FÉ VERDADEIRA

A fé verdadeira exige transformação de coração - Convenção Unida  Internacional


A doença debilita não apenas o corpo, mas também destrói nossas mentes. Quando estamos doentes, é bem mais fácil nos sentirmos desencorajados ou mesmo deprimidos. Você já ficou doente por uma semana? Como você se sente no final da semana? E por duas semanas? Durante a pandemia da COVID-19, muitos dos infectados com a doença relataram sintomas físicos devastadores, como febre muito forte seguida de arrepios, dor muscular intensa, uma tosse persistente, falta de ar, garganta inflamada, dores
de cabeça violentas e fadiga. Uma vítima disse: “Parecia que eu estava me afogando”, e outra acrescentou: “As noites foram horríveis. Minha temperatura aumentava. Meu corpo queimava de febre, e de repente eu tremia de calafrios. Mas o pior de tudo era que eu me sentia muito só no isolamento”. Uma das grandes consequências dessa pandemia é que o vírus é tão contagioso que as pessoas frequentemente passam pela doença sozinhas. Seus entes queridos têm muita dificuldade em dar o cuidado de que elas necessitam. Tragicamente, algumas pessoas até morreram sozinhas nos quartos dos hospitais, isoladas de suas famílias. Em alguns casos, os entes queridos não puderam nem comparecer aos funerais. É extremamente difícil sofrer nos estágios avançados do coronavírus por semanas ou até meses, mas e se você sofresse com uma doença devastadora por doze anos? E se você estivesse em constante dor, considerado
um pária, separado de sua família e amigos ano após ano?


O CONTEXTO DA MULHER COM O PROBLEMA DA HISTÓRIA DE SANGUE
Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas registram a história de uma mulher que sofreu por doze longos anos com uma hemorragia abundante. Para entender o impacto dessa história, é necessário entender o contexto da passagem. Em Mateus, nos capítulos 8 e 9, há nove milagres mencionados em seguida. Cada um desses milagres está em uma sequência de três. A primeira tríade de milagres – a cura do leproso, a cura do servo do centurião e a cura da sogra de Pedro – revela um Jesus que tem poder sobre a doença. Ele é o Cristo que inclui os excluídos. Pense nisto: o leproso era um excluído, o centurião romano era um inimigo, e a sogra de Pedro era uma mulher sem status aos olhos da sociedade. Jesus alcançou os
excluídos, pois eles eram incluídos em Seu amor e graça.
Os primeiros três milagres falam a nós em tons de trombeta. Cristo Se importava com os marginalizados, os excluídos e os rejeitados. Os três primeiros milagres nos chamam a alcançar aqueles que passam
por nós, aqueles que o mundo negligencia. Há alguém em seu âmbito de influência que está procurando alguém para cuidar? Talvez pais solteiros, uma viúva solitária, um adolescente transtornado ou uma pessoa desempregada. O ministério abnegado de Cristo nos leva a alcançá-los em amor. Ele nos leva a cuidar daqueles que estão desesperados por esperança. Esse é o cristianismo genuíno. A fé de Jesus nos leva a viver uma vida semelhante à de Jesus. A fé não é autêntica se não nos leva a atos de serviço amoroso.
Nos três segundos milagres, Jesus demonstra Seu poder sobre a natureza ao acalmar uma tempestade estrondosa no mar da Galileia. Ele demonstra Seu poder sobre os demônios ao libertar os endemoninhados. Ele demonstra Seu poder sobre o pecado e a doença quando cura o paralítico. Há uma lição importante em cada uma dessas histórias milagrosas. Quer estejamos enfrentando nossa pior desgraça vinda de fora, demônios tormentosos vindo de dentro ou os estragos de uma doença, Jesus é o Senhor de tudo.
Não há situação que enfrentemos que Jesus não esteja preparado para lidar. Uma das minhas citações favoritas de todos os escritos inspirados está no livro Caminho a Cristo, página 100:
“Nenhuma calamidade poderá sobrevir ao mais humilde dos Seus filhos, ansiedade alguma que lhe perturbe o coração, nenhuma alegria que possa ter, nenhuma oração sincera que lhe saia dos lábios, sem que seja observada pelo Pai celestial, ou sem que Lhe desperte imediato interesse. ‘O Senhor cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas’ (Sl. 147:3). As relações entre Deus e cada pessoa são tão particulares e plenas que
é como se não houvesse nenhuma outra por quem tivesse dado Seu filho amado”.
Não somos deixados sozinhos com os desafios da vida. Jesus é Senhor sobre cada desastre que possa de repente, inesperadamente, irromper sobre nós. Ele é Senhor sobre cada tentação, cada ataque do inimigo, cada assédio demoníaco do maligno. Ele é Senhor sobre cada aflição, enfermidade e doença. Ele está lá no meio de qualquer coisa que o diabo lance em nós, para nos encorajar, nos fortalecer e nos apoiar.
Como diz a velha música em inglês: “Justamente quando eu preciso Dele, Jesus está próximo, justamente quando eu vacilo, justamente quando eu temo. Justamente quando eu mais preciso Dele”. Temos um Salvador que entende nossas necessidades e está ansioso para supri-las.
Nos últimos três milagres, Jesus cura duas mulheres, dois cegos e um mudo. O tema desses milagres é o poder da fé vivificante, que muda e transforma a vida. Essa fé transformadora de vida é mais bem ilustrada na história de uma mulher pobre e sem esperança, cuja história é relatada em Mateus 9:20-26, Marcos 5:25-34 e Lucas 8:43-48. Quando uma história é relatada por três dos quatros evangelhos, deve ser porque tem uma significância incomum. Então, vamos passar alguns momentos estudando essa história extraordinária.
Se vocês têm suas Bíblias, por favor, abram em Mateus 9, verso 20.
“Uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue.” Ela sangrava continuamente.
Suas roupas estavam manchadas com o constante fluxo de sangue. Ela estava cansada, exausta, debilitada e fraca. Mas o pior de tudo é que ela não sentia mais o abraço afetuoso de seu marido. Ela não podia mais apreciar o abraço de uma criança ou de um de seus filhos pulando em seu colo. Ela estava desencorajada, deprimida e desesperada. Queria ficar bem, ansiava por saúde. Ela procurava por uma cura, mas nada parecia funcionar.
O evangelho de Marcos acrescenta esta informação em Marcos 5:25 e 26: “Ela padecera muito sob o cuidado de vários médicos”. Aqueles que deveriam ajudar apenas causaram mais mal. Ela “padecera ‘muito’ sob o cuidado de ‘vários médicos’”. As curas que eles ofereciam apenas a faziam piorar. Ela gastara todas as economias ganhas com dificuldade de sua família nas curas de charlatões.
Ela não estava apenas desesperada, mas sem esperança. Ela não estava apenas desencorajada, mas em total desespero. A escuridão encheu sua alma. Ela gastara seu dinheiro com aqueles “médicos” apenas para piorar a situação. Então ela encontrou o Médico dos médicos, Jesus. Uma grande multidão rodeava o Salvador. Enquanto Ele caminhava lentamente pela calçada estreita e pedregosa, a multidão O comprimia de todos os lados. Essa pobre mulher pensava se conseguiria chegar perto o suficiente para implorar por cura. Ele havia curado outros. Será que Ele a curaria? O evangelho de Marcos revela seu desespero nestas palavras: “Se eu tão-somente tocar em seu manto, ficarei curada” (Mc 5:28).
O evangelho de Lucas também relata essa história e é até mais preciso. Lucas era médico e revela alguns detalhes fascinantes em sua narrativa no capítulo 8 de seu evangelho. No verso 43, ele conta a história dessa pobre mulher sofredora e diz: “sem que ninguém a pudesse curar”. A palavra usada para curar nessa passagem da Bíblia tem como raiz a palavra terapia. Nenhuma terapia foi encontrada para ela. Nada do que ela tentou funcionou. Jesus era sua última e única esperança de ajuda. Se Ele não pudesse ajudá-la, ela estaria condenada a uma vida de dor constante e doença contínua. Ela se apertou no meio da multidão, crendo que, se pelo menos tocasse a orla da roupa de Cristo, seria curada. Ela queria algo, qualquer coisa que curasse sua doença. Ela procurava por aquilo e havia gastado suas economias para encontrar a cura mágica. Sua reposta é a resposta típica de muitas pessoas hoje quando enfrentam alguma doença
debilitante. Elas ficam desesperadas para encontrar algo, qualquer coisa que cure a doença.
Todos os pacientes querem algo para curar sua doença, qualquer coisa que traga alívio. Eles estão desesperados por uma cura, seja um comprimido ou algum tipo de medicamento para resolver o problema.
A medicina moderna se concentra em diagnosticar e curar a doença, mas Jesus Se concentra em algo mais, muito mais. Finalmente, ela conseguiu esticar a mão entre duas pessoas amontoadas ao redor de Jesus e tocar brevemente apenas a orla de Sua vestimenta.
Ellen White descreve esse toque nestas palavras carregadas de significado eterno: “Ao Ele passar, a mulher se adiantou e conseguiu tocar-lhe de leve na orla do vestido. No mesmo momento, percebeu que estava curada. Naquele único toque concentrara a fé de sua vida, e instantaneamente desapareceram a dor e a fraqueza. Sentiu no mesmo instante a comoção como de uma corrente elétrica que lhe perpassasse pelas fibras do ser. Sobreveio-lhe uma sensação de perfeita saúde. “Sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal” (A Ciência do Bom Viver, p. 60).
Por favor, note com atenção a expressão “naquele único toque concentrara a fé de sua vida”. Qual foi a origem dessa fé? De onde veio ela em primeiro lugar? Quem a estava atraindo para Jesus? Antes mesmo que ela soubesse ou reconhecesse o que realmente estava acontecendo, o Espírito Santo estava atraindo essa pobre e indefesa mulher para Jesus. Ele a procurou antes mesmo que ela O procurasse. Este é um ponto crítico. Ele nos busca antes de nós O buscarmos. Ele é quem toma a iniciativa de nos atrair para Si, e Ele não faz isso apenas uma vez. Todos os dias, por meio de Seu Espírito Santo, Ele está nos atraindo para mais perto, mais próximo de Seu lado.
Ele estava procurando por essa mulher pobre e indefesa antes que ela estivesse procurando por Ele.
Em Seu amor e cuidado, o médico divino atraiu essa mulher para Si. Ele também colocou em seu coração as sementes da fé. Lembre-se de que Romanos 12:3 declara que Deus dá a cada pessoa uma “medida de
fé”. A fé é um dom que vem de Deus, e cabe a nós exercê-la. Esses pontos podem parecer sem importância, mas são fundamentais. Antes de procurarmos Jesus, Ele está nos procurando. Ele coloca em nossos
corações a semente da fé. À medida que exercitamos a fé que Ele nos dá, nossa fé cresce.
Na experiência dessa mulher cheia de doenças, o Mestre distinguiu o toque de fé do aperto da multidão. Poder de cura fluiu para o corpo dela. A doença havia ido embora. Ela estava curada milagrosamente.
Então, Jesus fez uma declaração extraordinária: “Filha, a sua fé a curou! Vá em paz” (verso 48). Ela não era mais um rosto sem nome na multidão… não era uma estatística humana. Ela era uma filha de Deus… Jesus a chama de filha. Ele a encoraja com palavras: “Filha, a sua fé a curou! Vá em paz” (verso 48).
Estas palavras são extremamente significativas: “sua fé a curou…” O que é fé? Fé é confiar em Deus.
Fé é acreditar no que Deus diz ser verdade. É acreditar em Sua Palavra, aceitando Suas promessas, e agir em resposta ao que Ele diz. Essa mulher pobre e sem esperança acreditou e, então, ela viu. Ela não viu e
depois creu. Se esperarmos para ver, jamais acreditaremos; mas se acreditarmos, então Deus fará nossa fé visível. Há uma passagem notória sobre a experiência de Abraão em Romanos 4:17. Deus fala com
Abraão em sua velhice e diz: “Eu o constituí pai de muitas nações. Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem, como se existissem”. O útero de Sara era infértil, mas Deus disse que ela estava grávida. Como Deus poderia dizer algo que ainda não era realidade? Simplesmente porque o que Deus diz é realidade porque Ele tem o poder de realizar. Isso é fé: a crença de que Deus é bem capaz de realizar o que Ele diz, mesmo que não vejamos, entendamos ou pensemos que é possível. A fé não é ver, é crer. A fé não é nem mesmo sobre entender, é sobre agarrar as promessas de Deus quando não entendemos. Certamente, a fé não tem a ver com sentir,
mas sim com crer. Deixe-me tornar isso mais prático.

  1. Quando Jesus diz “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados” (1Jo 1:9), podemos nos sentir culpados, mas nossa fé transcende nosso sentimento e cremos
    que Deus faz o que Ele diz.
  2. Quando Jesus diz “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês” (Fp 4:19), podemos nos sentir extremamente necessitados, mas confiamos nas promessas de Deus e nossa fé se torna em
    visão.
  3. Quando Jesus diz “o perfeito amor expulsa o medo” (1Jo 4:18), reconhecendo nossos medos, nós os liberamos em nome de Jesus, Aquele que jamais nos deixará ou nos abandonará, aquele que diz:
    “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28:20) e agarramos a realidade de Sua promessa: “Tu guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia”
    (Is 26:3).
  4. Quando Jesus diz, “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1:12), não importa quão fraco eu me sinta, não importa quão debilitado ou incapaz, como
    a mulher ao poço, eu digo “Jesus, eu creio”.
    HUDSON TAYLOR, UM EXEMPLO DE FÉ EXTREMA
    Hudson Taylor apostou tudo nas palavras claras de Jesus: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei”. Ele acreditava, da forma que Jesus ensinara, que o Pai Celestial não Se envergonha de nenhuma falta de proventos, e se nós pedirmos com a confiança de uma criança, todas as nossas necessidades serão supridas. “Pode contar com isso”, afirmou ele firmemente, “o trabalho de Deus, feito à maneira de Deus, jamais carecerá do suprimento de Deus”. Sua impressionante confiança era justificada? Jesus disse: “Porque vosso Pai sabe o que vos é necessário … Pedi, e dar-se-vos-á”. “A fé em Deus cria grandes otimistas. Em uma ocasião na Birmânia, Hudson estava deitado no chão de uma fétida prisão com 14 quilos de correntes em seus tornozelos, seus pés estavam presos a uma vara de bambu. Com uma expressão de sarcasmo, um colega de cela disse: “Dr. Hudson, e a perspectiva da conversão dos pagãos?”
    Sua resposta imediata foi: “As perspectivas são tão claras quanto as promessas de Deus” (The Presbyterian Advance).

Em um momento de grande necessidade financeira, ele escreveu a um amigo: “Temos vinte e sete centavos e todas as promessas de Deus”. Dois meses depois, chegou uma carta de uma amiga desconhecido da Inglaterra, dizendo que ela estava contribuindo com $4.000,00 para a ampliação da Missão para o Interior da China em províncias novas e intocadas.
Fé é confiar na Palavra de Deus, não em meus sentimentos, minhas circunstâncias ou meu ambiente.
Quando exercitamos essa fé transformadora, como aquela mulher sofredora e doente, nós também somos curados. A palavra sozo (cura) é usada 110 vezes no Novo Testamento e 92 dessas vezes é traduzida
como salvação. Jesus declarou que essa mulher estava plena novamente. Sua fé compreendeu a realidade da divindade de Deus. Em Sua misericórdia amorosa, Deus revelou Sua graça a essa mulher desesperada e
sem esperança e a curou novamente. Fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente, ela foi curada. Esse é o trabalho de Jesus. Nossa saúde total importa para Jesus, porque somos importantes
para Jesus. Ele anseia que vivamos a vida mais plena neste mundo de doença, sofrimento e morte.


RESTAURAÇÃO: O OBJETIVO DA VIDA DE JESUS

O objetivo de Jesus é através do evangelho restaurar Sua imagem na humanidade. Essa restauração inclui a cura física, mental, emocional e espiritual. Em João 10:10, Jesus revela Seu plano para cada um de
nós: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. O diabo quer destruir nossa saúde, e Jesus quer restaurá-la. O diabo quer nos desencorajar,
mas Jesus quer nos encorajar. O diabo quer nos destruir, mas Jesus quer nos edificar. O diabo nos quer preocupados, tensos, ansiosos e consumidos pelas dificuldades e desafios da vida. Jesus nos quer cheios de alegria, paz, contentamento, propósito e significado em nossas vidas. Ele almeja que estejamos fisicamente saudáveis, mentalmente atentos, emocionalmente estáveis e espiritualmente bem. Isso é particularmente verdade à luz de Seu breve retorno. Este mundo está enfrentando uma crise enorme. As próprias
previsões de Jesus em Mateus 24 e Lucas 21 predizem condições catastróficas na Terra pouco antes de Seu retorno. Esses eventos atingirão este mundo como uma grande surpresa para aqueles que não estiverem
preparados. Haverá dezenas de milhares, não, milhões, que assim como a mulher com o problema do sangue estarão desesperadamente ansiando pelo toque de Cristo. Quando Cristo nos toca com Sua graça
curadora, ansiamos tocar outros com o toque de Cristo para que eles possam ser feitos curados. Jesus nos envia a um mundo quebrantado como embaixadores de Cristo para tocar outros com Seu amor. O cristianismo do Novo Testamento foi caracterizado pelo amor deles uns pelos outros e por suas comunidades.
Jesus deixou bem claro quando afirmou em João 13:35: “Nisto todos conhecerão que vocês são meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros”.
João acrescenta em 1 João 4:21: “E o mandamento que dele temos é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão”.
Quando uma pandemia devastadora assolou os primeiros séculos, os cristãos deram um passo à frente e ministraram aos doentes e moribundos. Isso me lembra dos devotos profissionais da saúde cristãos que
estão trabalhando na linha de frente do serviço de saúde nesta pandemia atual. As pandemias não são novidade nem o serviço cristão em tempos de crise.


UM LEGADO DE AMOR – TRABALHO MÉDICO-MISSIONÁRIO NOS PRIMEIROS SÉCULOS
O mundo antigo vivenciou duas pragas devastadoras que se tornaram pandemias em 160 d.C. e 265 d.C. Essas epidemias mataram dezenas de milhares de pessoas e deixaram vilarejos e cidades inteiros com quase nenhum habitante. O abnegado ministério de sacrifício, cuidado e amor dos cristãos causou um grande impacto na população. Nessa época, foi a igreja cristã que fez uma enorme diferença. Como resultado, vários milhares, e eventualmente centenas de milhares, e então milhões de gentios se tornaram crentes em Jesus durante o período coberto por essas duas epidemias. Amor, preocupação amigável e cuidado organizado e altruísta com os doentes e moribundos proporcionaram isso.
Até agora, esse tem sido um fato obscuro enterrado nos livros de história, carecendo de uma interpretação adequada. O livro The Rise of Christianity, de Rodney Stark, é uma maravilha histórica moderna para interpretar adequadamente esses eventos históricos sob uma luz nova e aprimorada.
Seu livro discute o ministério amoroso da igreja primitiva intitulado “Survival Rates and the Golden Rule” (Taxas de Sobrevivência e a Regra de Ouro). Nele, é descrito como toda a comunidade cristã, durante a 2ª epidemia (260 A.D), que ainda era uma comunidade fortemente judaico-cristã, tornou-se um exército virtual de enfermeiras, provendo as necessidades básicas de que a comunidade sofredora precisava para sobreviver. À altura da segunda epidemia, por volta de 260 d.C., em uma carta de Páscoa, Dionísio escreveu uma longa homenagem aos esforços heroicos de enfermagem dos cristãos locais, muitos dos quais perderam suas vidas enquanto cuidavam de outros.

“A maioria de nossos irmãos cristãos demonstrou amor e lealdade ilimitados, nunca se poupando e pensando apenas no próximo. Indiferentes ao perigo, eles cuidaram dos doentes, atendendo a todas as suas necessidades e ministrando a eles em Cristo, e com eles partiram desta vida serenamente felizes; pois foram infectados por outros com a doença, atraindo para si a doença de seu próximo e aceitando alegremente suas dores. Muitos, ao cuidar e curar outros, transferiram sua morte para si mesmos e morreram em seu lugar… Os melhores de nossos irmãos perderam suas vidas dessa maneira, vários presbíteros, diáconos e leigos recebendo altos elogios de modo que a morte dessa forma, o resultado de grande piedade e forte fé, parece em todos os sentidos igual ao martírio.” [ibid. p. 82, par. 2]
“Tendo notado longamente como a comunidade cristã cuidou dos doentes e moribundos e até mesmo nada poupou ao preparar um sepultamento digno para os mortos, ele escreveu:
“Os pagãos se comportaram de forma totalmente contrária. No começo da primeira doença, eles afastaram aqueles que sofriam e abandonaram seus entes queridos, jogando-os nas estradas antes que morressem e tratando os cadáveres não enterrados como lixo, esperando assim evitar a propagação e o contágio da doença fatal; mas, mesmo fazendo tudo o que podiam, achavam que seria difícil escapar.” [ibid. p. 83, par. 2-3]
O serviço altruísta dos cristãos fez diferença na igreja primitiva. Isso me lembra da declaração de Ellen White no livro Evangelismo, página 513:
“Coisa alguma abrirá portas à verdade como a obra missionária médico-evangelista. Esta achará acesso aos corações e espíritos, e será um meio de converter muitos à verdade”.
Quando o Novo Testamento era novo, essas eram as normas das comunidades cristãs. Tertuliano afirmou: “É nosso cuidado com os desamparados, nossa prática de bondade amorosa que nos marca
aos olhos de muitos de nossos oponentes. ‘Apenas olhe,’ eles dizem, ‘veja como eles se amam!’” (Apology 39, 1989 ed.). [ibid. p. 86-87, par. 3 & 1-3 resp.]


A RESPOSTA DE MADRE TERESA AO SENADOR MARK HATFIELD
Alguns anos atrás, o senador Mark Hatfield visitou Calcutá, na Índia, e passou um dia com Madre Tereza. Ele relata o turismo pelas favelas com ela e a visita ao chamado “Lar dos Moribundos”, onde crianças doentes eram cuidadas nos últimos dias de suas vidas. Ele viu as longas filas na clínica onde os pobres esperavam às centenas para receber cuidados médicos. Enquanto ele assistia Madre Teresa e sua equipe ministrarem a essas pessoas pobres e doentes, muitas das quais haviam sido deixadas por outros para morrer, o senador Hatfield estava perplexo com a magnitude do sofrimento que ela e seus colegas de trabalho enfrentavam diariamente. “Como você suporta a carga sem ser esmagada por ela?”, perguntou
ele. Madre Teresa respondeu: “Meu querido senador, eu não fui chamada para ser bem-sucedida. Fui chamada para ser fiel”. A Palavra de Deus não nos chama para uma vida de popularidade, poder ou prestígio. Ela nos chama para a fidelidade… fidelidade a Cristo, fidelidade aos Seus ensinamentos, fidelidade à Sua igreja e fidelidade à Sua missão.
Ele nos procurou com amor. Então, nós procuramos os outros com amor. Seu único desejo é que vivamos com Ele para sempre em Seu reino eterno. Transformados por Seu amor e mudados por Sua graça, não podemos fazer outra coisa senão alcançar aqueles que nos rodeiam em Seu nome.

a d v . s t / s e m a n a d a e s p e r a n c a
FICHA TÉCNICA
Material produzido pela Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Coordenação Geral: Departamento de Evangelismo
Autor: Pr. Mark Finley
Colaboração: Luís Gonçalves e Bruno Raso
Capa e diagramação: Antonio Abreu
Fotos da capa: Shutterstock
Tradução e revisão: Departamento de Tradução da DSA
Ano: 2021