SALVAÇÃO GARANTIDA

ESPIRITUALIDADE
CRISTO TEM UMA BOA NOTÍCIA PARA VOCÊ, ASSIM COMO TINHA PARA UM DOS LADRÕES CRUCIFICADOS AO LADO DELE

ALEJANDRO BULLÓN

Numa tarde cinzenta e escura em Jerusalém, as trevas já cobriam o
Lugar da Caveira. Pendurados em cruzes manchadas de sangue, estavam dois ladrões, à beira da morte. Entre eles, foi erguida uma terceira
cruz, na qual Jesus, o Redentor do mundo, estava dando Sua vida pela
humanidade. Aquele Deus-homem tinha vivido cercado por pecadores, pessoas as quais chamou ao arrependimento. Porém, Ele estava ali sofrendo, entre os dois condenados, cumprindo Sua missão “de buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10).
De repente, um dos criminosos O abordou sarcasticamente: “Você não é o
Cristo? Salve-Se a Si mesmo e a nós!” (Lc 23:39, NVI). Pobre homem! Tinha passado a vida imerso na miséria do pecado, com o coração endurecido aos apelos do Espírito Santo. Ele tinha perdido toda esperança de escapar. Os arautos da morte já os cobriam com seu manto escuro e sombrio. E, naquele momento derradeiro, ele permitiu que o vírus maligno da dúvida devorasse sua vida.
Já o outro ladrão, que também tinha andado perversamente, sabia que
merecia morrer, como consequência do seu passado delinquente. E, quando
ouviu o escárnio do seu companheiro, levantou os olhos agonizantes e
encontrou o olhar amoroso de Jesus. Aquele pecador infeliz não tinha para
onde ir. Ele também estava no fi m da sua jornada de desobediência à lei.

Mas, quando viu Cristo, talvez tenha se lembrado das palavras
proferidas anteriormente pelo Mestre: “Eu sou o caminho, a verdade
e a vida” (Jo 14:6).
Esse ladrão reconheceu que precisava de uma saída para seu
mundo de sombras e morte. A ele faltava a verdade, porque sua vida
tinha sido uma grande mentira.
Ele precisava da vida, porque sua existência tinha sido desperdiçada
nas areias movediças do pecado.
Então, ele se agarrou ao único raio de esperança que via diante de
si. E gaguejou: “Jesus, lembra-Te de mim quando entrares no Teu
reino” (Lc 23:42).
O que o ladrão fez de bom para que Jesus Se lembrasse dele?
Aquele delinquente provavelmente tivesse bebido de águas imundas a
vida inteira. Ele carregava o mau cheiro do pecado. Que razão tinha
aquele bandido miserável para acreditar que Jesus Se lembraria
dele? No entanto, ele acreditou e implorou em seu favor. O ladrão
mal tinha terminado de falar, quando ouviu a resposta de Jesus,
que garantia para ele que ambos estariam um dia no paraíso (v. 43).
Pouco depois, o coração do ladrão parou. Mas ele morreu envolto na
certeza da salvação.
A SALVAÇÃO É SÓ O INÍCIO
Aquela certeza não nasceu nas boas obras do criminoso, porque
ele não tinha feito nada de bom.
Sua confiança nasceu das palavras Daquele que é capaz de nos levar
às boas obras.
O ladrão arrependido, então salvo em Cristo, não teve a oportunidade de realizar boas obras, mas na cruz ele recebeu duas bênçãos: salvação e morte em Cristo.
Quando aceitamos Jesus como nosso Salvador, recebemos não apenas a bênção da salvação; vivemos para nos tornar canais das boas
obras que o Espírito Santo produz na vida daqueles que foram salvos.
Muitos crentes usam, com relutância, a expressão “estou salvo”.

O PECADO COSTUMAVA REINAR, MAS NÃO REINA MAIS.
AGORA É A VEZ DA GRAÇA, E PONTO

Essa relutância talvez tenha que ver com o receio de incorrer em
dois erros sobre a graça: (1) “Jesus me salva, por isso não devo me
preocupar com minhas ações” e (2) “uma vez salvo, estou salvo
para sempre”.
O ponto é que, quando vivenciamos a correta experiência da
salvação, não vivemos em constante incerteza sobre nossa aceitação diante de Deus e nosso destino. Paulo, por exemplo, estava convencido de que Aquele que havia começado a realizar a boa obra nos cristãos de seu tempo
iria completá-la até a vinda de Cristo (Fp 1:6). Não podemos nos
esquecer de que a salvação começa em Cristo (justificação), é vivida em
Cristo (santificação) e é completada Nele (glorificação).
Em Romanos 5, novamente o apóstolo Paulo vai nos explicar
de maneira maravilhosa que devemos ter certeza da salvação em
Cristo. Ele iniciou o capítulo com esta afirmação: “Justificados, pois,
mediante a fé, temos paz com Deus, por meio do nosso Senhor Jesus
Cristo” (v. 1, NAA). A paz que Paulo mencionou é resultado da
confiança de que estamos salvos em Cristo. E ele terminou o capítulo 5 novamente afirmando: “a fi m de que, como o pecado reinou
pela morte, assim também a graça reinasse pela justiça que conduz
à vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor” (v. 21, NAA).

Nesse trecho da carta aos Romanos, tanto no primeiro como no último
verso do capítulo 5, encontramos a garantia da salvação nas expressões
“por Jesus Cristo” e “em Cristo”. Isso significa manter comunhão permanente com Jesus, nossa fonte de justiça. Porque, se estamos Nele, somos feitos “justiça de Deus” (2Co 5:21). Não temos que temer nosso passado, presente nem futuro. Nossa certeza não está fundamentada em nossa capacidade de sermos bons, mas em Cristo, que é a fonte de tudo o que é bom.
Ellen White escreveu: “Há os que já experimentaram o amor perdoador
de Cristo, e que desejam realmente ser fi lhos de Deus, contudo reconhecem
que seu caráter é imperfeito, sua vida faltosa, e chegam a ponto de duvidar
de que seu coração tenha sido renovado pelo Espírito Santo. A esses
eu desejaria dizer: Não recuem, em desespero. Muitas vezes, teremos de
prostrar-nos e chorar aos pés de Jesus, por causa de nossas faltas e erros; mas não nos devemos desanimar. Mesmo quando somos vencidos pelo inimigo, não somos repelidos, nem abandonados ou rejeitados por Deus. Não; Cristo está à destra de Deus, fazendo intercessão por nós. […] Ele deseja atrair-nos de novo a Si, e ver refletidas em nós Sua pureza e santidade. E se tão-somente nos rendermos a Ele, Aquele que em nós começou a boa obra há de continuá-la até o dia de Jesus Cristo” (Caminho a Cristo, p. 64, linguagem atualizada).
Assim, podemos concluir com outro conselho precioso da pioneira adventista: “Quando Satanás se chega a nós para nos dizer que somos grandes pecadores, ergamos os olhos ao nosso Redentor, e falemos de Seus méritos. O que nos ajudará é olhar para Sua luz.
Reconheçamos nossos pecados, mas digamos ao inimigo que ‘Cristo Jesus
veio ao mundo, para salvar os pecadores’ (1Tm 1:15), e que por Seu inefável
amor poderemos ser salvos” (Caminho a Cristo, p. 35 e 36). ]


ALEJANDRO BULLÓN é pastor aposentado e há mais de 40 anos atua como evangelista internacional