RETORNO AOS CULTOS


Como a Igreja Adventista na América do Sul pretende se reinventar
para continuar sendo relevante depois da quarentena.
FELIPE LEMOS

O período de isolamento social foi marcado por uma forte atuação dos adventistas em projetos humanitários. E a expectativa é que essa continue
sendo uma das ênfases no contexto pós-pandemia.
Na foto, uma ação solidária da Igreja de Águas Claras (DF)

Os tempos de pandemia já mudaram o comportamento das pessoas. Inclusive em relação a hábitos relacionados à religiosidade. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Barna Group mostrou que quase metade dos membros de igrejas não assistiu a nenhum culto on-line nas últimas quatro
semanas de maio. E, entre os que assistiram, apenas 40% se conectaram aos cultos de sua igreja local.

No Brasil, um levantamento feito pela Ideia Big Data, em abril, analisou quais eram as prioridades da população após o fim do distanciamento social. No topo apareceu o desejo de voltar a frequentar a Igreja. Mas o desafio eclesiástico existe e está sendo enfrentado.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem criado protocolos com documentos, orientações e vídeos para um retorno aos templos com segurança, cuidados de higiene e forte motivação missionária.
Os detalhes das ações podem ser lidos no documento intitulado Uma voz de esperança, que apresenta sugestões de atividades relacionadas às áreas de comunhão, relacionamento e missão, tripé que tem norteado o programa missionário adventista sul-americano (para ler o documento, acesse: bit.
ly/3cvLI3r).
A Associação Ministerial da Divisão Sul-Americana liderou um comitê responsável por pensar nas ênfases que devem direcionar o momento pós-quarentena.
A ideia tem por base três aspectos: visitação, adoração e mobilização.
Segundo o pastor Lucas Alves, secretário ministerial, o carro-chefe desse processo de retorno deverá ser a visitação, ou seja, uma forte ênfase para que pastores consolidem o senso de pertencimento dos membros que retornam aos serviços religiosos nas congregações. “Estamos nos preparando para ter uma grande movimentação de visitação junto com a reabertura dos templos. Queremos sair do acompanhamento virtual para

um acompanhamento físico, real, presencial, tomando os devidos cuidados.
Primeiro precisamos cuidar das pessoas e das suas necessidades em casa
para, então, recebê-las”, acrescenta o pastor Erton Köhler, líder da denominação para oito países do continente. O elemento da adoração também será valorizado no contexto pós-pandemia, pois a igreja entende que é preciso qualificar ainda mais a mensagem pregada e ensinada, especialmente com uma abordagem profética, em resposta às indagações das pessoas. Já o aspecto da mobilização tem relação com a necessidade de impulsionar as pequenas comunidades para que estejam mais próximas das pessoas e olhem, também, para as necessidades físicas no âmbito da igreja local e de famílias mais vulneráveis no seu entorno.
Wesley Avelar, pastor do distrito de Águas Claras, no Distrito Federal,
entendeu que o distanciamento social não poderia paralisar o movimento
missionário dos membros. Em dois meses, o plantão pastoral presencial
já atendeu cerca de 180 pessoas que foram aos quatro templos da região
em busca de aconselhamento, oração e até ajuda humanitária. A visitação
on-line, por meio do WhatsApp, também é uma realidade no distrito. No
território da Associação Paulista do Vale, região do Vale do Paraíba, em
São Paulo, a visitação on-line também faz parte do cotidiano dos pastores.
Segundo o líder da igreja na região, pastor Oliveiros Júnior, a ideia é que
essa ênfase siga depois do período de isolamento social.
O pastor Erton Köhler salienta que a liderança da igreja tem analisado criteriosamente o cenário atual e está se preparando para poder responder aos desafios com uma abordagem positiva. ]


FELIPE LEMOS é jornalista e gerencia a equipe da assessoria de Comunicação da sede sul-americana da Igreja Adventista