O PREÇO DA INCREDULIDADE

Quarta de Poder – Tema 9

Então disse Eliseu: Ouvi a Palavra do Senhor; assim diz o Senhor:
Amanhã, a estas horas mais ou menos, dar-se-á um alqueire de flor
de farinha por um ciclo, e dois de cevada, por um ciclo, à porta de
Samaria. Porém o capitão a cujo braço o rei se apoiava respondeu ao
homem de Deus: Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia
suceder isso? Disse o profeta: Eis que tu o verás com os teus olhos,
porém disso não comerás. 2 Reis 7:1, 2


A cidade de Samaria estava cercada pelos exércitos da Síria, e as
reservas de alimento haviam se acabado. Uma cabeça de jumento
começou a valer 80 siclos de prata, e uma caneca de esterco de
pomba, cinco siclos de prata (2Rs 6:25).
Certo dia, o rei Jorão estava passando pelo muro da cidade e foi
abordado por uma mulher que lhe trouxe um problema muito complicado para resolver. A fome era tão grande que ela havia feito um acordo com outra mulher para comerem seus próprios filhos, uma
honrou, mas a outra escondeu seu filho.
Quando ouviu isso, Jorão ficou tão enfurecido que rasgou suas próprias vestes e descarregou sua ira contra Eliseu, achando que ele era o culpado por toda aquela desgraça. O que ele fez?
Ele saiu à captura do profeta Eliseu, e enviou seu capitão à frente para prender Eliseu. Quando esse capitão entrou no lugar onde Eliseu estava, ouviu de Eliseu as palavras dos versos que lemos
anteriormente.
O que nos impressiona no relato bíblico dessa história são as palavras desse oficial a Eliseu: “Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia suceder isso?”
Em outras palavras, ele estava dizendo: É impossível que isso
aconteça.
Então, Eliseu lhe disse: “Eis que tu o verás com os teus olhos, porém disso não comerás”.
Entre muitas coisas, que podemos aprender com essa história, vamos destacar três:
I – MESMO NAS CRISES MAIS GRAVES, DEUS NÃO PERDE
O CONTROLE DA SITUAÇÃO

O que estava acontecendo em Samaria não era fome de pizza ou
batata frita nem era fome de quem está fazendo jejum de um dia;
era uma fome gravíssima. A cidade estava cercada havia tempos,
a ponto de haver cenas de canibalismo.
Ao rasgar suas vestes, o rei estava expressando seu luto. Era a maneira que ele tinha para dizer: Por que Deus não age, por que Deus não intervém?
Essa é a pergunta que toda pessoa que passa por uma forte aflição
faz. Por que Deus não age, por que Deus não intervém?
Deus sabia de tudo e estava vendo tudo. Aparentemente, Ele demorou, mas Ele interveio. Talvez uma das questões mais delicadas da fé seja sabermos esperar pelo amanhã.
Eliseu disse: “Amanhã” o preço vai cair. Essa foi a primeira palavra
de Eliseu.
A promessa não é de que havemos de ter força hoje para
uma emergência futura, de que a antecipada tribulação futura receberá de antemão a providência, antes que nos chegue. Podemos, se andarmos pela fé, esperar força e providência em nosso favor assim que nossas circunstâncias o
exijam. Vivemos pela fé, não pela vista. As providências do
Senhor têm a intenção de que Lhe peçamos justo as coisas
de que necessitamos. A graça para amanhã, não nos será
dada hoje. A necessidade dos homens é a oportunidade de
Deus” (A Maravilhosa Graça, p. 262).


Não é fácil administrar as incertezas do amanhã diante das necessidades do hoje. Mas, se acreditamos e confiamos que Deus está
no controle, o “amanhã” de Deus não deve nos assustar hoje, e,
quando ele chegar, precisamos viver a plenitude da bênção.
Outra questão que precisamos considerar é que muitas vezes responsabilizamos Deus e as pessoas por dificuldades e aflições que estamos enfrentando, e nos esquecemos de olhar para nossas atitudes e decisões, que muitas vezes são as únicas responsáveis por
nosso sofrimento e aflição.
Israel era um povo idólatra e infiel, e a própria postura do rei com
Eliseu é uma prova disso. Então, ele lançou toda a culpa da desgraça de Samaria em Eliseu, mas Eliseu não tinha nada a ver com tudo o que estava acontecendo. É o mecanismo de transferência.
A síndrome de Adão. Vou colocar a culpa em alguém. Não vou assumir as consequências de minhas próprias atitudes e decisões.
Mas o ponto central é que, apesar de o povo estar colhendo as
consequências de suas próprias escolhas, Deus não havia perdido
o controle.
Talvez você esteja em um momento de dificuldade e diga que gostaria que a solução tivesse vindo na semana passada, no mês passado e Deus esteja dizendo: Amanhã! Espere! O amanhã de Deus
sempre chega com muitas bênçãos.
Se você estiver passando por uma situação que talvez esteja no
seu limite, pense que o próprio filho de Deus quando estava no Getsêmani orou em agonia: “Pai, se possível passe de mim esse cálice”, e o Pai respondeu que haveria ainda mais três dias.
Então, o Deus que nos pede “até amanhã” é o Deus que soube
esperar três dias. A questão principal é não perder a fé no momento
de dificuldade.


II – MESMO QUANDO NÃO VEMOS, DEUS ESTÁ AGINDO
Nem sempre a ação de Deus é visível. Nem sempre Deus anuncia
o que está fazendo no megafone ou no outdoor. Na maioria das
vezes, Deus trabalha em silêncio.

2 REIS 7:3-7
“Quatro homens leprosos estavam à entrada da porta, os
quais disseram uns aos outros: Para que estaremos nós
aqui sentados até morrermos? Se dissermos: entremos na
cidade, há fome na cidade, e morreremos lá; se ficarmos
sentados aqui, também morreremos. Vamos, pois, ao arraial
dos siros; se nos deixarem viver, viveremos; se nos matarem,
tão somente morreremos. Levantaram-se ao anoitecer para
se dirigirem ao arraial dos siros; e, tendo chegado à entrada
do arraial, eis, que não havia lá ninguém. Porque o Senhor
fizera ouvir no arraial dos siros ruído de carros e de cavalos
e o ruído de um grande exército; de maneira que disseram
uns aos outros: Eis que o rei de Israel alugou contra nós os
reis dos heteus e os reis dos egípcios, para virem contra nós.
Pelo que se levantaram, e, fugindo ao anoitecer, deixaram as
suas tendas, os seus cavalos, e os seus jumentos, e o arraial
como estava; e fugiram para salvar a sua vida.”

Quem é que estava agindo na vida daqueles leprosos? Deus estava
agindo por intermédio deles.
A grande verdade é que Deus usa quem quer, quando quer, o que
quer, da maneira que quer, e não precisa nos dar explicações.
Nem sempre Deus age de acordo com nossas expectativas, e se o
método usado por Deus parece estranho, isso não importa; o importante é que dá certo.
Precisamos crer que, por trás das crises de nossa vida, Deus está
agindo.
O que Eliseu em nome do Senhor profetizou, aconteceu.
No dia seguinte, três quilos e meio do melhor trigo e sete quilos de
cevada estavam sendo vendidos por um ciclo de prata (v.16).

Nenhuma palavra de Deus falha. Elas se cumprem no tempo certo
e no momento certo. Pode ser que o amanhã de Deus tenha mais
de vinte e quatro horas de prazo, mas o amanhã chega, e, quando
chega, aquilo que Deus prometeu se cumpre.
III – MESMO QUANDO DEUS ABENÇOA, ELE NÃO DEIXA
DE REPROVAR A INCREDULIDADE

2 REIS 7:16-17
“Então, saiu o povo e saqueou o arraial dos sírios; e, assim,
se vendia um alqueire de flor de farinha por um siclo, e dois
de cevada, por um ciclo, segundo a palavra do Senhor. Dera
o rei da guarda da porta ao capitão em cujo braço se apoiara,
mas o povo atropelou na porta, e ele morreu, como falara o
homem de Deus, o que falou quando o rei descera a ele.”

Essa é a pior parte dessa história. Aquele homem que duvidou do
poder de Deus, morreu pisoteado quando o povo saiu da cidade
para saquear o arraial dos sírios.
Ele viu, mas não tomou posse, porque foi incrédulo.
HEBREUS 3:12
“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer
de vós perverso coração de incredulidade.”
O que é um coração incrédulo?
É aquele que se recusa deliberadamente a crer.
• É aquele que rejeita tudo o que é verdadeiro a respeito de
Deus simplesmente por motivos de conveniência.
• É aquele que olha para Deus, não se agrada do que vê e recusa-se a confiar.
• É aquele que não dá chance de o Espírito Santo trabalhar.


Há volição na incredulidade. A incredulidade nos faz perder as bênçãos de Deus.


CONCLUSÃO
“A certeza é ampla e ilimitada. Aquele que prometeu é fiel. Se
não recebemos as coisas que pedimos, e no tempo desejado, é porque ainda não cremos que o Senhor ouve e responde nossas orações. Temos tantas falhas, somos tão míopes, que
às vezes pedimos coisas que não serão bênçãos para nós, e
nosso Pai celestial, por amar-nos, responde nossas orações
dando-nos aquilo que será para o nosso maior bem — aquilo
que nós mesmos desejaríamos, se nossa visão fosse divinamente iluminada e pudéssemos ver todas as coisas como elas realmente são. Quando nossas orações parecem não ter
resposta, devemos apegar-nos à promessa, pois o momento
da resposta chegará e receberemos a bênção de que mais
necessitamos. Entretanto, dizer que a oração sempre será
respondida do jeito que desejamos é presunção. Deus é demasiadamente sábio para errar e extremamente bom para deixar de conceder o melhor aos que andam em retidão. Por
isso, não tenha medo de confiar Nele, mesmo que não veja
resposta imediata para suas orações. Apoie-se sobre Sua fiel
promessa: “Pedi, e dar-se-vos-á” (Caminho a Cristo, p. 61).
A última palavra que fica é: tome muito cuidado para não ser atropelado no portão.