeleceu com ele um concerto, Deus
pediu que ele saísse de sua terra e fosse para uma terra desconhecida. Ele obedeceu (Gn 12:1). Porém, logo em seguida, ele vacilou em sua fé e confiança em Deus quando mentiu para o faraó do Egito (Gn 12:10) e para Abimeleque, rei de Siquém (Gn 20:2), dizendo
que Sara era sua irmã.
Também fracassou em confiar na promessa de que Deus lhe daria
um filho, mesmo em sua velhice. Mas, quando o filho da promessa
nasceu e se tornou jovem, a Bíblia diz que Deus o provou.
Qual foi a razão disso?
Três citações do Espírito de Profecia nos ajudam a entender melhor o motivo dessa prova:
“Porquanto Abraão mostrara falta de fé nas promessas de
Deus, Satanás o acusara perante os anjos e perante Deus
de ter deixado de satisfazer as condições do concerto, e de
ser indigno das bênçãos do mesmo concerto. Deus desejou provar a lealdade de Seu servo perante o Céu todo, para demonstrar que nada menos que perfeita obediência pode
ser aceito, e para patentear de maneira mais ampla, perante
eles, o plano da salvação” (Patriarcas e Profetas, p. 103).
Por trás de uma prova, estão muitos propósitos de Deus.
Tinha sido difícil, mesmo para anjos, aprender o ministério
da redenção, isto é, compreender que o Comandante do Céu,
o Filho de Deus, devia morrer pelo homem culposo. Quando
foi dada a Abraão a ordem para oferecer seu filho, isto assegurou o interesse de todos os entes celestiais […] e quando a mão do pai foi detida estando a ponto de matar seu filho, e
fora oferecido o cordeiro que Deus provera em lugar de Isaque, derramou-se então luz sobre o mistério da redenção […]. (Patriarcas e Profetas, p. 104 – grifo acrescentado).
Através dessa prova, Deus estava querendo desvendar de maneira
mais ampla perante todo o Céu, o grande plano da salvação.
“Foi para impressionar o espírito de Abraão com a realidade
do evangelho, bem como para lhe provar a fé, que Deus o
mandou matar seu filho. A angústia que ele sofreu durante
os dias tenebrosos daquela terrível prova, foi permitida para
que compreendesse por sua própria experiência algo da
grandeza do sacrifício feito pelo infinito Deus para a redenção do homem” (Patriarcas e Profetas, p. 103).
Em Gálatas 3:8, o apóstolo Paulo nos diz que, através dessa prova,
Deus “preanunciou o evangelho a Abraão”.
E falando aos Judeus, Cristo fez uma extraordinária declaração:
“Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se” (Jo 8:56).
Se o Senhor prova quem Ele ama, não murmure diante das provas,
mas procure entender as lições que Deus está querendo lhe ensinar.
Muito cuidado para não atribuir ao inimigo aquilo que pode estar
sendo uma obra de Deus em sua vida.
“As provações da vida são obreiras de Deus, para remover de
nosso caráter impurezas e arestas. Penoso é o processo de
cortar, de desbastar, aparelhar, lustrar, polir… O Mestre não efetua trabalho assim cuidadoso e completo com material imprestável. Só as suas pedras preciosas são polidas, como colunas
de um palácio” (Beneficência Social, p. 20 – grifo acrescentado).
“Cristo não lança em Sua fornalha pedras sem valor. É o minério
valioso o que Ele prova” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 136).
Aprenda a distinguir entre “provações” e “tentações”.
“As tentações são usadas pelo inimigo para estimular o que há de
pior em nós, mas as provações são usadas por Deus para extrair o
que há de melhor em nós.”
As provas de Deus são feitas sob medida para cada um de Seus
filhos.
Nem todos os cristãos passam pelas mesmas provas de fé.
II – O CRISTÃO NÃO VIVE DE EXPLICAÇÕES, MAS DE
PROMESSAS
GÊNESIS 22:3-5
“Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado
o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque seu filho; rachou a lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado. Ao terceiro dia, erguendo
Abraão os olhos, viu o lugar de longe. Então disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós.”
Essa foi a viagem mais silenciosa que Abraão fez ao lado de seu
filho Isaque.
Aqueles foram os três dias mais longos da vida de Abraão.
Enquanto seus servos e Isaque dormiam naquelas duas noites, Ellen White diz que Abraão passou as noites em oração e humilhação perante Deus, esperando que algum mensageiro celeste fosse
enviado com alguma resposta, mas nenhum sinal lhe veio do Céu.
Aos seus ouvidos, Satanás estava sugerindo que ele devia estar
enganado, pois a lei divina ordenava: Não matarás, e Deus não poderia exigir o que uma vez proibira.
Porém, ao terceiro dia, erguendo os olhos, ele viu “o lugar de longe”.
Ele viu uma nuvem de glória pairando sobre o monte Moriá e compreendeu que ali era o lugar e que Deus o estava esperando para o sacrifício.
Nossa fé não é verdadeiramente testada até que Deus nos peça
para suportar aquilo que parece insuportável e para esperar aquilo
que parece impossível.
• Olhe para José na prisão.
• Olhe para Moisés e Israel diante do Mar Vermelho.
• Olhe para Davi dentro da caverna.
• Olhe para Jesus no calvário.
A lição é a mesma: O cristão não vive de explicações, mas de promessas.
Quando vemos Abraão dizendo aos seus servos “Esperai aqui, com
o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos
para junto de vós” (Gênesis 22:5), ele confiou que o mesmo Deus que
cumpriu Sua promessa dando-lhe o herdeiro seria capaz de ressuscitá-lo, devolvendo-o aos seus braços (ver Hebreus 11:17-19).
Normalmente, quando o Senhor nos envia uma provação, nossa primeira reação é perguntar: “Por que Senhor?” E depois: “Por que eu?”
Queremos explicações de Deus. Não se esqueça: não vivemos de
explicações, mas de promessas!
Deus sempre terá motivos para nos enviar Suas provas.
1 PEDRO 1:6-9
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que,
uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a
quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora,
mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,
obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.”
TIAGO 1:2-4
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes
por várias provações, sabendo que a provação de vossa fé,
uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.”
“A fé não exige explicações; ela descansa nas promessas.”
III – O SENHOR NUNCA DEIXARÁ DE PROVER ÀS NOSSAS
NECESSIDADES
GÊNESIS 22:6-8
“Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo.
Assim caminhavam juntos. Quando Isaque disse a Abraão,
seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho!
Perguntou-lhe Isaque: eis o fogo e a lenha, mas onde está o
cordeiro para o holocausto? Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto […]”
Ao dizer a Isaque “Meu filho, Deus proverá”, Abraão não estava confiando em seus sentimentos. Se estivesse confiando em seus sentimentos, ele teria dado meia volta e retornado.
O Senhor nem sempre satisfaz nossos desejos, mas Ele nunca deixa
de prover nossas necessidades. Esteja certo de que essa provisão
vem no dia e hora certa, nem um minuto adiantado ou atrasado.
Paulo nos diz:
HEBREUS 4:16
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça
para socorro em ocasião oportuna.”
GÊNESIS 22:9-14
“Chegaram ao lugar onde Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha; e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. Mas do céu
lhe bradou o Anjo do Senhor: Abraão! Abraão! Ele respondeu:
Eis-me aqui! Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o
rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus,
porquanto não me negaste o filho, o teu único filho. Tendo
Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso
pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o
ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho. E pôs Abraão
por nome àquele lugar – O Senhor Proverá. Daí dizer-se até o
dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.”
Algumas citações no livro Patriarcas e Profetas, página 101, nos
impressionam:
• “Foi com terror e espanto que Isaque soube de sua sorte;
mas não opôs resistência.”
• “Com ternura procurou aliviar a dor do pai, e auxiliou lhe as mãos
desfalecidas a amarrarem as cordas que o prendiam ao altar.”
• “E agora as últimas palavras de amor são proferidas, as últimas lágrimas derramadas, o último abraço dado.”
GÊNESIS 22:13
“Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro
preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho.”
O Senhor nunca deixa de prover tudo aquilo que necessitamos.
CONCLUSÃO
“Nas provas da vida, há sempre um depois, pois Deus nunca desperdiça o sofrimento.”
Abraão recebeu várias bênçãos de Deus por causa de sua fé obediente:
1- Recebeu uma nova aprovação de Deus – “Agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste, o teu único filho” (Gn 22:12).
2- Recebeu de volta um novo filho. Isaque e Abraão tinham estado no altar juntos, e Isaque passou a ser um “sacrifício vivo”.
3- Recebeu de Deus novas garantias. “[…] certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos
seus inimigos, nela serão benditas todas as nações da terra”
(Gn 22:17).
4- Abraão descobriu um novo nome para Deus – “Jeová-Jiré”,
“o Senhor proverá”.
Charles Spurgeon dizia: “As promessas de Deus nunca brilham
com tanta intensidade quanto na fornalha da aflição”.
Abraão saiu dessa provação com um amor mais profundo pelo
Senhor.
Durante as provações, é fácil apenas pensar em nossas necessidades e em nossos fardos, e muitas vezes pegamo-nos perguntando:
Como posso sair dessa situação? O certo seria perguntar: O que
posso aprender com isso de modo a honrar ao Senhor?
Não sei qual tem sido ou foi sua maior prova, mas, não se esqueça
de que todos nós temos um monte Moriá em nossa vida. O Senhor
está esperando por você no monte Moriá!