COMO JESUS TRATOU OS POBRES

Um de meus amigos e seu filho estavam dirigindo ao longo de uma quente rodovia na Califórnia, vários anos atrás, e passaram por uma sorveteria. Meu amigo decidiu que seu menino de dez anos poderia querer um sorvete. Assim, ele parou o carro, deu ao menino dez moedas que correspondiam ao valor do sorvete. E disse-lhe que corresse e comprasse o sorvete. Em poucos momentos o menino voltou da sorveteria quase chorando, ele ainda tinha as moedas, e contou ao seu pai que o homem da sorveteria não lhe venderia o sorvete. Então, o pai desceu do carro, foi até o homem e perguntou-lhe: “Qual é o problema aqui? Por que você não vende um sorvete para meu filho?” O proprietário da banca de sorvete disse: ”Nós não vendemos sorvetes de ‘nove’ moedas. Seu garoto queria um sorvete de nove moedas.” Então ocorreu à mente de meu amigo pastor o fato de que seu garoto de dez anos já havia dedicado seu dízimo das moedas ao Senhor, entre o carro e a sorveteria. Assim, ele se tranqüilizou.

Explicou ao proprietário da sorveteria o que havia acontecido e pediu desculpas pelo mal-entendido. O homem disse: “É isso que você faz com suas moedinhas? Você dá ao Senhor?” “Bem”, disse ele, “vou dizer-lhe o que você vai fazer, filho. Dê todas as suas moedas ao Senhor e eu lhe darei um sorvete. ” Ele serviu uma bola, duas bolas, três bolas – até que o copinho ficou superlotado – e deu ao menino. Outra vez a promessa cumpriu-se de que Deus abriria as janelas do Céu e derramaria bênçãos. Deus Se alegra em honrar aqueles que O honram. Em S. Marcos 12 há uma história de como Jesus tratava os pobres – aqueles que tinham muito pouco, mas preferiam pôr a Deus em primeiro lugar em suas dádivas. A história começa no verso 41: “Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro.”
Você pode se lembrar de que nos dias de Cristo, aparentemente, a maneira costumeira de receber ofertas era colocar uma caixa junto à entrada do templo. E quando as pessoas deixavam a igreja, elas colocavam ali suas ofertas. Eu, pessoalmente, desejaria que pudéssemos reviver esse método, para recolher as ofertas! Mas aquele era o método nos dias de Jesus. Jesus estava em condições de ficar ali, próximo no rol da entrada, e observar: “Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. ” Versos 41 e 42.

Uma moeda dessas valia apenas uma fração de uma de nossas moedas. Até mesmo a moeda que o filho de meu amigo pôs de lado quando foi comprar o sorvete valia mais do que aquela que a viúva tinha. Mas ela entregou sua oferta, e Jesus viu. “E, chamando os Seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento.” Versos 43 e 44. Essa era uma viúva pobre, mas eu gostaria de sugerir que ela era uma rica viúva pobre. A Bíblia fala daqueles que são ricos na fé. E se você tivesse que escolher entre ser rico na fé e rico nos bens desse mundo, qual você escolheria? E fácil dar uma resposta rápida, mas o que você realmente preferiria? Essa era uma rica viúva pobre e ela recebeu boa apreciação do próprio Jesus – o que ela deve ter ouvido. Aparentemente Jesus estava tão próximo que ela foi capaz de ouvir o que se passava entre Jesus e Seus discípulos. Esse encontro ocorreu na metade da última semana da vida de Jesus, justamente poucos dias antes da crucifixão. Isso deve ter trazido encorajamento ao coração de Jesus, ver a fé dessa mulher, e deve ter sido encorajador para ela ouvir o que Jesus disse.
Freqüentemente Jesus falava palavras de apreciação. Quando criança, Ele era conhecido por falar palavras de ânimo e encorajamento. Essa viúva deve ter saído do templo com passos luminosos, com esperança no coração, com coragem para outros dias, por causa de seu contato com Jesus naquele dia. Várias lições concernentes a dar e princípios bíblicos de dar emergem dessa história. Em primeiro lugar, nossa habilidade de dar depende de três coisas: O dinheiro que temos, os bens que temos e os rendimentos que temos. Às vezes, o dinheiro das pessoas ou riquezas se perdem na aquisição de bens. Em S. Mateus 19, Jesus disse ao jovem rico: “Vai vende os teus bens, dá… ” (Veja verso 21.) Livre-se de alguns dos seus investimentos. O padrão bíblico para dar se encontra em Malaquias, onde o método de Deus é descrito. Ele nos pede que demos num plano percentual. Realmente, esse é o único meio justo de medir a dádiva. Às vezes, podemos nos iludir pensando que temos dado muito, apenas porque temos dado mais dinheiro do que muitos outros. Mas, na história dessa viúva, temos um outro princípio: Deus mede nossas dádivas, não pela quantia de dádivas, mas pela quantia que sobrou após termos dado. E por Sua avaliação essa mulher havia dado mais do que todos os outros, pois ela deu tudo que tinha. Vamos tomar uma ilustração dos dias atuais. Suponha que um aluno da faculdade, tentando trabalhar para custear seus estudos, seja apto a ganhar mil reais extras durante o mês. De acordo com o princípio bíblico do dízimo, que é 10%, ele deveria devolver a Deus 100 reais, o que realmente não é uma dádiva. Isto é apenas ser honesto. Isto não é ser generoso. O ensino da Bíblia é que 10% de nossas entradas pertencem de qualquer maneira a Deus. Mas, se este mesmo estudante, fosse também entregar 25 reais na sacola da oferta, durante o mês, além de seu dízimo, ele não poderia pensar que havia dado muito.
Uma outra pessoa, com sólido emprego e um salário regular, poderia obter 10 mil reais durante o mês, pagar mil reais de dízimo, e entregar 25 reais na sacola de oferta. Tal pessoa teria dado a mesma quantia quanto o aluno. E a pessoa que consegue 20 mil reais em um mês, devolve 2 mil reais de dízimo, e põe 50 reais na sacola da oferta, deu a mesma porcentagem que deu o estudante. Isso realmente nos conta algo sobre a justiça de Deus, não é? Seria possível compreender mal a lição da história da viúva e dizer: “Nós deveríamos dar tudo o que temos para a igreja.” Não, isso não é o que Jesus está dizendo – e não é o que Ele espera. É certo ter alguma coisa sobrando. Abraão tinha alguma coisa sobrando. Abraão era rico. E Abraão tinha bom conceito. Outros, nas Escrituras, tinham grandes riquezas: Jó, Davi, e Salomão, para mencionar apenas poucos. É legítimo ter uma base da qual fazer mais dinheiro, desde que tal aumento não obstrua nosso censo de necessidade e se torne mais importante a nós do que o tesouro celestial. Davi disse isso muito bem em Salmo 62:10: “Se as vossas riquezas prosperam não ponhais nelas o coração.” Consideremos um outro relato – a história do rico louco. Ela se encontra em S. Lucas 12, começando com o verso 16: ”E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos?” E bem aí ele se perdeu. De quem eram esses frutos? “E disse: Farei isto: Destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então direi à minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco.” Tu és um homem louco. Esqueceste quem é Aquele que mantém o teu coração batendo. Esqueceste quem é Aquele que realmente possui os frutos e os rebanhos sobre mil montanhas e o ouro e a prata e todas as minas.
“Esta noite te pedirão a tua alma: e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus.” Versos 16 e 21. Aqui você tem um contraste com a viúva pobre. Ela deu tudo que tinha – ele guardou tudo que tinha. Que diferença! A natureza humana é esta: quanto mais dinheiro você tem, mais dinheiro você gasta. Nós construímos maiores celeiros. Celeiros? Bem, talvez não estejamos muito interessados em celeiros. Mas quão fácil é usarmos nossos recursos para maiores casas, melhores carros, férias mais dispendiosas – e esquecer da necessidade do pobre, negligenciar a obra do Senhor, esquecer quem é que nos dá o poder para termos riquezas. Uma outra lição de como Jesus tratou a viúva pobre é que o mais pobre, o mais humilde, e não notado – pelos padrões mundanos – ainda é de grande valor aos olhos de Jesus. Pelos padrões e avaliações de Seus dias, as mulheres eram cidadãs de segunda classe. Uma mulher que tinha perdido a companhia de seu esposo tinha perdido mais do que apenas isso – tinha perdido seu status na sociedade. E uma mulher que era viúva e pobre estava entre as mais baixas de todas. As pessoas dos dias de Cristo avaliavam a espiritualidade pela riqueza e bens materiais. Até mesmo os discípulos de Cristo, quando Jesus lhes contou quão difícil era para um homem rico entrar no reino dos Céus, perguntaram: “Quem então pode ser salvo?” Veja S. Mateus 19:23-25. Era comumente aceito que quanto mais rico você fosse, mais alto você estaria aos olhos do Céu e aos olhos dos homens. Nessa história, porém, vemos que a base é nivelada aos pés da cruz. Essa viúva, em sua pobreza e humildade, estava apta a dar mais do que todos os demais, mais do que todos os ricos e os honrados e os notados. Isto era verdade não apenas na porcentagem que ela deu, mas também nos resultados de sua dádiva. Por causa do elogio de Jesus a sua pequena oferta, outros têm sido encorajados a trazer o pouco que eles têm, o que de outra maneira eles poderiam ter considerado muito pequeno para ser aceito. E enquanto as ofertas dos ricos fariseus há muito tempo já foram esquecidas, as duas moedas dessa viúva têm sido o inicio de uma corrente de pequenas dádivas espalhando-se até o dia de hoje. Ela deu porque amava, e isso é o que fez a diferença. E o amor de Jesus que faz todas as nossas dádivas, grandes ou pequenas, de valor aos olhos do Céu. Nossa dádiva deve ser uma resposta, uma reflexão, do dom de Jesus. “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por amor de vós, para que pela Sua pobreza vos tornásseis ricos.” II Coríntios 8:9.

Quão gratos podemos ser pelas riquezas que são nossas em Cristo Jesus. E quão gratos podemos ser pela maneira como Ele tratou a viúva pobre dando-lhe riquezas eternas.