Tudo é possível ao que crê. Marcos 9:23
“Nosso Pai celestial está desejoso de derramar sobre nós a
plenitude de Suas bênçãos… Que pensarão os anjos do Céu, a
respeito dos pobres e desamparados seres humanos, sujeitos
à tentação, quando o coração de Deus, pleno de infinito amor,
se inclina anelante para eles, pronto para lhes dar mais do
que sabem pedir ou pensar, e contudo, oram tão pouco, e tão
pouca fé exercem!” (Caminho a Cristo, p. 94).
SERMÃO 3
Um fracasso sempre deixa um sentimento muito ruim dentro de
nós. E por mais que as pessoas lhe digam “Fique tranquilo. A vida
é assim mesmo. Um dia a gente ganha, outro dia a gente perde”, o
sentimento de fracassar é muito ruim, independentemente da área
de nossa vida na qual fracassamos.
É por isso que geralmente gostamos de contar apenas histórias de
sucesso e quase nunca contamos histórias de fracassos.
Porém, aprendemos muito com nossas histórias de fracassos, porque elas nos fazem refletir, e essa reflexão nos leva muitas vezes a retomar nosso caminho em outra direção, e muitas vezes nos
tornamos mais fortes e resilientes.
Quem nunca fracassou em algum processo da vida?
A história que vamos estudar hoje, não é uma história de sucesso,
mas é uma história de fracasso, que nos faz pensar em coisas muito importantes em relação a nossa fé.
MARCOS 9:14-29
Esta história aconteceu logo após Jesus descer do monte da transfiguração com Pedro, Tiago e João.
Embora essa mesma história tenha sido registrada por dois outros
Evangelhos (Mateus 17:14-23; Lucas 9:37-45), o relato de Marcos
é o mais longo e o mais cheio de detalhes, e através dele percebemos várias cenas muito interessantes:
1- Uma grande multidão, cercada por um grupo de escribas que
aparentemente insultavam os discípulos pelo fracasso deles
em não conseguir libertar aquele menino da possessão.
2- Um pai que, ao se aproximar de Jesus, demonstra toda sua
decepção com os discípulos, dizendo a Jesus: “Trouxe-te o
meu filho possesso. […] Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.”
3- O diálogo entre aquele pai e Jesus e a libertação que Jesus
traz ao seu filho.
4- Os discípulos buscando Jesus em particular e Lhe perguntando o porquê eles fracassaram.
Cada uma dessas cenas nos leva a profundas reflexões, porém,
hoje vamos focar nossas considerações em duas cenas: no diálogo de Jesus com aquele pai e em Sua conversa em particular com
Seus discípulos.
Através desses diálogos, vamos compreender dois importantes
conceitos a respeito da fé.
I – DEUS NÃO É LIMITADO POR NOSSA FALTA DE FÉ,
MAS NOSSA CAPACIDADE DE RECEBER É LIMITADA
PELA AUSÊNCIA DA FÉ
MARCOS 9:21-23
“Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto
lhe sucede? Desde a infância, respondeu; e muitas vezes o
tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu
podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao
que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que
crê. E imediatamente o pai do menino exclamou: Eu creio!
Ajuda-me na minha falta de fé.”
Existem dois detalhes muito interessantes nesse diálogo!
O primeiro é quando o pai diz para Jesus: “Se tu podes alguma coisa”!
Com essas palavras, ele expressa claramente dúvidas quanto
ao poder de Jesus!
O segundo é quando Jesus ao ouvir suas palavras, imediatamente
lhe diz: “Tudo é possível ao que crê”.
Esse diálogo é extraordinário, porque revela toda a fragilidade humana. Ele revela como muitas vezes nossas dúvidas e incertezas
limitam o poder de Deus em nossa vida.
Quando o pai disse “Se tu podes alguma coisa”, Jesus entendeu
seu sofrimento e percebeu que ele era sincero.
Há quanto tempo ele vinha carregando esse fardo? Há quanto tempo ele vinha tentando ajuda para seu caso? E o pior: quando achou
que ficaria livre ao procurar os discípulos de Jesus, ele se decepcionou. Jesus entendeu tudo isso!
É por isso que Jesus imediatamente disse: “Tudo é possível
àquele que crê!”
Por certo, ele nunca tinha ouvido palavras como essas. Então, imediatamente ele disse: “Eu creio”.
Quando ele disse “Eu creio”, Jesus sabia que ele estava sendo sincero, mesmo que ele ainda tivesse em seu coração dúvidas e temores. Porém, Jesus sabia que ele estava demonstrando toda a fé que
era possível ter naquele momento.
O que isso significa para nós?
Significa que nossa falta de fé não limita Deus. Ele continua sendo
um Deus todo poderoso, capaz de realizar todas as coisas. Porém,
minha falta de fé limita minha capacidade de receber todas as bençãos que Deus tem para me oferecer.
Quantas vezes achamos que, pelo fato de estarmos envoltos por
medos e dúvidas, Deus não vai nos ouvir nem nos atender.
Ele compreende cada circunstância de nossa vida e sabe tudo que
envolve cada situação que enfrentamos.
O que Ele avalia é se, mesmo em meio a algumas dúvidas e temores, nós somos capazes de crer que Ele é capaz não apenas de nos
conceder o que necessitamos, como também transformar nossa
incredulidade em uma fé firme e viva.
Em outras palavras, a resposta de Jesus àquele pai foi: Deus não
está limitado por sua falta de fé, mas, se simplesmente crer, você
estará apto para receber as bênçãos de Deus.
“Nosso Pai celestial está desejoso de derramar sobre nós a
plenitude de Suas bênçãos… Que pensarão os anjos do Céu,
a respeito dos pobres e desamparados seres humanos, sujeitos à tentação, quando o coração de Deus, pleno de infinito amor, se inclina anelante para eles, pronto para lhes dar
mais do que sabem pedir ou pensar, e, contudo, oram tão
pouco, e tão pouca fé exercem!” (Caminho a Cristo, p. 94).
Como podemos desenvolver melhor nossa fé? Como podemos nos
libertar de nossos medos e nossas inseguranças espirituais?
OUVINDO A PALAVRA DE DEUS
ROMANOS 10:17
“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra
de Cristo.”
Quando estudamos a Bíblia, descobrimos que a fé é um dos dons
mais enfatizados em toda a Bíblia. Isso acontece porque a fé é o
caminho para recebermos todos os outros dons.
• Os enfermos são curados pela fé (Mt 9:22);
• Somos salvos mediante a fé (Ef 2:8);
• Somos justificados pela fé (Rm 3:28);
• Carregamos o escudo da fé (Ef 6:16);
• O justo vive pela fé (Rm 1:17);
• No fim, aquilo que mais conta é a fé que atua pelo amor (Gl 5:6).
A importância de ouvirmos e lermos a Palavra de Deus é que a Bíblia nos leva a fatos, e esses fatos alicerçam nossa fé.
Muitos não leem a Bíblia e baseiam sua fé apenas em sentimentos.
“Muitos estão em busca de emoções tais como explosões
de júbilo e maravilhosas comoções espirituais; e se não as
experimentam, ficam desalentados. Na realidade, a unção
do Espírito Santo não tem que ter aparência extraordinária…
Realidade, fé, sentimento, eis a ordem de Deus” (A Vinda do
Consolador, p. 154).
Primeiro vem o fato: escolhemos crer; depois, a fé se desenvolve
baseada na Palavra de Deus; por fim, vem o sentimento que se desenvolve de uma fé tranquila.
ORANDO
Precisamos desejar e suplicar!
“Senhor, ajuda-me na minha falta de fé!”
Orar nos ajuda a ter mais intimidade com Deus e a confiar mais Nele.
Quando oramos, o Espírito Santo nos ajuda e fortalece nossa fé.
JUDAS 1:20
“Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo.”
Em suas orações, escolha crer em Deus, conte suas dúvidas a Ele e
creia que Ele tem a resposta. Não desista de orar! Deus vai ajudá-lo
a ter mais fé.
Devemos orar até que nossos desejos se submetam à vontade de Deus.
“Por que deveriam os filhos e filhas de Deus ser tão relutantes
em orar, quando a oração é a chave nas mãos da fé para abrir
os depósitos do Céu onde se acham armazenados os ilimitados recursos da Onipotência?” (Caminho a Cristo, p. 94).
TORNANDO-SE PRATICANTE DA PALAVRA
TIAGO 1:22-25
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes,
enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da
palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei
da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas
operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.”
A fé não é apenas uma coisa que sentimos. Ela afeta nossos pensamentos e ação.
Você não precisa ver montanhas se movendo para ver sua fé aumentar. Você pode realizar outras coisas menores:
• Declare sua fé em Jesus mesmo quando você não vê solução;
• Procure respostas para suas dúvidas, pedindo sabedoria a Deus;
• Enfrente seus medos, crendo que Jesus está com você o caminho todo;
• Lembre-se de tudo que Deus já fez por você e por pessoas
que você conhece.
Vamos voltar a história!
Se nossa capacidade de receber é limitada pela ausência da fé,
por que não buscamos mais esse dom em nossa vida, através da
Palavra de Deus, da oração e da prática da Palavra?
Embora a história não diga mais nada a respeito daquele pai, eu tenho
certeza de que após seu filho ter sido liberto, todas as suas dúvidas
e temores desapareceram e deram lugar a uma fé firme e confiante.
É isso que Deus quer fazer conosco.
O segundo conceito de fé que essa história nos ensina é:
II – A FÉ QUE SUSTENTA É UMA FÉ ALIMENTADA
Após o fracasso, Marcos diz que, quando Jesus e Seus discípulos
entraram em casa, provavelmente na casa de Pedro em Cafarnaum
(Mc 9:28), em particular eles lhe perguntaram: “Por que não pudemos nós expulsá-lo?”
Então Jesus vai direto ao ponto e lhes diz: “Esta casta não pode
sair senão por meio de oração”.
Os discípulos entenderam essas palavras e perceberam que, embora
estivessem ao lado de Jesus, vendo Seus milagres e acompanhando
de perto Seu ministério, eles não estavam tendo uma vida de oração e
comunhão como deveriam ter, e essa atitude enfraqueceu a fé deles.
Veja esta descrição de Marcos 6:12, 13: “Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse; expeliam muitos demônios e
curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo”.
Quem eram esses? Eram os mesmos discípulos que pouco tempo
depois tiveram que enfrentar uma vergonhosa derrota.
O que determina o tamanho e a força de nossa fé não é o tempo
de batismo, nossa titulação eclesiástica ou nossa função na igreja.
O que determina o tamanho e a força de nossa fé é o tempo que
passamos na presença de Deus.
“Os cristãos, em sua maioria, alimentam o corpo com três
refeições quentes por dia, e seu espírito, com um único lanche frio por semana, e depois se perguntam por que estão tão fracos na fé. Alimente a sua fé todos os dias!” (Kenneth
E. Hagin)
A fé que sustenta é uma fé alimentada.
“O tempo de agonia e angústia que diante de nós está exigirá
uma fé que possa suportar o cansaço, a demora e a fome
– fé que não desfaleça ainda que severamente provada.” (O
Grande Conflito, p. 621).
Cada vez que nossa fé é testada e fracassamos, Satanás triunfa!
“Os membros da igreja serão individualmente provados. Serão
colocados em circunstâncias em que se verão forçados a dar
testemunho da verdade. Muitos serão chamados a falar diante de concílios e em tribunais de justiça, talvez separadamente
e sozinhos. A experiência que os haveria ajudado nesta emergência, negligenciaram obter, e sua alma se acha opressa de
remorsos pelas oportunidades desperdiçadas e os privilégios
que negligenciaram” (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 164).
O que precisamos fazer é fortalecer nossa fé hoje. Não pode haver
vitória sem o exercício da fé!
1 João 5:4, “[…] e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé […]”.
O sentido é claro: pela fé, alcançamos a vitória sobre o mundo, sobre as tentações e sobre toda espécie de obstáculo à vida cristã.
A Torre de Pisa na Itália é conhecida mundialmente por sua inclinação. Se não fosse isso, ela seria uma torre como outra qualquer,
com seus quase 60 metros de altura.
Sua construção começou no ano de 1173 e foi concluída cerca de
200 anos mais tarde.
É uma torre de sete andares e um oitavo que abriga vários sinos.
Já durante a construção, a torre começou a ceder. Hoje, quase 700
anos depois, sua inclinação é de 5,5 graus na direção sul, levando
o sétimo andar a se projetar aproximadamente 4,5 metros sobre o
primeiro.
Eles estão fazendo todo o possível para manter a torre, mas logo
no início da construção o terreno começou a ceder, porque a base
dele é de argila e areia.
Como a Torre de Pisa, corremos o risco de tombar e fracassar por
não construir nossa experiência cristã em terreno firme.
Não basta apenas termos o nome de cristãos; precisamos de uma
fé robusta que nos sustente nos momentos de pior crise que teremos que enfrenta