VENCENDO A AMEAÇA À CONSCIÊNCIA

Dia 6
PRIMEIRO DEUS: RUMO AO LAR

Texto bíblico:
“E ela será adorada por todos os que habitam sobre a terra, aqueles que, desde a fundação do mundo, não tiveram os seus nomes escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto” (Ap 13:8).
O mundo ocidental em que vivemos é, sem dúvida, contraditório.
Ao mesmo tempo que exalta um tipo de vida e conduta, questiona as ações de outras perspectivas que promovem diferentes visões sobre a família e a ética. Tudo isso sob o pretexto da chamada tolerância
cultural, que, no fim das contas, é ironicamente intolerável. Por trás
dessa “tolerância intolerante”, esconde-se o desejo de impor pela força um ponto de vista que, na maioria dos casos, contradiz o relato bíblico.
O livro do Apocalipse, por sua vez, nos diz que no final dos tempos
o ponto em discussão estará ligado à lei de Deus, principalmente
à adoração divina. Embora esse tempo ainda não tenha chegado,
podemos ver o surgimento de casos, como os já mencionados, que
retratam as pressões da sociedade sobre o que o crente acredita e
prega. Hoje estudaremos o capítulo 13 do livro do Apocalipse e procuraremos retratar as circunstâncias e os personagens dessa parte
final da história deste mundo (Ap 12:17-13:18).


A ADORAÇÃO DA BESTA E DO DRAGÃO
(Ap 12:17-13:10)
João informa que o dragão, identificado como “a antiga serpente,
que se chama diabo e Satanás” (Ap 12:9), foi fazer guerra contra o
povo remanescente, “os que guardam os mandamentos de Deus e
têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17). Da mesma forma que o dragão tentou destruir Jesus por meio de Herodes, quando Jesus ainda era uma criança (Ap 12:4; Mt 2:13-18), o dragão também usará duas
bestas para realizar seus propósitos contra o resto da descendência
da mulher (Ap 12:17; 13:1, 11).
A primeira besta que João viu subir do mar tinha sete cabeças e
dez chifres, e era semelhante a um leopardo, com pés como os de um
urso e boca como a de um leão (Ap 13:2). A fisionomia dessa besta
nos lembra as bestas de Daniel 7, que também saem das águas (Dn
7:2-7). É importante observar que a ordem das bestas em Apocalipse
é apresentada de forma inversa, pois o primeiro animal em Daniel é
um leão, seguido por um urso, um leopardo e uma besta indescritível
com 10 chifres (Dn 7:2-7).
Considerando que as bestas estão em paralelo com os metais de
Daniel 2 (Dn 2:36-40), é biblicamente correto afirmar que essas bestas representam os impérios que surgiriam de Babilônia (leão) a Roma (besta indescritível). É importante observar que o que João
vislumbra primeiro são as cabeças e os chifres, o que significa que
João está localizando historicamente o surgimento dessa besta na
época do Império Romano.
No entanto, por causa das características da besta e de seu comportamento, é importante observar que João não tem em mente o poder imperial romano, mas especificamente o poder papal (Ap 13:5-7). É
possível argumentar isso porque as características que descrevem o
comportamento da besta que emerge do mar se assemelham ao comportamento do chifre pequeno descrito em Daniel. Ambos abrem a boca com insolência (Dn 7:8, 20; Ap 13:5-6), guerreiam contra os santos (Dn 7:21; Ap 13:7) e atacam a função e o significado do santuário
celestial (Dn 8:11; Ap 13:6).
O novo elemento que João acrescenta, contudo, é o fato de que
uma das cabeças da besta é ferida de morte (Ap 13:3) uma ferida
mortal que depois é milagrosamente curada, imitando assim a morte
e a ressurreição de Jesus (Ap 5:6, 9). Isso também pressupõe que o
dragão, identificado como Satanás (Ap 12:9), pretende tomar o lugar
de Deus e, assim, realizar o desejo que o levou a ser expulso do Céu:
ser como o Altíssimo (Is 14:14). Portanto, essa primeira besta procura imitar Jesus Cristo, pois é adorada ao lado do dragão (Ap 13:4), assim como Jesus e o Pai são um (Jo 10:30) e são adorados pelas hostes
celestiais (Ap 4:10; 5:9-14).
O conflito de intolerância religiosa que se aproxima girará em torno da adoração exigida pela besta e da verdadeira adoração exigida por Deus (Êx 20:3-6). Os remanescentes, que guardam os mandamentos de Deus (Ap 12:17), sabem que a lei de Deus ordena adorar
somente a Deus e considerar todas as outras devoções como falsas
(Êx 20:3-6; Dt 6:13; Mt 4:8-10). Devemos estar preparados e eliminar hoje os falsos ídolos que possam estar povoando nosso coração.
Esses ídolos modernos podem assumir muitas formas, e é dever de
cada um de nós reconhecê-los e removê-los de nossa vida. Ao fazer
isso, estaremos preparados quando a batalha se intensificar e nossa
vida estiver sendo testada.
Vale a pena destacar que a ferida mortal que foi infligida à besta ainda não foi completamente curada (Ap 13:3). Sabemos disso por pelo menos duas razões. Por um lado, ainda não vemos a Terra se maravilhando e indo atrás da besta (Ap 13:5). Por outro lado, ainda não chegou o momento em que ele será adorado por “todos os que habitam sobre a terra, aqueles que, desde a fundação do mundo, não tiveram
os seus nomes escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto”
(Ap 13:8). No entanto, temos certeza de que em algum momento essa
cura milagrosa ocorrerá e de que esse dia não está muito distante. Sabemos disso, pois assim como a profecia não deixou de predizer que
a besta seria ferida, e ela se cumpriu, também temos certeza de que
sua cura certamente ocorrerá em algum momento futuro.
Em meio ao surgimento das duas bestas, João faz uma pausa e nos
diz que alguns serão levados cativos e morrerão (Ap 13:9). Esse parêntese, no entanto, não tem a intenção de nos fazer desanimar, mas
de nos encorajar: “Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos” (Ap 13:10). Ou seja, em meio à aflição, os justos perseveram e vencem por meio da fé.


O CORDEIRO, O DRAGÃO E A MARCA DA BESTA
(Ap 13:11-18)
A segunda besta, que João agora vê surgindo da terra (Ap 13:11), é
o próximo agente que o dragão usará para destruir o remanescente
(Ap 12:17). Essa besta “tinha dois chifres, parecendo cordeiro, mas
falava como dragão” (Ap 13:11). O que é diferente nessa besta, em
comparação com a primeira, é que seu objetivo é fazer com que os
habitantes da Terra adorem a besta do mar (Ap 13:12). Isso significa
que, assim como a primeira besta parodia a figura de Jesus, a segunda
besta falsifica a atuação do Espírito Santo. Em outras palavras, a segunda besta finge ser o Consolador (Jo 14:16, 26; 15:16; 16:7), “o Espírito da verdade, que dele procede”, e que testifica de Jesus (Jo 15:26).
Consequentemente, e depois de ter revelado os personagens acima, é hora de observar que o Apocalipse expõe a existência de uma falsa trindade. Enquanto o dragão imitaria o Pai, a besta marinha
imitaria o Filho, e a besta terrestre imitaria o Espírito Santo. Isso significa que o engano será muito mais complexo do que imaginamos, o que claramente terá conotações religiosas.
É significativo destacar que a atuação da besta terrestre ocorre somente quando a ferida mortal da primeira é curada (Ap 13:12, 14).
Quando isso acontecer, e para convencer a humanidade a seguir e
adorar a besta do mar, a besta que surge da terra “opera grandes sinais, de maneira que até faz descer fogo do céu sobre a terra, diante de todas as pessoas” (Ap 13:13). Sua principal estratégia consiste em
enganar os habitantes da Terra, agindo como os profetas do Antigo
Testamento, entre eles Moisés e Elias, que realizaram sinais maravilhosos diante de Deus e dos homens (Êx 7:11-12; 1Rs 18:38; 2Rs 1:10-14). Essa ação profética explicaria a razão pela qual João também
chama essa besta de falso profeta (Ap 16:13; 19:20; 20:10).
O que foi dito acima deve nos convidar a refletir sobre a importância de não sermos enganados pelo que nossos olhos veem, mas pelo que a Palavra de Deus condena. Vivemos em uma sociedade cheia de
falsos profetas que, por meio do engano, querem que pensemos que
nossa fé na Palavra de Deus está errada. Assim como os ensinamentos céticos do agnosticismo, o espiritismo opera sob a bandeira da dúvida bíblica e promove uma atitude intelectual e religiosa que busca destruir nossa fé no Deus verdadeiro. É essencial que nosso estudo
das Escrituras Sagradas nos impeça de tais tentações e que a presença do Espírito Santo seja uma realidade diária em nossas vidas.
É transcendental reparar que o foco dessa parte do relato novamente tem a ver com o ato de adorar a primeira besta (Ap 13:12). E não deveria nos surpreender que o principal promotor dessa falsa
adoração seja a besta que surge da terra (Ap 13:12, 15). Aqui, no entanto, a história assume um tom diferente e certamente dramático.
Pois, assim como durante a Idade Média os papas romanos perseguiram aqueles que pensavam de forma diferente (Ap 13:5-7) e não os seguiam, o mesmo acontecerá no futuro quando a ferida mortal
deles for curada (Ap 13:3, 12, 14).
A implementação de uma marca (Ap 13:16) e a construção de uma
imagem (Ap 13:14-15) são os artifícios que a besta terrestre utilizará
para cumprir sua missão. A imagem criada pretende imitar a criação
do homem (Ap 13:15), que passou a existir quando Deus soprou em
seu nariz o sopro de vida (Gn 2:7). Não podemos negligenciar o fato
de que a imagem da besta tem a habilidade de falar e matar unicamente quando lhe é permitido receber o sopro da vida (Ap 13:14-17).
Isso implica que a imagem, no contexto deste capítulo, evoca o ato da
falsa criação e, portanto, aponta para um falso criador.


O SIGNIFICADO DA IMAGEM E DA MARCA (Ap 13:11-18)
Em termos concretos, a criação da imagem da besta representa o
colapso de qualquer tipo de tolerância civil e a anulação certa do
limite legal que separa as esferas estatal e religiosa. Em outras palavras, o Apocalipse prevê que, em algum momento da história do
nosso planeta, leis contrárias à lei divina serão impostas, e aqueles
que ousarem recursar-se a segui-las serão perseguidos e mortos. O
estabelecimento de uma marca, cuja obrigação abrange toda a esfera social e econômica, permitirá que os indivíduos exerçam sua liberdade sem impedimentos (Ap 13:15-18). Aqueles que se recusarem a fazer isso se tornarão escravos e párias sociais e, como mencionado, dignos de morte (Ap 15:15).
O significado da marca tem como principal paralelo o selo de
Deus, o que Deus coloca sobre aqueles que Lhe pertencem (Ap 7:3;
14:1). Desse modo, a marca da besta funciona como a falsificação
do selo divino e procura parodiar a presença e a vontade do Criador na testa e na mão daqueles que a recebem (Ap 13:16; ver 7:3; 14:1). Se tivermos em mente que a imagem emula a falsa criação
divina, a marca da besta funciona simbolicamente como a imposição forçada de um dia que imita o dia que Deus estabeleceu como memorial da criação (Gn 2:1-3; Êx 20:11). Esse dia é o domingo, o
primeiro dia da semana; um dia falso, pois o único dia que Deus
abençoou e santificou foi o sábado.
Entretanto, para que o domingo assuma a conotação que mencionamos e se torne a marca da besta, a ferida da besta marítima deve primeiro ser curada. Em seguida, deve haver uma configuração política que forçosamente implemente leis e regulamentos humanos
e que, dessa forma, torne possível impor um dia de guarda sobre o
outro. Não há dúvida de que esse momento chegará, e, por isso, devemos estar preparados.
O quadro pintado por João retrata vividamente uma ameaça real
à liberdade de consciência. O mundo ocidental, com algumas exceções, desfruta do direito de escolher a crença religiosa e descansar,
de forma livre e consciente, no dia em que decidiu fazer isso. Não
está longe o tempo em que esse direito nos será tirado e seremos
pressionados a seguir o caminho da maioria, daqueles que apoiarão
a besta. Não tenhamos medo, pois a promessa de Jesus é clara: Ele
estará conosco até o fim deste mundo (Mt 28:20).


CONCLUSÃO
O diabo, simbolizado pela imagem de um dragão no Apocalipse,
empregará dois agentes para destruir os remanescentes. O primeiro,
uma besta que surge do mar imita Jesus e busca adoração. O segundo, a besta terrestre, emula o Espírito Santo e promove a adoração da besta que surge do mar. A estratégia usada para realizar seus planos tem a ver com a criação e imposição de verdades satânicas, que
procuram infringir a liberdade de consciência.

Não está longe o dia em que os homens e mulheres que compõem
o remanescente serão forçados a escolher entre a lei de Deus e as leis
dos homens. Como memorial da criação, o sábado estará no centro
do debate, e serão os membros do remanescente que mostrarão ao
mundo a importância e o valor do sábado.

Convido você a orar para
que, nesse dia, possamos permanecer firmes e fiéis ao Deus todo-poderoso.

E que não esqueçamos que o propósito do diabo é enganar,
dentro do possível, até os escolhidos (Mt 13:22). Por essa razão, não
deixemos de orar e preparar nosso coração para que esse dia não nos
surpreenda como um ladrão (1Ts 5:4).