Pesquisa revela comportamento de mais de 100 mil adventistas

Dados de oito países da América do Sul integram pesquisa realizada mundialmente pela Igreja Adventista.

Por Felipe Lemos| Brasil 6 de novembro de 2022


Pastor Edward Heidinger compartilhou resultados que mostram condições dos membros da América do Sul (Foto: Gustavo Leighton)

Delegados do Concílio Anual da Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul conheceram alguns resultados de uma pesquisa realizada com membros em 2022. A verificação é uma iniciativa da sede mundial adventista e foi realizada em todas as sedes mundiais conhecidas como Divisões. Os dados se referem ao comportamento dos membros durante o ano de 2021. É importante lembrar que, naquele ano, ainda havia efeitos de restrições decorrentes da pandemia da Covid-19.

Os dados apresentados pelo secretário executivo da sede sul-americana adventista, pastor Edward Heidinger, são relacionados ao território sul-americano. É uma área compreendida por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. 

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A pesquisa foi realizada de fevereiro a abril e 102.190 pessoas a concluíram completamente. Do total, 48,8% das respostas foram fornecidas de maneira online e 51,2% por meio de formulários impressos. Ao todo, 58,5% dos respondentes eram mulheres e 41,5%, homens. A maior parte dos que concluíram essa pesquisa (53,7%) possuem entre 18 e 45 anos de idade. Os respondentes da pesquisa são de 2.802 congregações adventistas, ou seja, 9,8% do total em todo o território sul-americano (28.594).

Leitura da Bíblia

O questionário geral chegou a 269 perguntas, o que garantiu uma profusão de respostas. Alguns aspectos chamam a atenção em relação à vida cristã. 50,5% dos membros que responderam a pesquisa até o final disseram que leram diariamente a Bíblia ou mais de uma vez por dia nos últimos 12 meses. Em aferição semelhante feita em 2017, esse percentual chegava a 51%. 

Rute Mamani (direita) participou de um projeto de evangelismo e foi desafiada a dar estudos bíblicos. Agora está discipulando outra pessoa. (Foto: Gustavo Leighton)

Quando se fala de faixa etária, entre os que afirmaram ler diariamente a Bíblia, nos últimos 12 meses, 33,8% eram jovens entre 18 e 30 anos. Das demais idades (menores de 18 anos ou maiores de 30), somam 54,9%. Os membros batizados há até 5 anos representam 43% dos que responderam que leram a Bíblia diariamente nos 12 meses passados. E os membros acima de 6 anos de batismo representam 52,2% desse total.

Culto familiar

O culto familiar é uma prática difundida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia há muitos anos. Consiste no conceito de que cada família mantenha momentos de culto no lar todos os dias. Essa prática foi adotada diariamente, nos últimos 12 meses, por 30,9% dos respondentes e uma vez por semana por 16,6%. 11,8% disseram que fizeram o culto cerca de uma vez por semana nos últimos 12 meses; 9.4% falaram em uma vez ou algumas vezes por mês e 8,8% menos de uma vez por mês.

Livros de Ellen White

Os escritos de Ellen White, registrados em dezenas de livros traduzidos para vários idiomas, constituem historicamente a revelação profética para os adventistas. É, em essência, uma crença essencial da organização. A pesquisa mostrou que apenas 12% dos respondentes afirmam que leram livros de Ellen White nos últimos 12 meses. 23,5% disseram que nunca leram e 20,2% afirmaram que leram ao menos uma vez por mês nos últimos 12 meses. 

Relação com a igreja

A pesquisa ouviu também a opinião dos membros a respeito de sua relação com a igreja. Um grupo de 78,4% dos que responderam afirma que muito provavelmente frequentará a Igreja Adventista do Sétimo Dia pelo resto da vida. Pelo menos 71,6% possuem entre 18 e 30 anos de idade e 80,2% são de outras idades (menores de 18 anos e maiores de 30 anos de idade).

Gráfico apresenta respostas à pergunta sobre probabilidade de membros permanecerem durante o resto da vida na Igreja Adventista do Sétimo Dia (Foto: Reprodução)

Foi avaliada, também, a concordância dos que responderam acerca de afirmações provenientes das crenças fundamentais adventistas. Foram listadas 10 afirmações. O diagnóstico oferece algumas perspectivas desafiadoras. A maior concordância (94,8%) é com a afirmação de que o verdadeiro sábado é o sétimo dia. E a menor concordância (81,6%) é a de que Deus criou o mundo em seis dias literais em um passado relativamente recente.

Reputação

A pesquisa também ouviu as mais de 100 mil pessoas referente a outros aspectos da sua relação com a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Houve questões que tratam da percepção das pessoas sobre a própria Igreja. Foi apresentada, por exemplo, a seguinte afirmação: “Tenho orgulho de minha igreja, de seu papel e reputação em minha comunidade”. Os respondentes precisavam dizer se concordavam, se discordavam ou se não tinham certeza da sentença. 78,3% concordaram com essa afirmação, 14.4% não se mostraram certos e 7,3% discordaram.

Entre os pesquisados de 18 e 30 anos, 72,7% concordaram. E 79,8%, de demais idades, concordaram. O comparativo com esse mesmo tipo de pesquisa, em 2017, evidenciou que a concordância com a afirmativa de uma boa imagem da Igreja na comunidade alcançava 81,4% dos respondentes. O percentual diminuiu atualmente para 78,3%.

Vida eclesiástica

A pesquisa verificou, ainda, a respeito da percepção dos temas frequentemente pregados ou apresentados nas congregações locais. 88,1% dos respondentes falaram sobre o tema da segunda vinda de Cristo; 81,7% a respeito do sábado; 78,8% em relação à missão da Igreja Adventista e 69,7% entendem que se prega mais sobre justificação pela fé.

Dados comparativos entre os que participaram da Escola Sabatina de forma presencial nos últimos 12 meses (Foto: Reprodução)

Quando o assunto é frequência às reuniões da Escola Sabatina, um grupo de 76,6% dos que responderam à pesquisa afirmaram que, nos últimos 12 meses, participaram da Escola Sabatina quase todas as semanas. E 5,1% afirmaram que sua frequência foi de uma vez por mês apenas. Já a lição da Escola Sabatina (que propõe estudos diários de temas da Bíblia) foi estudada diariamente ou mais de uma vez por dia, nos últimos 12 meses, por 45,6% dos pesquisados. Já 23,4% disseram que estudaram mais de uma vez por semana e 10,5% responderam que estudaram cerca de uma vez semana apenas.

Uso de mídias sociais

Informações referentes às atividades em mídias sociais, especialmente com relação à atividade religiosa, também foram observadas pela pesquisa. 61,6% afirmaram que utilizam para qualquer propósito. Outros 45,9% falaram que aproveitam seus perfis para estudar a Bíblia. Um percentual de 38,3% disse que usa as mídias sociais para ler ou responder a posts da igreja, organizações ou instituições adventistas. E 31,9% responderam que utilizam o ambiente das mídias sociais para ajudar na missão de salvar. 

O pastor Edward Heidinger explicou que tamanha pesquisa exigiu um trabalho de avaliação técnica. Após a apresentação, o diretor associado da Educação Adventista, doutor Sócrates Quispe, frisou que os dados precisam ser usados como ferramenta estratégica. “De nada servirá o esforço de análise, se não houver uma aplicação disso para planos e ações”, ressaltou. O secretário executivo da Igreja Adventista no Chile, Charles Rampanelli, comentou que essas informações ajudarão a orientar as atividades na sua realidade. 

Já o diretor geral da Educação Adventista, pastor Antônio Marcos Alves, pontuou que dados sobre a crença na criação literal de Deus preocupam e estão no radar das escolas adventistas. A ideia é justamente utilizar tais dados para se propor ações em áreas identificadas como deficientes na compreensão adventista. 

Em futuras reportagens e artigos, a Agência Adventista Sul-Americana (ASN) vai explorar outros aspectos dessa pesquisa. Os dados completos, por região e países, foram encaminhados às respectivas sedes regionais adventistas. A ideia é que sirvam para planejamentos estratégicos.  


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