Sobre a aprendizagem na vida - Alguém já fez o caminho

Quarta de poder por Thiarlles Boeker Portes

“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” 1 Coríntios 10:12

Mais importante do que celebrar uma vitória é aprender com o caminho. Ao observar a vida, podemos identificar três formas com as quais aprendemos. Primeiro, podemos insistir em nossos erros, sofrer muito
e talvez chegar a algum lugar. Temos também a oportunidade de reconhecer as falhas o mais brevemente possível, corrigir a rota, dando assim espaço para os almejados acertos e a felicidade. Mas há ainda uma terceira possibilidade de aprendizado, que se dá na antecipação das informações através de um olhar cuidadoso, apurado e ponderativo, que mira nos que já fizeram o caminho. Sobre essa última forma, existe uma expressão conhecida que a sintetiza bem: “aprender com os erros dos outros”.
Devemos estar cientes de que não existe resposta para tudo. Algumas questões só se revelarão com o tempo, ou seja, depois de um cenário mais amplo e completo. Aconteceu assim com algumas profecias bíblicas que foram compreendidas após sua ocorrência.
É importante lembrar também que existem respostas claras e precisas para outras perguntas da vida. Dedicar um tempo para refletir no conteúdo bíblico nos presenteará com lições aprendidas ou não por seus personagens, durante o caminho que eles trilharam.
Paulo propõe essa ideia em 1 Coríntios 10:1-13, tratando a história do povo liberto da escravidão no Egito como uma maquete da vida, um exemplo para nós, tanto na saída quanto na caminhada e na chegada a Canaã
(v. 6). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10:12). “Ver” para não cair, aprender e aplicar para evitar as rotas de sofrimento na vida. Estamos começando hoje e vamos continuar aplicando esse conselho da Palavra em cada mensagem das Quartas de Poder.

DESENVOLVIMENTO

  1. O manual da vida
    Um menino ganhou um brinquedo eletrônico movido a energia elétrica. Era um presente dos pais pelo aniversário de 10 anos e ele estava super ansioso para começar a brincar. Depois de abrirem a caixa juntos, a ansiedade foi prolongada por mais 40 minutos, pois o
    brinquedo simplesmente não funcionava. A conclusão quase unânime era de que o brinquedo estava quebrado.
    Antes de voltarem para a loja com o propósito de realizarem a troca, alguém teve uma brilhante ideia:
    “Vamos ler o manual?” Rapidamente pegaram o livrinho jogado entre as embalagens rasgadas e que surpresa!
    Em letras quase garrafais estava escrito: “Este brinquedo está com chave para 220V. Se a energia for 110V, inverta a chave”. Pronto, tudo estava funcionando.
    E você? Já usou alguma coisa sem se preocupar com as instruções do fabricante? Já jogou algum manual de lado e partiu para a prática? Muitas pessoas estão vivendo o risco de partir para a vida sem consultar o manual. Quantos problemas poderiam ser evitados! Quem sabe nos machucaríamos menos e seríamos mais felizes. Como disse o apóstolo, o relato da viagem do povo de Israel é “exemplo para nós” (v. 6). Paulo está propondo olharmos para o que Deus deixou registrado e está nos convidando a aprender com as lições dessa trajetória, que começa na libertação da escravidão, passa pelo deserto e tem sua chegada a Canaã.
    As murmurações do antigo Israel, e seu rebelde descontentamento, bem como os poderosos milagres realizados em seu favor, e os castigos de sua idolatria e ingratidão, acham-se escritos para nosso benefício. O exemplo do antigo Israel é apresentado como advertência ao povo de Deus, a fim de evitarem a incredulidade e escaparem a Sua ira. Houvessem as iniquidades dos hebreus sido omitidas do Registro Sagrado, sendo contadas apenas suas virtudes, sua história deixaria de ensinar-nos a lição que ensina. —Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 11
  2. Como afirma o salmista, “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Sl 119:105). Viver neste Egito moderno, ou mesmo cruzar este deserto atual cheio de surpresas, perigos e inimigos que sequer esperávamos, tudo isso sem a Palavra de Deus, é como andar no escuro. Seguir sem essa referência é abrir portas para tropeços e quedas, e acumular sofrimentos pessoais e familiares. Leia o Manual e coloque as histórias, as escolhas e os resultados dos que já fizeram o caminho em seu coração. Certamente isso lhe ajudará em suas decisões e lhe auxiliará a traçar uma rota mais feliz e segura.
  1. Para os que estão em pé Uma das tarefas mais difíceis da vida é levar o filho para tomar vacina. Levamos nossos filhos em tão boas
    condições, cheios de saúde, e lá eles sentem dor e, às vezes, passam dias sofrendo com algum tipo de reação.
    Provavelmente você já esbarrou em desafio semelhante, ao presenciar pais levando os filhos para exames de sangue e, quem sabe, ouviu entre os gritos: “Pai, eu estou bem, não precisa”. É normal sentir um aperto no peito diante do sofrimento e dor das crianças. Entretanto, os pais não pensam duas vezes, pois sempre olham além do presente momento.

Uma pessoa disse certa vez: “Estou bem, não faz mal faltar ao culto de hoje”. Entretanto, as mensagens, programas e movimentos não se concentram apenas em restauração, mas também no fortalecimento diário de nossa vida espiritual. Não lemos a Palavra de Deus só para corrigir rotas, mas também para nos mantermos no caminho. Falar para os que estão “em pé” é lembrar que as mensagens não são apenas para levantar os caídos, mas também para que os crentes permaneçam firmes em sua fé.
Os que aceitam a Cristo e dizem em sua primeira confiança: “Estou salvo!”, estão em perigo de depositar confiança em si mesmos. Perdem de vista a sua fraqueza e necessidade constante do poder divino. Estão
desapercebidos para as ciladas de Satanás, e quando tentados, muitos, como Pedro, caem nas profundezas do pecado. Somos advertidos: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia”. 1 Coríntios 10:12
.
Nossa única segurança está na constante desconfiança de nós mesmos e na confiança em Cristo. — Parábolas de Jesus, 154, 155.
Independente do quadro atual de nossa vida espiritual, se estamos caídos ou firmemente em pé, uma realidade é imutável: nunca chegará um momento em que não dependeremos de Cristo em nossa vida. Sem Ele,
nada podemos fazer (Jo 15:6). A palavra é permanecer, ou seja, manter ativa nossa comunhão com o Salvador.
Mesmo que seu nível de maturidade espiritual esteja elevado na avaliação de muitos, e quem sabe até você já tenha chegado a essa conclusão, saiba que, sem Jesus, tudo seca, murcha e morre. Que nada nos separe do Doador da vida e que Ele ocupe sempre o primeiro lugar em nosso coração.

  1. Ele está no controle
    Quando o sino tocava, era o final de mais um dia na escola. Eduardo e seus amigos costumavam aguardar os pais perto do portão e, quando eles chegavam, os professores permitiam a saída do Jardim de Infância.
    Todavia, algo foi diferente naquele dia, porque todos os amigos do Eduardo foram embora e seu pai não havia chegado. A professora então lhe perguntou: “Você sabe ir sozinho? Conhece o caminho?” Eduardo disse que sim, e então ela o liberou.
    Quando ele chegou em casa, seus pais estavam sorrindo e logo lhe explicaram: “Estamos felizes com sua conquista. Estava tudo combinado com a professora e nós o acompanhamos por todo o trajeto”.
    Como é bom saber que os responsáveis por nós estão no controle! Se na esfera humana podemos viver essa experiência, imagine na relação com a esfera divina! Alguém pode até ter decepcionado você, mas creia que Deus não decepciona. Ele é “fiel e não permitirá
    que sejais tentados além de vossas forças” (I Co10:13).
    É difícil pensar em uma mãe se esquecendo de um filho, mas, ainda que isso aconteça, devemos lembrar da promessa do Senhor: “[…] eu não me esquecerei[…]” (Is 49:15).

Cada um tem suas próprias batalhas a travar, sua própria experiência cristã a obter, a certo respeito, independente de qualquer outra pessoa; e Deus tem lições para cada um aprender por si, que nenhum outro pode
aprender por ele. … Nosso Pai celeste mede e pesa toda prova antes de permitir que ela sobrevenha ao crente.
Considera as circunstâncias e a força daquele que há de estar sob a experiência e provação de Deus, e jamais permite que as tentações sejam maiores que a capacidadede resistência. Se a alma é dominada, se a pessoa é sobrepujada, isto não pode ser nunca atribuído a Deus, …
mas o tentado não estava vigilante e em oração, e não se apoderou, pela fé, das providências que Deus abundantemente acumulara para ele. Cristo jamais faltou a um crente em sua hora de combate. O crente precisa
reivindicar a promessa e enfrentar o inimigo em nome do Senhor. — Nossa Alta Vocação, p. 321

Deus está no controle de todas as coisas e quer cuidar de nós. Ele deseja acompanhar nossos passos nos conduzindo em nossa caminhada cristã. Talvez até agora algumas tentações pareceram impossíveis de serem
vencidas, mas isso pode mudar. Hoje é o dia de nos apoderarmos das providências divinas. Devemos entregar o controle absoluto nas mãos de Deus e perceber como teremos mais paz, discernimento e assertividade
em nossas escolhas.

CONCLUSÃO
Alguém já fez o caminho. Como o povo de Israel, também fomos libertos da escravidão e chamados para um encontro com Deus. Almejamos chegar à Terra da Promessa; porém, entre o Egito e Canaã existe um deserto. A história se repete, mas não precisa ser em todos os detalhes. Existe um registro que pode nos auxiliar a fazermos escolhas diferentes, evitando o “prostrados no deserto” (1 Co 10:5). Nossa única segurança neste perigoso deserto moderno está em permanecermos firmes na rocha que é Jesus (1 Co 10:4; Mt 7:24, 25). Que nosso coração esteja sempre aberto para as lições celestiais e disposto a aceitar a libertação e a condução de Deus em nossa vida.