Quem nunca passou por uma situação tão angustiante que por algum momento não tenha pensado: “porque estou vivo”? “Seria melhor morrer”! “Cansei de viver”! Dificuldades e problemas aparecem durante a nossa vida, situações inacabadas surgem e são capazes de desequilibrar a estrutura de qualquer ser humano, resultando numa indagação: como administrar a existência? A cada dia que passa vemos que o sofrimento emocional tem se tornado evidente e se manifestado através da depressão, da desesperança, do desespero, da ausência de sentido para a vida. O índice de mortes causadas por suicídio é grande e tem aumentado a cada ano. Mas, antes do ato, existem os pensamentos que muitas vezes atormentam quem vivencia, a ponto de concretizá-los. A sua vida é única, em nenhum outro momento da história você poderá retornar a essa terra, no mesmo planeta, na mesma cidade, com os mesmos pais e amigos. É uma oportunidade única que lhe foi dada. É claro que você sabe disso, muitas pessoas que pensam em se matar não querem fazê-lo para buscar propriamente a morte, mas sim, como uma fuga para ACABAR COM O SOFRIMENTO. No entanto, o sofrimento distorce a percepção do ser humano, limita a nossa capacidade de raciocínio, de resolução de problemas, de encontrar saída, de remanejar a situação. Como dito, a sua vida é preciosa e única. Existem imperfeições? Sim! Mas é possível melhorar, é possível controlar a negatividade. Acreditando nisso, elaboramos esse livreto com o objetivo de ajudar pessoas que sofrem com pensamentos suicidas ou passam pela tentativa de suicídio. Percebe? Você não está sozinho! Existem muitas pessoas que passaram por isso e buscaram outras alternativas de superar o sofrimento. Nossa expectativa é que ao ler esse livreto você tenha recursos para poder ver a sua situação de uma forma diferente, de uma outra perspectiva. Esperamos que encontre a ajuda que você precisa. Então… vamos falar sobre suicídio? Vamos! Mas vamos principalmente falar sobre vida. FALAR É A MELHOR SOLUÇÃO.
POR QUE AS PESSOAS Pensam em se matar?
Por incrível que pareça, até os próprios sujeitos que pensam em suicídio, ou tentam suicídio, podem apresentar dificuldades em relatar o porquê pensam ou porque tentaram se matar. De fato, essa não é uma pergunta simples e não possui uma única resposta. Sabemos que obviamente ninguém decide morrer por que está muito feliz. Existe um sofrimento, uma dor muito particular e subjetiva que pode vir de um transtorno psicológico (depressão, bipolaridade, esquizofrenia) ou por um evento estressor intenso. Vale ressaltar que nem todas as pessoas que sofrem de algum transtorno psicológico terão uma conduta suicida e nem todos os que têm possuem algum transtorno. O transtorno é um fator de risco, mas não é um determinante. Boa parte dos equívocos são formados pela falta de informação e é por esse motivo que esse livreto também tem o cunho informativo. O suicídio é um fenômeno complexo, multifatorial, envolvendo aspectos culturais pelas crenças atribuídas ao sujeito; sociais, que podem suscitar o comportamento suicida; psicológicos, envolvendo quadros de transtorno psicológico, entre outros.
Não devemos esquecer que estamos falando de suicídio em uma sociedade capitalista, marcada pela opressão, desigualdade, competitividade. É muito comum culpabilizar apenas o sujeito e esquecer de outras demandas, tão importantes quanto os fatores individuais. Esses aspectos pouco discutidos não podem ser ignorados. Embora não exista uma única causa, existem fatores de risco para o comportamento suicida. Eles podem engatilhar o pensamento. São eles:
EVENTOS ESTRESSORES:
Eventos estressores ou pressões externas/internas (como conflitos familiares, divórcio, desemprego, ansiedade, instabilidade econômica, morte de um ente querido, descoberta de uma doença grave ou indesejada, bullying) que invadem o domínio do sujeito podendo paralisar a pessoa e desencadear sentimentos de angústia, desespero, desesperança, abandono. A desesperança é caracterizada pela perspectiva de que não existe uma expectativa de mudança para uma situação negativa vivenciada.
FALTA OU AUSÊNCIA DE APOIO SOCIAL. O isolamento favorece o pensamento suicida. O silêncio é um inimigo. Não ter com quem compartilhar os problemas é como se todas às vezes que algo lhe angustiasse, um pouco de água enchesse o copo e quanto mais problemas, mais o copo se enche. Desabafar ajuda a tirar parte desse excesso de água. Caso isso não ocorra, a água poderá transbordar. Assim somos nós quando estamos sobrecarregados com as diversas situações da vida. Já é cientificamente comprovado que falar alivia dores emocionais. Ou seja, carência afetiva, falta de amigos e de contato social, relacionamento familiar conturbado, negligência, brigas frequentes podem fazer o sujeito se sentir sozinho, desprezado, desamparado pela ausência de vínculos significativos.
VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL. O abuso é uma experiência extremamente traumática afetando profundamente o desenvolvimento emocional da criança/adolescente, trazendo prejuízos que podem se estender até a vida adulta, representando um fator de risco para o suicídio e para o desenvolvimento de transtornos mentais como ansiedade, depressão, transtorno do estresse pós-traumático. A experiência desenvolve um padrão de esquiva experiencial, uma tentativa de evitar, alterar, fugir de sentimentos, pensamentos e lembranças desagradáveis por medo da dor que possa causar. Além desses, existem outros fatores como uso de álcool e drogas, fácil acesso a meios letais, dificuldade de pedir ajuda, diagnóstico de transtorno mental, comportamento retraído, condições clínicas incapacitantes (AIDS, dor crônica, epilepsia, trauma medular, doenças orgânicas incapacitantes) e principalmente histórico de tentativa de suicídio. Esses são sinais que indicam que uma pessoa tem risco para o comportamento suicida e que, portanto, deve ficar atenta. Entretanto, não é apenas a presença destes fatores que define seu impacto na vida do indivíduo, mas também a intensidade, a frequência e a maneira como são interpretados.
SINAIS PARA PROCURAR AJUDA
• Falta de energia ou sensação de cansaço.
• Sensação de “névoa cerebral”, como sintomas de confusão ou falta de clareza mental, sentindo a mente dispersa, sobrecarregada.
• Sentindo-se inquieto ou agitado.
• Sentindo-se choroso, querendo chorar o tempo todo.
• Evitando conversas ou estar com as pessoas.
• Deixando de fazer atividades que normalmente gostava.
• Usando álcool ou drogas para lidar com sentimentos.
• Mudanças súbitas de humor.
• Comportamento imprudente ou arriscado.
• Sentir-se preso a uma situação.
• Desejo de se automutilar (nem todos apresentam esse comportamento).
• Problemas para dormir.
• Pensamentos de que a morte poderia ser a solução dos problemas.
SUGESTÕES IMPORTANTES TENTE SEPARAR O PENSAMENTO DA AÇÃO.
Quando estiver triste, extremamente angustiado ou em crise, saiba que pensar e agir são coisas diferentes. O pensamento não pode por si só levar à concretização do suicídio.
Diga para você mesmo que esses pensamentos e sentimentos podem alterar sua percepção e reduzir sua capacidade de tomar decisões. Busque se distrair com alguma coisa, não dê voz ao pensamento. Prometa para você mesmo que irá esperar no mínimo 48 horas antes de tomar alguma atitude.
SUICÍDIO NÃO RESOLVE OS PROBLEMAS.
Se você acredita que a única solução para os seus problemas é o suicídio, saiba que não é que não existem outras soluções, mas é o que você consegue enxergar agora. Problemas são resolvidos em vida. O suicídio não elimina o problema, apenas retira o sujeito da cena sem dar chance para ver o que houve como consequência. Conflitos familiares, relacionamentos, identidade sexual, perda de entes queridos, podem parecer impossíveis de lidar, mas perceba que os sentimentos suicidas são resultados de problemas tratáveis. Superar problemas leva tempo. Existem outros sentimentos, eventos positivos inesperados, soluções que você nunca enxergará, se não esperar.
PENSE NAS OUTRAS POSSIBILIDADES.
É difícil pensar quando se está em crise, mas, tente. Exercite pensar que existem outras formas de lidar com aquilo sem necessariamente ser se matar, mesmo que não esteja vendo isso no momento. Espere passar a crise, adie o plano para pelo menos 48 horas, de forma que seja possível pensar melhor.
DEIXE A SUA CASA SEGURA Elimine coisas com as quais você possa se machucar ou coisas que possa ingerir. Caso não consiga, deixe sobre a guarda de alguém que possa ajudá-lo a utilizar na dosagem certa e quando for necessário.
PROCURE AJUDA IMEDIATA. Se você está ferido, peça a um amigo que o ajude a chegar a um pronto-socorro urgente ou chamar a emergência. Pedir ajuda é um sinal de força e não de fraqueza. Caso tenha solicitado, fique em um lugar seguro enquanto aguarda, respire fundo e repita frases como; “Isso é a depressão quem está dizendo, não sou eu”, “ a crise vai passar”, “ existem outras formas de superar o problema, mas não consigo pensar agora”, “os pensamentos não podem me forçar a nada”.
CONTATOS IMPORTANTES EM CASO DE CRISE E/ OU DE EMERGÊNCIA.
• Caso tenha, entre em contato com o seu terapeuta e informe o risco.
• CAPS e Unidades Básicas de Saúde.
• Serviços de emergência: UPA (24h), SAMU 192,
• Centro de Valorização da Vida (CVV) através do número 188. O centro atende voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, dando apoio emocional e prevenção do suicídio. Eles também possuem o site: www.cvv.org.br
• Entre em contato com algum líder espiritual em quem você confia e possui zelo.
• Procure um serviço de saúde mais próximo.
BUSQUE UMA REDE DE SUPORTE.
Lembra da história do copo cheio? O risco de suicídio aumenta quando estamos sozinhos. Ligue para alguém de sua confiança e compartilhe o que está sentindo. Um bom ouvinte poderá diminuir a ansiedade suicida. Não tente lidar por conta própria. Caso a primeira pessoa que tenha entrado em
contato não o tenha compreendido, procure outras ou ligue para um centro de apoio (CVV), mas não fique só. Ter uma rede de amigos ou familiares é um dos maiores fatores de proteção para o pensamento e comportamento suicida. Faça um esforço para se reconectar aos outros, quer seja em um projeto de voluntariado, algum curso especifico, ou contato com amigos e familiares. Pode ser difícil, mas hábitos saudáveis se constroem com o tempo. Portanto, não fique sozinho, a solidão contribui para os pensamentos suicidas. Tente conversar com pelo menos uma pessoa por dia, de preferência pessoalmente. Participe de grupos de apoio, reuniões da igreja, etc.
AVALIE OS RELACIONAMENTOS DA SUA VIDA.
Relacionamentos abusivos, tóxicos podem afetá-lo negativamente. Busque manter próximo de você pessoas positivas que cuidem e não que o maltratem, humilhem ou que não levem a sério sua dor.
PARE DE UTILIZAR ÁLCOOL E DROGAS.
Algumas pessoas podem optar por utilizar álcool e outras drogas para sentir êxtase, para causar “relaxamento” ou como uma espécie de fuga da realidade sentida. Entretanto, ao invés de ajudar, prejudicará o seu raciocínio. Essas drogas não são antidepressivas e seu efeito é transitório.
CUIDE DE VOCÊ. Diante da demanda emocional, não esqueça de dar atenção ao seu corpo. Não pule refeições. Saúde mental e física andam juntas. Pratique atividade física com orientação médica, comece devagar caso não tenha costume.
DESENVOLVA UM PLANO DE SEGURANÇA. O plano de segurança é uma ferramenta que você poderá consultar toda vez que tiver pensamentos suicidas ou quando sentir necessidade. Você pode montar o seu como quiser. Aqui vão algumas sugestões:
• Adquira um caderninho, decore-o como preferir.
• Monte uma lista de pessoas que você ama e que já o ajudaram no passado. Inclua fotos, frases que eles disseram que o fortaleceram (caso sinta-se confortável, peça que eles mesmos escrevam algo para você). Quando estamos tristes ou em crise, temos a tendência de elevar a negatividade. Essa lista irá ajudá-lo a se lembrar de coisas positivas e de pessoas importantes.
• Escreva motivos por que você não deve acabar com sua vida. Pensando também em como isso afetará seus entes queridos.
• Inclua seus gostos: música preferida, livros, filmes, pensamentos, poemas, alimentos.
• Escreva coisas que você ama em si mesmo. Devido ao sofrimento emocional, você poderá ter dificuldade de pensar em qualidades próprias, para isso, peça ajuda de algum amigo.
• Monte uma lista de 5 pessoas queridas e os telefones delas. Inclua seu Psicólogo (caso tenha) e números de emergência. Você poderá solicitá-los quando não estiver bem.
SUSPENDA COISAS QUE DESENCADEIEM PENSAMENTOS SUICIDAS.
Evite assistir filmes, músicas, séries com temas sombrios e emocionais. Evite rever fotos com cargas emocionais negativas, visitar túmulo de ente querido, pesquisar sobre suicídios. Você poderá não ter controle dos sentimentos negativos que irão se desencadear.
DESENVOLVA ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO. Você resistiu a situações difíceis no passado e poderá resistir novamente. Você pode sim construir força interna, assumir o controle de como você responde aos eventos estressores da vida. Estratégias de enfrentamento poderão ajudá-lo a voltar à trilha de uma forma mais saudável. Você pode desenvolver essas habilidades sozinho, mas devido à fragilidade do momento, poderá contar principalmente com ajuda de um Psicólogo. Com essas estratégias você poderá melhorar sua qualidade de vida, criar habilidades para enfrentar problemas e diminuir o risco de suicídio, como:
• Controle da raiva.
• Resolução de conflitos.
• Gerenciamento do estresse e da ansiedade.
• Planejamento financeiro.
• Cuidados pessoais.
• Habilidade de comunicação.
• Assertividade. • Orientação de carreira.
• Relação interpessoal positiva.
• Relaxamento.
• Controle de impulso
PROCURE AJUDA PROFISSIONAL. O Psicólogo poderá ajudá-lo a compreender o que está causando o pensamento suicida. Ele escutará ativamente suas queixas sem julgá-lo. Você será acolhido e compreendido, independente do que disser. O terapeuta poderá ajudá-lo a encontrar os re
cursos para enfrentar os problemas, desenvolver a autoestima, descobrir novas habilidades, entre outros. Baseando sua conduta no respeito, liberdade, dignidade, integridade. Um médico de confiança poderá prescrever algum medicamento combinado com a terapia. Caso a medicação aumente os pensamentos, avise ao seu médico. Caso já tome medicamento e não vê resultado, não perca a esperança, as medicações prescritas levam um certo tempo para encontrar a dose correta. Para um tratamento continuo, diferentes tipos de tratamentos são necessários para diferentes tipos de pessoas.
AVALIE SEUS PENSAMENTOS.
Quando sofremos, tendemos a distorcer ou generalizar as coisas. É comum surgir pensamentos como: “ Ninguém gosta de mim” “Nunca vou ser feliz” “Não há mais qualquer solução” “Nada está dando certo” Treine a habilidade de questionar a autenticidade dos seus pensamentos. Será que ninguém gosta de você? Será que todos ficarão melhor se você morrer? Pensamentos suicidas são temporários, não são fatos. Você é mais forte do que seus pensamentos. Avalie-os, mesmo que pense que não são importantes ou que são pequenos. Se está fazendo-o
sofrer, se está impedindo você de viver mentalmente bem, é importante.
DEFINA OBJETIVOS E TENTE ALCANÇÁ-LOS. Você gostaria de voltar para a academia? Visitar alguns amigos distantes? Fazer uma viajem? Assistir a um musical? Vá em frente! Anote no seu plano de segurança e tente realizar.
ARRANJE TEMPO PARA COISAS QUE LHE TRAZEM ALEGRIA. Pode ser que neste momento você não consiga pensar em algo que traga alegria. Neste caso, lembre-se do que lhe trazia alegria antes e faça um esforço para realizar aos poucos as mesmas coisas.
ACREDITE EM SI MESMO. É difícil acreditar que iremos melhorar, quando estamos em crise. Mas lembre-se das vezes que você conseguiu, que outros passaram por isso e que você conseguirá. O pensamento suicida não vem de um dia para o outro, na sua maioria das vezes é um reflexo de um acúmulo de perdas, de dor, de frustrações, não é mesmo? Talvez uma parte de você queira morrer, por que o sofrimento que sente parece que não terá mais fim. E essa voz pode ofuscar a outra parte. Existe a parte que quer viver e essa parte vibra dentro de você, talvez ainda não tenha tido um encontro profundo com você mesmo para olhar para fora, para o externo, talvez pelas expectativas lançadas sobre algo, alguém ou até sobre você mesmo, talvez por condições difíceis que desafiam, ou por qualquer outro motivo. Entretanto, quando você olhar para dentro, poderá enxergar essa parte viva que clama para ser vivida, para alcançar os sonhos, para enfrentar desafios, para encarar os “nãos”. Não como o fim, mas como um obstáculo a ser superado, criando novas trilhas, criando novos caminhos, sem desistir de você, sim, de você! Porque você é quem vive a vida, logo, dê mais uma chance, duas, ou quantas forem necessárias. Não há problemas em cansar e quando cansar, descanse um pouco, pare, não se oprima em pedir ajuda. Retome prioridades, acorde um pouco mais tarde, coma algo de que você gosta, se cobre menos, reconheça seus limites, você não é igual a todo mundo e tudo bem por isso. Ouça seus sentimentos e organize-os, faça atividades que o encham de alegria. Haverá altos e baixos, momento de parar um pouco, tomar um fôlego, avaliar a situação. Nesse momento, acolha o amor dos outros, tenha paciência com você, acolha o amor de si mesmo e dê outras chances para você.
Esse espaço foi criado com muito carinho. Contém mensagens de sobreviventes de tentativa de suicídio dirigidas a você. Alguns não possuem nome, porque respeitamos o sigilo, outros fizeram questão de se apresentar. São relatos de pessoas que já passaram pelo que você está passando e com certeza possuem algo a dizer:
“Sempre haverá uma esperança, não desista de você, de tentar, de pessoas que torcem por você. Você é forte, cheia de garra. Por mais que esteja dolorosa, lute, lute. Por muito tempo vivi presa e perdida em
RECADINHOS PARA VOCÊ
pensamentos ruins, mas existe alguém aí do seu lado, então, compartilhe com ela o que incomoda, machuca. Você pode sim ser ajudada, vá a psicóloga, faça terapia, busque ajuda para você se libertar dos seus traumas e medos. (Maria Elena – Estudante de Enfermagem) “Você é uma pessoa incrível por ter passado por tudo isso e a maioria do tempo sozinha. Compreendo que você pensa em desistir todos os dias, mas você é tão forte! Os traumas que você passou irão machucá-la durante muitos anos ainda, espero no fundo do meu coração que você seja forte e consiga passar por tudo isso. Você tem muitos motivos para pensar em suicídio, muitas pessoas não conseguiriam passar por tudo o que você passou e chegar até aqui… você é incrível. Tente não desistir dos seus sonhos. Não desista, por mais que pareça difícil, você vai conseguir. Um dia você irá se lembrar de todos os pensamentos ruins e de todas as tentativas sem sucesso que você teve e irá se orgulhar por não ter desistido de você, dos seus sonhos e poderá ajudar muitas pessoas a enfrentar tudo o que você um dia já enfrentou. Você é incrível, não desista de você! ” (Identidade preservada) “Se hoje eu consigo realizar tantos sonhos, eu tenho certeza que você também vai conseguir. Não foi em um estralar de dedo que consegui ser quem eu sou. Eu pensava “eu nunca mais vou conseguir viver”. Quando eu decidi me matar, eu lembrei da minha família e me arrependi. Eu consegui reverter! (Identidade Anônima)
Às vezes temos que duvidar de nós mesmos para alcançar um nível maior. Duvidar da solidão: será que estou sozinho mesmo? Duvidar do sentimento de incapacidade: se eu nunca tentei como eu posso dizer que não consigo? E duvidar do pensamento autodestrutivo: eu já recebi ajuda antes, então eu devo ter algum valor! (Ana Marsky – Estudante de Psicologia)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
KÜBLER-ROSS, E. KESSLER, D. Os Segredos da Vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. LIRA, M. O. S. C. et. Al. Abuso Sexual Na Infância E Suas Repercussões Na Vida Adulta. Texto Contexto 2017; 26(3), pp. 2-8. ZANA, A. R. O. KOVACS, M. K. O Psicólogo e o atendimento a pacientes com ideação ou tentativa de suicídio. 2013, 13 (3), pp. 897-921. I want to kill myself. SAMARITANS. Disponível em: https://www.samaritans.org/how-we-can-help/support-and-information/if-youre-having-difficult-time/i-want-kill-myself/ Acesso em: 05 de agosto de 2019. Practical ways to help yourself cope. SAMARITANS. Disponível em: Acesso em: 05 de agosto de 2019. O Suicídio e os Desafios para a Psicologia. Conselho Federal de Psicologia. – Brasília: CFP, 2013. Prevenção do suicídio: sinais para saber como agir. Ministério da Saúde. Disponível em: Acesso em 18 de agosto de 2019. FERRARI, J. BARRETO, J. B. M. Quando o viver não vale mais a pena: a percepção do paciente suicida. Pesquisas em Psicologia, 2018, Anais eletrônicos pp. 171-198.
Livreto escrito por Taysis Fiuza, Acadêmica em Psicologia no UNASP Campus São Paulo. Capa e Diagramação por Juliana M. Moreira, Designer Gráfica e discente de Arquitetura e Urbanismo no UNASP Campus São Paulo.
Quem nunca passou por uma situação tão angustiante que por algum momento não tenha pensado: “porque estou vivo”? “Seria melhor morrer”! “Cansei de viver”! Dificuldades e problemas aparecem durante a nossa vida, situações inacabadas surgem e são capazes de desequilibrar a estrutura de qualquer ser humano, resultando numa indagação: como administrar a existência? A cada dia que passa vemos que o sofrimento emocional tem se tornado evidente e se manifestado através da depressão, da desesperança, do desespero, da ausência de sentido para a vida. O índice de mortes causadas por suicídio é grande e tem aumentado a cada ano. Mas, antes do ato, existem os pensamentos que muitas vezes atormentam quem vivencia, a ponto de concretizá-los. A sua vida é única, em nenhum outro momento da história você poderá retornar a essa terra, no mesmo planeta, na mesma cidade, com os mesmos pais e amigos. É uma oportunidade única que lhe foi dada. É claro que você sabe disso, muitas pessoas que pensam em se matar não querem fazê-lo para buscar propriamente a morte, mas sim, como uma fuga para ACABAR COM O SOFRIMENTO. No entanto, o sofrimento distorce a percepção do ser humano, limita a nossa capacidade de raciocínio, de resolução de problemas, de encontrar saída, de remanejar a situação. Como dito, a sua vida é preciosa e única. Existem imperfeições? Sim! Mas é possível melhorar, é possível controlar a negatividade. Acreditando nisso, elaboramos esse livreto com o objetivo de ajudar pessoas que sofrem com pensamentos suicidas ou passam pela tentativa de suicídio. Percebe? Você não está sozinho! Existem muitas pessoas que passaram por isso e buscaram outras alternativas de superar o sofrimento. Nossa expectativa é que ao ler esse livreto você tenha recursos para poder ver a sua situação de uma forma diferente, de uma outra perspectiva. Esperamos que encontre a ajuda que você precisa. Então… vamos falar sobre suicídio? Vamos! Mas vamos principalmente falar sobre vida. FALAR É A MELHOR SOLUÇÃO.
POR QUE AS PESSOAS Pensam em se matar?
Por incrível que pareça, até os próprios sujeitos que pensam em suicídio, ou tentam suicídio, podem apresentar dificuldades em relatar o porquê pensam ou porque tentaram se matar. De fato, essa não é uma pergunta simples e não possui uma única resposta. Sabemos que obviamente ninguém decide morrer por que está muito feliz. Existe um sofrimento, uma dor muito particular e subjetiva que pode vir de um transtorno psicológico (depressão, bipolaridade, esquizofrenia) ou por um evento estressor intenso. Vale ressaltar que nem todas as pessoas que sofrem de algum transtorno psicológico terão uma conduta suicida e nem todos os que têm possuem algum transtorno. O transtorno é um fator de risco, mas não é um determinante. Boa parte dos equívocos são formados pela falta de informação e é por esse motivo que esse livreto também tem o cunho informativo. O suicídio é um fenômeno complexo, multifatorial, envolvendo aspectos culturais pelas crenças atribuídas ao sujeito; sociais, que podem suscitar o comportamento suicida; psicológicos, envolvendo quadros de transtorno psicológico, entre outros.
Não devemos esquecer que estamos falando de suicídio em uma sociedade capitalista, marcada pela opressão, desigualdade, competitividade. É muito comum culpabilizar apenas o sujeito e esquecer de outras demandas, tão importantes quanto os fatores individuais. Esses aspectos pouco discutidos não podem ser ignorados. Embora não exista uma única causa, existem fatores de risco para o comportamento suicida. Eles podem engatilhar o pensamento. São eles:
EVENTOS ESTRESSORES: Eventos estressores ou pressões externas/internas (como conflitos familiares, divórcio, desemprego, ansiedade, instabilidade econômica, morte de um ente querido, descoberta de uma doença grave ou indesejada, bullying) que invadem o domínio do sujeito podendo paralisar a pessoa e desencadear sentimentos de angústia, desespero, desesperança, abandono. A desesperança é caracterizada pela perspectiva de que não existe uma expectativa de mudança para uma situação negativa vivenciada.
FALTA OU AUSÊNCIA DE APOIO SOCIAL. O isolamento favorece o pensamento suicida. O silêncio é um inimigo. Não ter com quem compartilhar os problemas é como se todas às vezes que algo lhe angustiasse, um pouco de água enchesse o copo e quanto mais problemas, mais o copo se enche. Desabafar ajuda a tirar parte desse excesso de água. Caso isso não ocorra, a água poderá transbordar. Assim somos nós quando estamos sobrecarregados com as diversas situações da vida. Já é cientificamente comprovado que falar alivia dores emocionais. Ou seja, carência afetiva, falta de amigos e de contato social, relacionamento familiar conturbado, negligência, brigas frequentes podem fazer o sujeito se sentir sozinho, desprezado, desamparado pela ausência de vínculos significativos.
VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL. O abuso é uma experiência extremamente traumática afetando profundamente o desenvolvimento emocional da criança/adolescente, trazendo prejuízos que podem se estender até a vida adulta, representando um fator de risco para o suicídio e para o desenvolvimento de transtornos mentais como ansiedade, depressão, transtorno do estresse pós-traumático. A experiência desenvolve um padrão de esquiva experiencial, uma tentativa de evitar, alterar, fugir de sentimentos, pensamentos e lembranças desagradáveis por medo da dor que possa causar. Além desses, existem outros fatores como uso de álcool e drogas, fácil acesso a meios letais, dificuldade de pedir ajuda, diagnóstico de transtorno mental, comportamento retraído, condições clínicas incapacitantes (AIDS, dor crônica, epilepsia, trauma medular, doenças orgânicas incapacitantes) e principalmente histórico de tentativa de suicídio. Esses são sinais que indicam que uma pessoa tem risco para o comportamento suicida e que, portanto, deve ficar atenta. Entretanto, não é apenas a presença destes fatores que define seu impacto na vida do indivíduo, mas também a intensidade, a frequência e a maneira como são interpretados.
SINAIS PARA PROCURAR AJUDA
• Falta de energia ou sensação de cansaço.
• Sensação de “névoa cerebral”, como sintomas de confusão ou falta de clareza mental, sentindo a mente dispersa, sobrecarregada.
• Sentindo-se inquieto ou agitado.
• Sentindo-se choroso, querendo chorar o tempo todo. • Evitando conversas ou estar com as pessoas.
• Deixando de fazer atividades que normalmente gostava.
• Usando álcool ou drogas para lidar com sentimentos.
• Mudanças súbitas de humor. • Comportamento imprudente ou arriscado.
• Sentir-se preso a uma situação.
• Desejo de se automutilar (nem todos apresentam esse comportamento).
• Problemas para dormir.
• Pensamentos de que a morte poderia ser a solução dos problemas.
SUGESTÕES IMPORTANTES TENTE SEPARAR O PENSAMENTO DA AÇÃO.
Quando estiver triste, extremamente angustiado ou em crise, saiba que pensar e agir são coisas diferentes. O pensamento não pode por si só levar à concretização do suicídio.
Diga para você mesmo que esses pensamentos e sentimentos podem alterar sua percepção e reduzir sua capacidade de tomar decisões. Busque se distrair com alguma coisa, não dê voz ao pensamento. Prometa para você mesmo que irá esperar no mínimo 48 horas antes de tomar alguma atitude.
SUICÍDIO NÃO RESOLVE OS PROBLEMAS.
Se você acredita que a única solução para os seus problemas é o suicídio, saiba que não é que não existem outras soluções, mas é o que você consegue enxergar agora. Problemas são resolvidos em vida. O suicídio não elimina o problema, apenas retira o sujeito da cena sem dar chance para ver o que houve como consequência. Conflitos familiares, relacionamentos, identidade sexual, perda de entes queridos, podem parecer impossíveis de lidar, mas perceba que os sentimentos suicidas são resultados de problemas tratáveis. Superar problemas leva tempo. Existem outros sentimentos, eventos positivos inesperados, soluções que você nunca enxergará, se não esperar.
PENSE NAS OUTRAS POSSIBILIDADES.
É difícil pensar quando se está em crise, mas, tente. Exercite pensar que existem outras formas de lidar com aquilo sem necessariamente ser se matar, mesmo que não esteja vendo isso no momento. Espere passar a crise, adie o plano para pelo menos 48 horas, de forma que seja possível pensar melhor.
DEIXE A SUA CASA SEGURA Elimine coisas com as quais você possa se machucar ou coisas que possa ingerir. Caso não consiga, deixe sobre a guarda de alguém que possa ajudá-lo a utilizar na dosagem certa e quando for necessário.
PROCURE AJUDA IMEDIATA. Se você está ferido, peça a um amigo que o ajude a chegar a um pronto-socorro urgente ou chamar a emergência. Pedir ajuda é um sinal de força e não de fraqueza. Caso tenha solicitado, fique em um lugar seguro enquanto aguarda, respire fundo e repita frases como; “Isso é a depressão quem está dizendo, não sou eu”, “ a crise vai passar”, “ existem outras formas de superar o problema, mas não consigo pensar agora”, “os pensamentos não podem me forçar a nada”.
CONTATOS IMPORTANTES EM CASO DE CRISE E/ OU DE EMERGÊNCIA.
• Caso tenha, entre em contato com o seu terapeuta e informe o risco.
• CAPS e Unidades Básicas de Saúde. • Serviços de emergência: UPA (24h), SAMU 192, • Centro de Valorização da Vida (CVV) através do número 188. O centro atende voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, dando apoio emocional e prevenção do suicídio. Eles também possuem o site: www.cvv.org.br • Entre em contato com algum líder espiritual em quem você confia e possui zelo. • Procure um serviço de saúde mais próximo.
BUSQUE UMA REDE DE SUPORTE.
Lembra da história do copo cheio? O risco de suicídio aumenta quando estamos sozinhos. Ligue para alguém de sua confiança e compartilhe o que está sentindo. Um bom ouvinte poderá diminuir a ansiedade suicida. Não tente lidar por conta própria. Caso a primeira pessoa que tenha entrado em
contato não o tenha compreendido, procure outras ou ligue para um centro de apoio (CVV), mas não fique só. Ter uma rede de amigos ou familiares é um dos maiores fatores de proteção para o pensamento e comportamento suicida. Faça um esforço para se reconectar aos outros, quer seja em um projeto de voluntariado, algum curso especifico, ou contato com amigos e familiares. Pode ser difícil, mas hábitos saudáveis se constroem com o tempo. Portanto, não fique sozinho, a solidão contribui para os pensamentos suicidas. Tente conversar com pelo menos uma pessoa por dia, de preferência pessoalmente. Participe de grupos de apoio, reuniões da igreja, etc.
AVALIE OS RELACIONAMENTOS DA SUA VIDA.
Relacionamentos abusivos, tóxicos podem afetá-lo negativamente. Busque manter próximo de você pessoas positivas que cuidem e não que o maltratem, humilhem ou que não levem a sério sua dor.
PARE DE UTILIZAR ÁLCOOL E DROGAS. Algumas pessoas podem optar por utilizar álcool e outras drogas para sentir êxtase, para causar “relaxamento” ou como uma espécie de fuga da realidade sentida. Entretanto, ao invés de ajudar, prejudicará o seu raciocínio. Essas drogas não são antidepressivas e seu efeito é transitório.
CUIDE DE VOCÊ. Diante da demanda emocional, não esqueça de dar atenção ao seu corpo. Não pule refeições. Saúde mental e física andam juntas. Pratique atividade física com orientação médica, comece devagar caso não tenha costume.
DESENVOLVA UM PLANO DE SEGURANÇA. O plano de segurança é uma ferramenta que você poderá consultar toda vez que tiver pensamentos suicidas ou quando sentir necessidade. Você pode montar o seu como quiser. Aqui vão algumas sugestões: • Adquira um caderninho, decore-o como preferir. • Monte uma lista de pessoas que você ama e que já o ajudaram no passado. Inclua fotos, frases que eles disseram que o fortaleceram (caso sinta-se confortável, peça que eles mesmos escrevam algo para você). Quando estamos tristes ou em crise, temos a tendência de elevar a negatividade. Essa lista irá ajudá-lo a se lembrar de coisas positivas e de pessoas importantes. • Escreva motivos por que você não deve acabar com sua vida. Pensando também em como isso afetará seus entes queridos. • Inclua seus gostos: música preferida, livros, filmes, pensamentos, poemas, alimentos. • Escreva coisas que você ama em si mesmo. Devido ao sofrimento emocional, você poderá ter dificuldade de pensar em qualidades próprias, para isso, peça ajuda de algum amigo. • Monte uma lista de 5 pessoas queridas e os telefones delas. Inclua seu Psicólogo (caso tenha) e números de emergência. Você poderá solicitá-los quando não estiver bem.
SUSPENDA COISAS QUE DESENCADEIEM PENSAMENTOS SUICIDAS.
Evite assistir filmes, músicas, séries com temas sombrios e emocionais. Evite rever fotos com cargas emocionais negativas, visitar túmulo de ente querido, pesquisar sobre suicídios. Você poderá não ter controle dos sentimentos negativos que irão se desencadear.
DESENVOLVA ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO. Você resistiu a situações difíceis no passado e poderá resistir novamente. Você pode sim construir força interna, assumir o controle de como você responde aos eventos estressores da vida. Estratégias de enfrentamento poderão ajudá-lo a voltar à trilha de uma forma mais saudável. Você pode desenvolver essas habilidades sozinho, mas devido à fragilidade do momento, poderá contar principalmente com ajuda de um Psicólogo. Com essas estratégias você poderá melhorar sua qualidade de vida, criar habilidades para enfrentar problemas e diminuir o risco de suicídio, como: • Controle da raiva. • Resolução de conflitos. • Gerenciamento do estresse e da ansiedade. • Planejamento financeiro. • Cuidados pessoais. • Habilidade de comunicação. • Assertividade. • Orientação de carreira. • Relação interpessoal positiva. • Relaxamento. • Controle de impulso
PROCURE AJUDA PROFISSIONAL. O Psicólogo poderá ajudá-lo a compreender o que está causando o pensamento suicida. Ele escutará ativamente suas queixas sem julgá-lo. Você será acolhido e compreendido, independente do que disser. O terapeuta poderá ajudá-lo a encontrar os re
cursos para enfrentar os problemas, desenvolver a autoestima, descobrir novas habilidades, entre outros. Baseando sua conduta no respeito, liberdade, dignidade, integridade. Um médico de confiança poderá prescrever algum medicamento combinado com a terapia. Caso a medicação aumente os pensamentos, avise ao seu médico. Caso já tome medicamento e não vê resultado, não perca a esperança, as medicações prescritas levam um certo tempo para encontrar a dose correta. Para um tratamento continuo, diferentes tipos de tratamentos são necessários para diferentes tipos de pessoas.
AVALIE SEUS PENSAMENTOS.
Quando sofremos, tendemos a distorcer ou generalizar as coisas. É comum surgir pensamentos como: “ Ninguém gosta de mim” “Nunca vou ser feliz” “Não há mais qualquer solução” “Nada está dando certo” Treine a habilidade de questionar a autenticidade dos seus pensamentos. Será que ninguém gosta de você? Será que todos ficarão melhor se você morrer? Pensamentos suicidas são temporários, não são fatos. Você é mais forte do que seus pensamentos. Avalie-os, mesmo que pense que não são importantes ou que são pequenos. Se está fazendo-o
sofrer, se está impedindo você de viver mentalmente bem, é importante.
DEFINA OBJETIVOS E TENTE ALCANÇÁ-LOS. Você gostaria de voltar para a academia? Visitar alguns amigos distantes? Fazer uma viajem? Assistir a um musical? Vá em frente! Anote no seu plano de segurança e tente realizar.
ARRANJE TEMPO PARA COISAS QUE LHE TRAZEM ALEGRIA. Pode ser que neste momento você não consiga pensar em algo que traga alegria. Neste caso, lembre-se do que lhe trazia alegria antes e faça um esforço para realizar aos poucos as mesmas coisas.
ACREDITE EM SI MESMO. É difícil acreditar que iremos melhorar, quando estamos em crise. Mas lembre-se das vezes que você conseguiu, que outros passaram por isso e que você conseguirá. O pensamento suicida não vem de um dia para o outro, na sua maioria das vezes é um reflexo de um acúmulo de perdas, de dor, de frustrações, não é mesmo? Talvez uma parte de você queira morrer, por que o sofrimento que sente parece que não terá mais fim. E essa voz pode ofuscar a outra parte. Existe a parte que quer viver e essa parte vibra dentro de você, talvez ainda não tenha tido um encontro profundo com você mesmo para olhar para fora, para o externo, talvez pelas expectativas lançadas sobre algo, alguém ou até sobre você mesmo, talvez por condições difíceis que desafiam, ou por qualquer outro motivo. Entretanto, quando você olhar para dentro, poderá enxergar essa parte viva que clama para ser vivida, para alcançar os sonhos, para enfrentar desafios, para encarar os “nãos”. Não como o fim, mas como um obstáculo a ser superado, criando novas trilhas, criando novos caminhos, sem desistir de você, sim, de você! Porque você é quem vive a vida, logo, dê mais uma chance, duas, ou quantas forem necessárias. Não há problemas em cansar e quando cansar, descanse um pouco, pare, não se oprima em pedir ajuda. Retome prioridades, acorde um pouco mais tarde, coma algo de que você gosta, se cobre menos, reconheça seus limites, você não é igual a todo mundo e tudo bem por isso. Ouça seus sentimentos e organize-os, faça atividades que o encham de alegria. Haverá altos e baixos, momento de parar um pouco, tomar um fôlego, avaliar a situação. Nesse momento, acolha o amor dos outros, tenha paciência com você, acolha o amor de si mesmo e dê outras chances para você.
Esse espaço foi criado com muito carinho. Contém mensagens de sobreviventes de tentativa de suicídio dirigidas a você. Alguns não possuem nome, porque respeitamos o sigilo, outros fizeram questão de se apresentar. São relatos de pessoas que já passaram pelo que você está passando e com certeza possuem algo a dizer:
“Sempre haverá uma esperança, não desista de você, de tentar, de pessoas que torcem por você. Você é forte, cheia de garra. Por mais que esteja dolorosa, lute, lute. Por muito tempo vivi presa e perdida em
RECADINHOS PARA VOCÊ
pensamentos ruins, mas existe alguém aí do seu lado, então, compartilhe com ela o que incomoda, machuca. Você pode sim ser ajudada, vá a psicóloga, faça terapia, busque ajuda para você se libertar dos seus traumas e medos. (Maria Elena – Estudante de Enfermagem) “Você é uma pessoa incrível por ter passado por tudo isso e a maioria do tempo sozinha. Compreendo que você pensa em desistir todos os dias, mas você é tão forte! Os traumas que você passou irão machucá-la durante muitos anos ainda, espero no fundo do meu coração que você seja forte e consiga passar por tudo isso. Você tem muitos motivos para pensar em suicídio, muitas pessoas não conseguiriam passar por tudo o que você passou e chegar até aqui… você é incrível. Tente não desistir dos seus sonhos. Não desista, por mais que pareça difícil, você vai conseguir. Um dia você irá se lembrar de todos os pensamentos ruins e de todas as tentativas sem sucesso que você teve e irá se orgulhar por não ter desistido de você, dos seus sonhos e poderá ajudar muitas pessoas a enfrentar tudo o que você um dia já enfrentou. Você é incrível, não desista de você! ” (Identidade preservada) “Se hoje eu consigo realizar tantos sonhos, eu tenho certeza que você também vai conseguir. Não foi em um estralar de dedo que consegui ser quem eu sou. Eu pensava “eu nunca mais vou conseguir viver”. Quando eu decidi me matar, eu lembrei da minha família e me arrependi. Eu consegui reverter! (Identidade Anônima)
Às vezes temos que duvidar de nós mesmos para alcançar um nível maior. Duvidar da solidão: será que estou sozinho mesmo? Duvidar do sentimento de incapacidade: se eu nunca tentei como eu posso dizer que não consigo? E duvidar do pensamento autodestrutivo: eu já recebi ajuda antes, então eu devo ter algum valor! (Ana Marsky – Estudante de Psicologia)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
KÜBLER-ROSS, E. KESSLER, D. Os Segredos da Vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. LIRA, M. O. S. C. et. Al. Abuso Sexual Na Infância E Suas Repercussões Na Vida Adulta. Texto Contexto 2017; 26(3), pp. 2-8. ZANA, A. R. O. KOVACS, M. K. O Psicólogo e o atendimento a pacientes com ideação ou tentativa de suicídio. 2013, 13 (3), pp. 897-921. I want to kill myself. SAMARITANS. Disponível em: https://www.samaritans.org/how-we-can-help/support-and-information/if-youre-having-difficult-time/i-want-kill-myself/ Acesso em: 05 de agosto de 2019. Practical ways to help yourself cope. SAMARITANS. Disponível em: Acesso em: 05 de agosto de 2019. O Suicídio e os Desafios para a Psicologia. Conselho Federal de Psicologia. – Brasília: CFP, 2013. Prevenção do suicídio: sinais para saber como agir. Ministério da Saúde. Disponível em: Acesso em 18 de agosto de 2019. FERRARI, J. BARRETO, J. B. M. Quando o viver não vale mais a pena: a percepção do paciente suicida. Pesquisas em Psicologia, 2018, Anais eletrônicos pp. 171-198.
Livreto escrito por Taysis Fiuza, Acadêmica em Psicologia no UNASP Campus São Paulo. Capa e Diagramação por Juliana M. Moreira, Designer Gráfica e discente de Arquitetura e Urbanismo no UNASP Campus São Paulo.