Veja como o Brasil saiu da faixa da desnutrição infantil e hoje se preocupa com a obesidade das crianças no país.
A obesidade infantil cresceu em todo o mundo nos últimos anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o excesso de peso atinge cerca de um terço das crianças e adolescentes com idade entre 6 e 19 anos nos EUA.
Semelhantemente, no Brasil, um grande estudo sobre a saúde cardiovascular dos escolares (ERICA), mostrou que cerca de ¼ das crianças e adolescentes brasileiros estão acima do peso ideal.
Aliás, o excesso de peso sempre foi visto como um problema de aparência pessoal, que interfere na autoestima e aceitação do individuo no grupo. Sabemos que crianças ditas “inocentes” conseguem ser muitas vezes cruéis!
Elas magoam e ferem os colegas que estão acima do peso, usam apelidos pejorativos, praticam bullying. Porém, mais do que isso, o excesso de peso tem um agravante, pode levar ao surgimento de vários problemas de saúde.
Além do mais, a infância é um período crítico para o desenvolvimento do excesso de peso! É sabido que uma criança obesa tem maiores chances de ser um adolescente obeso e, consequentemente, um adulto obeso. E aí reside um grande problema!
Com isso, a obesidade aumenta de forma drástica os riscos de doenças bem sérias como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, depressão e ansiedade.
Mas não se engane: a obesidade é uma doença e a prevenção ainda é o melhor remédio! Crianças e adolescentes dentro do peso ideal não só tem melhor qualidade de vida, como certamente menores chances de doenças agora e quando forem adultos.
Mas por que nossas crianças estão obesas?
Anteriormente, o Brasil era conhecido pela desnutrição infantil (que ainda existe, em menor proporção claro!) mas hoje, nossas estatísticas se aproximam dos países mais obesos do mundo. Uma triste realidade!
Isso ocorre porque a dieta da criançada é rica em calorias vazias e alto teor de gorduras. Batatas fritas, comida de “pacote” (biscoitos e chips), bebidas açucaradas, carnes embutidas e muitos outros vilões da saúde são presença garantida na rotina da molecada.
Fora isso, as embalagens são coloridas, atrativas e com imagens de desenhos animados. De fato, um bombardeio e uma imensa influência da indústria e da mídia.
Outro fator, é a falta de exemplo dos próprios pais! As crianças imitam os hábitos alimentares do seus pais. Filhos de pais obesos tem duas vezes mais chances de se tornarem obesos, por fatores genéticos, mas também por herdarem um estilo de vida inadequado.
Obesidade infantil: estilo de vida sedentário
O sedentarismo tomou conta das crianças e jovens. A vida urbana e a crescente violência não facilitam que as crianças tenham atividades ao ar livre como antigamente.
Além disso, a diversão eletrônica cada vez mais substituiu a atividade física de lazer, oferecendo risco ao sobrepeso, já que é uma atividade que confere pouco gasto de energia.
O tempo que as crianças passam diante da tela, aumentou para três horas ou mais por dia e, quase sempre, está associado ao consumo de alimentos hipercalóricos e ao baixo consumo de frutas e vegetais.
Por outro lado, o uso de eletrônicos é também mais uma oportunidade para a exposição da publicidade de alimentos não saudáveis. Estudos mostram uma clara relação entre o tempo de tela excessivo com excesso de peso.
Para piorar este cenário, muitas escolas reduziram o tempo destinado à educação física, oportunidade que para alguns, talvez fosse a única para se exercitar.
A obesidade infantil está ligada à distúrbios psicológicos
A saber, crianças e adolescentes também sofrem de ansiedade provocado pelo stress do dia a dia. As preocupações em semanas de prova, tensão do vestibular ou problemas na convivência familiar geram ansiedade, provocando comilança.
Com isso, por de trás de um obeso, pode existir algum problema psicológico. Geralmente, a sociedade exclui os “gordinhos” das brincadeiras ou do circulo de amizade.
Portanto, quando isso acontece, as coisas só pioraram! O isolamento vem e alimentação vira uma fuga. Quanto mais rejeitados, mais ansiedade e mais comida.
Por fim, o excesso de peso também pode estar associado a depressão, distúrbios alimentares, de imagem corporal distorcida e baixa auto-estima.
Como podemos evitar que nossas crianças se tornem obesas?
Para isso, algumas atitudes vão fazer a diferença! E tudo começa nas primeiras refeições do bebê fora do útero da mãe. A amamentação reduz cerca de 10% as chances do sobrepeso.
Somado a isso, elaborar um cardápio semanal atrativo e saudável, baseado no consumo de frutas, verduras, grãos integrais, leguminosas, leite, castanhas, óleos vegetais e sucos naturais.
Outra dica é evitar alimentos ultraprocessados como: biscoitos industrializados, temperos “instantâneos”, refrigerantes, nuggets, salsichas, etc.
Último conselho…
Além disso, praticar atividade física, brincar ao ar livre, andar de bicicleta ou qualquer outra atividade que tire a criança do sedentarismo.
Outra sugestão é reduzir as horas de uso que as crianças gastam com aparelhos eletrônicos também é uma ótima atitude! E, por último, seja exemplo! Isso já será metade do caminho para evitar o obesidade infantil.
Marcela Borges –Enfermeira, mestre em Saúde Pública