A parábola dos talentos devidamente compreendida, excluirá a
cobiça, que Deus chama de idolatria. — Testemunhos Seletos 1:365.
Deus tem concedido talentos aos homens — um intelecto para
inventar, um coração para ser o lugar de Seu trono, afeições que
extravasem em bênçãos para outros, uma consciência para convencer
do pecado. Cada um tem recebido algo do Mestre, e devem todos
fazer sua parte em suprir as necessidades da obra de Deus.
Deus deseja que Seus obreiros olhem para Ele como o Doador
de tudo que possuem, que se lembrem de que tudo o que têm e são
vem daquele que é maravilhoso em conselho e grande em obra. O
delicado toque da mão do médico, seu poder sobre os nervos e os
músculos, seu conhecimento do delicado organismo do corpo, são a
sabedoria do poder divino, para ser usada em prol da humanidade
sofredora. A habilidade com que o carpinteiro usa o martelo, a força
com que o ferreiro faz retinir a bigorna, vêm de Deus. Ele tem
confiado talentos aos homens, e deseja que O procurem em busca
de conselho. Poderão assim usar-Lhe os dons com infalível aptidão,
testificando que são coobreiros de Deus.
A propriedade é um talento. Deus envia a Seu povo a mensagem: “Vende tudo quanto tens e dá esmolas.” Tudo que temos é, sem dúvida alguma, do Senhor. Ele nos pede que despertemos, para levar uma parte do fardo de Sua causa, a fim de que Sua obra possa prosperar. Todo cristão deve desempenhar sua parte como mordomo fiel. Os métodos de Deus são judiciosos e certos, e devemos negociar com nossas moedas e notas devolvendo-Lhe nossas ofertas voluntárias, para manter Sua obra, para levar pessoas a Cristo. Grandes e pequenas somas devem fluir para o tesouro do Senhor. […]
A fala é um talento. De todos os dons concedidos à família humana, nenhum outro deve ser mais apreciado que o dom de falar.
Deve ser usado para declarar a sabedoria e o maravilhoso amor de
Deus. Assim devem os tesouros da Sua sabedoria e da Sua graça ser
comunicados.
Quando o Salvador em nós habita, as palavras O revelam. Mas
o Espírito Santo não habita no coração daquele que se impacienta
quando os outros não concordam com suas idéias e planos. Dos
lábios de tal homem saem palavras fulminantes, que afugentam o
Espírito e desenvolvem atributos satânicos, em vez de divinos. O
Senhor deseja que os que estão ligados a Sua obra falem, a todo [73]
tempo, com a mansidão de Cristo. Se fordes provocados, não vos
impacienteis. Manifestai a brandura de que Cristo nos deu o exemplo
em Sua vida. […]
A força é um talento, e deve ser usada para glorificar a Deus.
Nosso corpo Lhe pertence. Ele pagou o preço da redenção tanto
pelo corpo como pela alma. […] Melhor podemos servir a Deus no
vigor da saúde do que na apatia da doença; portanto, deveríamos
cooperar com Deus no cuidado de nosso corpo. O amor de Deus é
indispensável à vida e à saúde. A fé em Deus é necessária para que
tenhamos saúde. A fim de que tenhamos saúde perfeita, deve nosso
coração estar cheio de amor, esperança e alegria no Senhor. […]
A influência é um talento, e é um poder para o bem quando penetra em nosso trabalho o fogo sagrado aceso por Deus. A influência
de uma vida santa tanto é sentida no lar como em toda parte. A beneficência prática, a abnegação e o sacrifício próprio que assinalam
a vida de um homem exercem influência para o bem sobre aqueles
com quem este se associa. […]
Segundo a capacidade do recebedor — No plano do Senhor,
há diversidade na distribuição dos talentos. A um homem é dado um
talento, a outro cinco, a outro dez. Esses talentos não são conferidos
caprichosamente, mas segundo a capacidade de quem os recebe.
De acordo com os talentos concedidos serão os juros exigidos.
A obrigação maior recai sobre quem se tornou mordomo de maior
aptidão. O homem que tem dez dólares é tido como responsável por
tudo o que se poderia fazer com dez dólares, caso fossem eles usados
corretamente. O que só tem dez centavos apenas é responsável por
essa quantia. […]
É a fidelidade com que se usou o talento que granjeia o louvor do Senhor. Se quisermos ser reconhecidos como servos bons e
fiéis, devemos fazer trabalho perfeito e consagrado em prol do Mestre. Ele recompensará o serviço diligente e honesto. Se os homens nEle puserem a sua confiança, se Lhe reconhecerem a compaixão e benevolência, e humildemente andarem diante dEle, Ele com eles cooperará. Aumentar-lhes-á os talentos.
“Negociai até que eu venha” — Deus nos deixou encarregados
dos Seus bens, na Sua ausência. Cada mordomo tem um trabalho
especial a fazer para o avanço do reino de Deus. Ninguém é escusado.
O Senhor nos ordena a todos: “Negociai até que Eu venha.” Pela
sabedoria que Lhe é própria, tem-nos dado orientação quanto ao uso
de Seus dons. Os talentos da fala, memória, influência, propriedade,
devem ser acumulados para a glória de Deus e o avanço de Seu reino. Ele abençoará o devido uso de Seus dons.
Alegamos ser cristãos, esperarmos a segunda vinda de nosso Senhor nas nuvens do Céu. Que faremos, então, com nosso tempo, compreensão e posses, que não são nossos, mas nos foram confiados para provar nossa fidelidade? Levemo-los a Jesus. Empreguemos nossos tesouros no avanço de Sua causa. Obedecer-Lhe-emos assim a ordem: “Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. — The Review
and Herald, 9 de Abril de 1901.
A cada homem a sua obra — Chegou-se a entender que os
talentos só são dados a uma certa classe privilegiada, com exclusão
de outros que, certamente, não são chamados a partilhar das tarefas
ou recompensas. Mas não é isso o que a parábola apresenta. Quando
o Senhor da casa chamou os servos, deu a cada homem sua obra.
Toda a família de Deus é incluída na responsabilidade de usar os
bens de Seu Senhor. […]
Num grau maior ou menor, a todos são confiados os talentos
de seu Senhor. A capacidade espiritual, mental e física, a influência, condição social, posses, afetos, simpatia, são todos preciosos
talentos, que devem ser usados na causa do Mestre, para a salvação
daqueles por quem Cristo morreu. — The Review and Herald, 26 de
Outubro de 1911.
Por que são concedidos talentos — Deve o povo de Deus reconhecer o fato de que Deus não lhes deu talentos para que enriqueçam
com bens terrenos, mas a fim de que possam pôr de reserva um bom
Nossos talentos 85
fundamento para o tempo futuro, a saber, para a vida eterna. — The
Review and Herald, 8 de Janeiro de 1895.