Vitória na Terra

SEMANA SANTA – Por Pablo Claverie – graduado em Teologia, editor de livros e chefe de revisão de textos da ACES.

A Segunda Guerra Mundial foi um dos

eventos mais sangrentos e trágicos da
história. A grande figura que aterrorizou
a Europa foi Adolf Hitler, cujo exército
parecia invencível, e cujo poder hegemônico e tirânico ameaçava se espalhar por
todo o continente, e ainda tinha aspirações
mundiais.

Mas um dos momentos decisivos que marcaram o início do fim do domínio
alemão foi o famoso “Dia D”, o desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia, no dia 6 de junho de 1944.
Era fundamental conseguir a vitória sobre Hitler. A partir de então, embora várias batalhas dolorosas tenham sido travadas, iniciou-se o declínio das forças daquele
cruel ditador, que terminou com sua derrota total e a libertação dos povos oprimidos.
Da mesma forma, os seres humanos estão naturalmente sujeitos a um tirano que o
Apocalipse denomina “o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo” (Ap 12:9). Também estamos no meio de uma guerra
com dimensões cósmicas, que é a causa última de todas as nossas desgraças. Mas
também houve um “Dia D” para a história da humanidade, quando Jesus “desembarcou” em nosso mundo problemático e sofrido, para travar a batalha mais decisiva
contra as forças do mal. É assim que o Apocalipse o descreve:

  1. É preciso alguém para vencer os poderes do mal
    “E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e
    por fora, selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem
    é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra,
    nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele. E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele.
    E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a Raiz de
    Davi, que venceu para abrir o livro e desatar os seus sete selos” (Ap 5:1-5).
    Como vemos a partir do capítulo 6 de Apocalipse, o livro selado com sete selos é o
    livro da história relacionada ao povo de Deus, e os sete selos representam sete períodos dessa história, uma história dramática que tem a ver com a grande guerra entre o
    bem e o mal, travada por nossas almas e sobre nosso planeta. Mas não havia, nem no
    Céu e nem na Terra, alguém digno de abrir o livro. Isso trouxe muita angústia a João,
    até que ele foi informado de que “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu
    para abrir o livro e desatar os seus sete selos”. Havia alguém que devia “vencer”, conseguir a vitória sobre as forças do mal, para nos livrar de seu poder opressor. Graças a
    Deus que houve esse Alguém: “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi”. É dito que
    Ele “venceu para abrir o livro e desatar seus selos”.
    Quem é esse ser que venceu o inimigo, o mal e o pecado?
  2. O Cordeiro sacrificado conseguiu a vitória
    Em seguida, o Apocalipse esclarece quem é esse Vencedor, que venceu a batalha em
    nosso favor:
    “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os
    anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que
    são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. E veio e tomou o livro da destra
    do que estava assentado no trono” (Ap 5:6, 7).
    Quem é esse Ser que é tratado como “Leão” e como “Cordeiro” ao mesmo tempo?
    Sem dúvida, o próprio João, que no Apocalipse fala desse Cordeiro, é quem registrou em seu evangelho que João Batista chamava Jesus de “o Cordeiro de Deus que
    tira o pecado do mundo” (João 1:29).
    De onde sai essa imagem que é usada para falar de Jesus?
    No culto dos israelitas existia um santuário, o templo provisório e portátil, no qual
    eram realizados diferentes tipos de sacrifícios. Diferentes tipos de animais eram levados para ser sacrificados, mas o animal por excelência era o cordeiro, assim como é
    mostrado o cordeiro pascal mencionado em Êxodo 12.
    Os israelitas sabiam que Deus havia estipulado que o sangue desse cordeiro, com
    o qual pintavam a frente de suas casas, era o que garantia sua libertação da morte e
    da escravidão.

    Esse animalzinho representava Jesus e Seu sacrifício na cruz. Assim como João
    Batista o entendeu quando O chamou de “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
    mundo”, assim o profeta Isaías havia descrito anteriormente no capítulo 53 de seu
    livro, em uma das profecias messiânicas mais significativas.
  3. Jesus venceu a cruz ao ser nosso Substituto e expiar nossos pecados
    O profeta Isaías diz, ao falar de Jesus:
    “Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou
    sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido
    pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz
    a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados. Todos nós andamos
    desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o Senhor
    fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido, mas não abriu a boca;
    como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus
    tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53:4-7).
    Por que Jesus precisou passar por isso? E em que sentido essa é a vitória que garante nossa libertação das forças do mal? A Bíblia diz: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6:23). Por causa de nossos pecados, a consequência natural é a morte. Nós nos separamos da Fonte da vida, que
    é Deus e, como consequência, estamos naturalmente destinados à decrepitude e,
    finalmente, à morte. Além disso, diante dos olhos de um Deus santo, o pecado é algo
    tão degradante, tão pervertido, tão destrutivo, que merece a morte.
    Mas Jesus assumiu voluntariamente nossas culpas e nossa condenação na cruz. Ele
    morreu, não como uma vítima impotente das circunstâncias, do ódio de seus inimigos,
    mas como o “Cordeiro de Deus”, sobre quem Deus “colocou… os pecados de nós
    todos”. Ele “tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores e levou sobre
    si”, foi “ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades”. Mas,
    graças a esse sacrifício de amor incrível por nós, “pelas suas pisaduras, fomos sarados”. Na cruz, Ele nos livrou das nossas culpas e da condenação que nossos pecados
    mereciam, e agora podemos viver livres e felizes na presença de Deus.
  4. Jesus venceu Satanás na cruz ao demostrar o amor de Deus
    No Éden, Satanás havia acusado Deus de ser egoísta, manipulador e tirano, por ter
    proibido Adão e Eva de comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
    mal: “Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe
    que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus,
    sabendo o bem e o mal” (Gn 3:4, 5).
    Com esse argumento, a rebelião começou no Céu e foi levada para a Terra, como
    é descrito em Apocalipse 12. Ao deixar o Céu e Se tornar homem, viver entre nós como um ser humilde e manso,
    e finalmente dar Sua vida em sacrifício pela nossa salvação, Jesus mostra a abrangência ilimitada do amor de Deus, Sua completa generosidade e Sua total ausência de
    egoísmo. Rebate para sempre as acusações de Satanás sobre o caráter e as intenções
    de Deus.
    “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós
    ainda pecadores” (Rm 5:8).
    Graças a essa demonstração absoluta do amor de Deus na pessoa de Cristo, nunca mais surgirão dúvidas sobre a bondade de Deus para com Suas criaturas na vida
    eterna. Jesus ganhou uma batalha moral contra Satanás e suas acusações, e ganhou a
    lealdade de nossos corações.
  5. Com Sua vitória como homem, Jesus demonstrou que o ser humano
    pode ser um vencedor na luta contra o mal

    Precisamos viver sempre escravos de nosso egoísmo, de nossas maldades, de nossos vícios, da pressão social para fazer o mal? Jesus venceu porque era Deus, então
    estava em vantagem sobre nós?
    A Bíblia diz que “visto como os filhos participam da carne e do sangue, também
    ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o
    império da morte, isto é, o diabo” (Hb 2:14); “Pelo que convinha que, em tudo, fosse
    semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é
    de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque, naquilo que ele mesmo, sendo
    tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2:17, 18). E “[…] não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém
    um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4:15).
    Sendo Deus, Jesus Se fez homem e viveu como ser humano, como qualquer um de
    nós, mas buscou o mesmo segredo da vitória de que cada um de nós pode dispor: o
    poder onipotente de Deus. E como homem, apoiado nesse poder, mesmo quando foi
    grandemente tentado para fazer o mal e se separar de Deus, foi totalmente vitorioso:
    “à nossa semelhança, foi tentado de todas as formas, porém sem pecado algum” (Hb
    4:15). E a nós também é oferecida essa vitória: “é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória” (Jd 1:24). E
    como é dito em Apocalipse: “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro” (Ap 12:11).
    É esse sangue derramado por Jesus, ou seja, o Seu amor, que nos dá tanta força e
    motivação para querermos ser vencedores na luta contra o mal.
    Você se sente derrotado pela culpa, pelo complexo de inferioridade, pela baixa
    autoestima? Você se sente escravizado pelos seus defeitos de caráter, por cair em pecado, por suas limitações morais? Você acredita que jamais poderia entrar no Céu por
    causa de sua pecaminosidade?
    Hoje, a mensagem de Apocalipse diz que o Cordeiro venceu por você na cruz,
    para livrá-lo das culpas e da condenação. Também diz que o Cordeiro, que conhece
    o segredo da vitória, porque também foi um ser humano como você e, no entanto,
    foi vencedor sobre as forças do mal, pode dar-lhe poder suficiente para vencer e para
    seguir o caminho para a vitória, até chegar ao Reino dos Céus.
    Eu convido você a orar comigo e a convidar esse bendito Cordeiro sacrificado para
    entrar em sua vida:
    “Senhor, hoje eu reconheço que sou pecador, um ser com limitações, defeitos e
    quedas. Peço perdão por tudo isso. Eu O aceito como meu Salvador. Eu aceito Seu
    sacrifício de amor na cruz por mim. Muito obrigado por ter carregado meus pecados,
    minhas culpas e minha condenação. Muito obrigado porque através do Seu sacrifício
    eu sou livre. E agora quero pedir que o Senhor entre em meu coração e me ajude
    a viver com o Senhor e para o Senhor, me ajude a superar todas as minhas misérias
    humanas, a viver na luz do Seu rosto. E quando vier me buscar, que eu possa ir com o
    Senhor ao Lar celestial juntamente com meus entes queridos, para estar para sempre
    com o Senhor. Amém”