“O mundo não está sem um governante”, diz a escritora Ellen G. White
Por Josanan Alves 27 de maio de 2022
No texto anterior, iniciei uma série com base em meu livro, Herdeiros do Reino, lançado pela Casa Publicadora Brasileira (CPB). Baseado no livro bíblico de Daniel, apresento lições que extraí dele para minha vida. Abaixo, compartilho com você uma versão resumida do segundo capítulo. Caso ainda não tenha lido o primeiro, acompanhe-o aqui.
Alguns estudiosos têm dedicado anos de estudo e pesquisa tentando provar que a maioria dos eventos narrados no livro de Daniel não são verdadeiros, que nunca existiu um Daniel, e que os acontecimentos que são verdadeiros, como a conquista de Judá por Nabucodonosor, não passam de eventos comuns sem nenhuma intervenção divina.
Se você perguntar a um historiador cético a opinião dele acerca do livro de Daniel e da conquista de Jerusalém por Babilônia, a resposta que ouvirá será mais ou menos essa: “Em 605 a.C. um evento muito comum para a época aconteceu. Foi algo que conhecemos como a lei do mais forte, em que o poderoso e ascendente reino da Babilônia, com um incrível poder militar, invadiu e conquistou a pequena e decadente nação de Judá.”
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Com o mesmo pensamento, essa pessoa dirá que “o rei de Judá irritou Nabucodonosor ao procurar se insurgir ao império babilônico. Assim, Nabucodonosor, que possuía um absoluto poder militar, sitiou e tomou a cidade de Jerusalém e o rei de Judá se tornou um vassalo. Em seguida, Nabucodonosor começou a primeira deportação de exilados para a Babilônia, e algum tempo depois ele destruiu o templo e a cidade de Jerusalém.”
“Na verdade”, diria esse historiador, “um acontecimento sobrenatural seria se Judá tivesse derrotado a Babilônia. Mas o que ocorreu foi uma conquista comum para a época, sem nenhuma manifestação divina. E qualquer explicação contrária a isso seria acreditar em um mito de uma tribo, que nem poderia mais ser chamada de nação, descendente do que um dia havia sido o pequeno reino de Israel.”
Para os céticos, o templo de Jerusalém não passava de um simples edifício, Judá não passava de uma simples tribo e os utensílios roubados do templo não passavam de simples criações humanas. E os eventos narrados no capítulo 1 de Daniel, em que Nabucodonosor levou, praticamente sem resistência, os utensílios sagrados para a Babilônia e vários judeus como exilados, seriam mais uma prova dessa teoria.
Mas se você pudesse perguntar a Daniel por que o reino de Judá foi conquistado pela Babilônia, a resposta dele seria: “O Senhor entregou nas mãos de Nabucodonosor a Joaquim, rei de Judá” (Daniel 1:2).
História individual
Intencionalmente, Daniel decidiu começar o seu livro omitindo informações interessantes, como a sua infância em Jerusalém, quem eram os seus pais, qual era a ligação dele com Hananias, Misael e Azarias (Sadraque, Mesaque e Abede-Nego) e a realidade política de Judá antes da deportação dos habitantes de Jerusalém para a Babilônia. Daniel vai direto ao que ele considera o essencial para a compreensão do seu livro: Deus é soberano e o desenrolar da história está completamente sob a direção divina. Se você não entender esse ponto, não irá compreender o livro de Daniel.
Sabe, em todo o tempo essas são as duas maneiras de ver a história da humanidade e a nossa história individual. Podemos crer que o acaso está dirigindo a nossa vida ou podemos crer que há um Deus soberano, poderoso e interessado em nossa existência. Daniel escolheu a segunda opção e ele deixou isso bem claro já no início do seu livro. Ele decidiu não olhar para si mesmo como uma vítima do acaso. Três vezes, mesmo em meio ao caos do exílio, ele conseguiu enxergar a ação soberana de um Deus poderoso.
A primeira é no verso que vimos acima. Daniel está afirmando que havia um soberano maior do que Nabucodonosor e que esse soberano estava entregando a nação nas mãos da Babilônia. Daniel demonstra essa mesma confiança na soberania divina ao afirmar no verso 9: “Deus deu a Daniel favor e misericórdia perante o funcionário responsável” (Daniel 1:9), e novamente no verso 17, ao dizer que “Deus deu a estes quatro jovens conhecimento e compreensão” (Daniel 1:17).
No verso dois, Daniel afirma que Deus é soberano na história da nação, e nos versos 9 e 17, ele afirma que Deus é soberano em sua vida particular e na vida dos seus três amigos. A deportação para a Babilônia, a bondade que os funcionários do rei demonstraram a Daniel e seus amigos, o destaque que eles tiveram nos estudos, tudo isso era visto por Daniel como manifestação das ações de Deus em sua vida e história. É assim que devemos olhar para a nossa vida. Há um Deus em nossa história. Ele está trabalhando em favor dos Seus filhos, e mesmo as circunstâncias difíceis da vida podem ser vistas sob a ótica da ação e da direção divinas.
História humana
Por esse motivo, a primeira observação que Daniel faz sobre Deus em seu livro é que Ele está envolvido na história humana. As perguntas que temos que fazer neste momento são: como Daniel conseguiu ter esperança em meio ao caos? Como ele conseguiu ser fiel a Deus nessas circunstâncias? Eu acredito que a resposta é a seguinte: Daniel tinha completa segurança na soberania de Deus. Em meio ao caos, Deus continuava soberano e ele continuava fiel a esse Deus poderoso, atuante e presente.
Precisamos entender que a nossa infidelidade vem da perda da percepção da soberania de Deus. Como posso ser fiel na guarda do sábado, se estou a ponto de perder o emprego e não creio na absoluta soberania divina para cuidar da minha família? Como posso ser fiel na devolução dos dízimos e das ofertas, se tenho uma conta para pagar e não creio na capacidade divina de manter a minha subsistência? Como posso enfrentar tempestades em paz, se não creio que Deus está dirigindo o barco da minha vida? Você entende? Só a completa segurança na soberania de Deus pode me levar a agir de maneira fiel, mesmo que tudo ao meu redor grite dizendo que o caminho da infidelidade é o mais seguro. Artigo anterior
Josanan Alves
Primeiro Deus
Histórias e provas de fidelidade a Deus em todos os momentos e circunstâncias da vida.
Josanan Alves de Barros Júnior é formado em Teologia. É o atual diretor do departamento de Mordomia Cristã da sede sul-americana da Igreja Adventista. @JosananAlves