Movimento Mundial

10 dias de oração – Tema 8

Apocalipse 12:1, 2

Por que tantas religiões? Você já se fez essa pergunta?

A resposta não é difícil de se achar. Faremos uma pausa no exame das igrejas individualmente, para descobrir uma profecia no centro do livro de Apocalipse que acabará com a confusão que muitas pessoas têm diante de tantas e diferentes “estradas para o Céu”.

Comecemos o estudo nos Alpes do norte da Itália e ao sul da Suíça onde, há muitos anos, viveu um povo gentil chamado os valdenses. Por muitos séculos, eles mantiveram a luz da verdade brilhando no meio das trevas espirituais. Os valdenses preservaram a antiga fé entregue aos santos por Jesus Cristo em pessoa e pelos apóstolos, a fé

que havia sido negligenciada e mal utilizada pelos líderes religiosos.

Agora, quero lhe fazer uma pergunta: A erosão da fé pela Igreja Cristã o surpreende? Afinal, os registros do Antigo Testamento mostram uma ligação contínua com a apostasia. E o Novo Testamento predisse que a história se repetiria.

Mais uma vez, um afastamento constante da verdade corromperia a verdadeira fé. Os apóstolos Pedro e Paulo foram alertados disso. Bem, o livro de Apocalipse também predisse as lutas do povo de Deus durante a Era Cristã. “E viu-se um grande sinal no céu; uma mulher

vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz” (Ap 12:1, 2).

Ora, quem é essa mulher? Bem, na Bíblia, Deus usa muitas vezes o símbolo da mulher para representar a Igreja.

Uma mulher pura representa Seus sinceros seguidores, e uma mulher imoral representa o cristianismo caído. Portanto, a mulher pura de Apocalipse 12 deve representar o povo fiel de Deus. E a mulher estava grávida. Logo, uma criança está sendo atacada. “E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho […] e o dragão

parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho” (Ap 12:3, 4).

O dragão é Satanás, o inimigo mortal da Igreja. Você se lembra de como Satanás, trabalhando através de Herodes, o Imperador Romano, tentou destruir Cristo, matando todos os bebês do sexo masculino em Belém?

Mas o menino Jesus escapou com Maria, Sua mãe, e José. Você conhece a história.

Depois que Cristo cresceu e começou Seu ministério, o inimigo O atacou com uma nova estratégia. Ele abordou o Senhor no deserto com várias tentações ardilosas.

Mas Jesus não traiu Sua fé. Enfurecido, Satanás tentou ainda outra tática. Ele atraiu os líderes religiosos com seus enganos. Assim que obteve o controle da liderança religiosa da época, o inimigo usou os líderes para perseguir Jesus.

Aparentemente, eles venceram Cristo na cruz, mas Ele ressurgiu vitorioso do túmulo para ascender ao trono de Deus. “Ela deu (a Igreja) à luz um filho homem, que há de governar todas as nações com cetro de ferro. E o filho da mulher foi arrebatado para junto de Deus e do seu

trono” (Ap 12:5).

O diabo ficou totalmente frustrado em seus ataques ao Filho de Deus. Assim, decidiu voltar-se contra a mulher, a Igreja. Ele atacou o povo de Deus com a mesma estratégia que havia usado contra Jesus. A história se repetiu de maneira incrível.

Primeiro, o diabo tentou matar a Igreja iniciante. Ele usou os líderes romanos como seus agentes, como havia feito contra o menino Jesus. Mas, apesar da feroz perseguição de Nero e seus sucessores, o cristianismo sobreviveu e cresceu. Satanás percebeu que não poderia destruir o povo de Deus pela violência. Assim, o inimigo se aproximou da Igreja com tentações sutis. Ele pretendia atrair os líderes, fazendo concessões em sua fé. Muitos recusaram-se a ceder, permanecendo fiéis ao Senhor, como Jesus tinha sido quando tentado. Mas o inimigo

conseguiu mais uma vez manipular os líderes religiosos da época. E, como no tempo de Cristo, a verdade ficou enterrada na tradição. O povo fiel de Deus, ao recusar participar da apostasia, foi marcado para morrer, como Jesus tinha sido.

A história registra o fato trágico. Você pode encontrá-la em qualquer biblioteca. Os líderes religiosos martirizaram milhões de crentes sinceros sem nenhum crime, a não ser o de seguir a Palavra de Deus.

Durante muitos séculos, os santos tiveram que viver escondidos.

“E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias” (Ap 12:6).

Há uma profecia de tempo, um período de perseguição durando 1.260 dias. Esses dias são literais ou simbólicos? É bom lembrar que o livro de Apocalipse lida com símbolos. Lembre-se também que a perseguição durou muitos séculos, muito mais que os 1.260 dias. Porém, na

profecia simbólica, um dia representa um ano. Por isso, provavelmente sejam 1.260 anos. Isso é o que os reformadores ensinaram. Martinho Lutero e outros acreditavam que esse período de tempo representava 1.260 anos de opressão sobre a Igreja na Idade Média. A história

confirma isso. No século seis, a Igreja foi influenciada pelo Imperador Justiniano ao expedir um decreto retirando toda a proteção aos hereges, como eram chamados os fiéis seguidores de Deus. Essa perseguição tinha atingido uma fúria incontrolável em 538 d.C.

Somando 1.260 anos com 538, chegamos a um pouco antes da nossa época: o ano de 1798. Exatamente nesse ano, Napoleão interrompeu o poder que vinha oprimindo os fiéis. Assim, durante os séculos negros, como a profecia de Apocalipse 16:23 predisse, o povo de Deus foi

para os esconderijos.

As montanhas dos Alpes e de outros lugares remotos da Terra protegeram a Igreja, que sobreviveu. Embora às vezes a igreja tenha ficado bem fraca, a luz da verdade jamais se apagou por completo. Os valdenses adoravam a Deus em uma capela secreta chamada Chiesa de La Tana, que quer dizer “Igreja da Terra”. Só se consegue descer o túnel rochoso que leva ao salão de reuniões da Igreja apoiando-se nas mãos e nos joelhos. Nessa mesma caverna, camuflada pela natureza, por muitos anos, os valdenses adoraram a Deus.

Mas chegou finalmente o dia em que um grupo deles foi cercado por soldados que fizeram uma fogueira na abertura. O oxigênio foi consumido, e os valdenses cantaram louvores a Deus até parar de respirar. Estavam felizes por dar a vida em vez de renunciar à fé.

Ninguém sabe quantos crentes verdadeiros derramaram seu sangue durante o longo exílio da Igreja no deserto.

Mas, assim como Deus cuidou de Seu Filho, Ele também preservou Seu povo. E como Jesus saiu do túmulo vitorioso, a Igreja finalmente emergiu de sua hibernação no deserto.

A palavra “Igreja” aqui não significa Religião Luterana, Religião Batista ou Religião Adventista. No Novo Testamento, a palavra “Igreja”, do termo grego ekklesia, quer dizer simplesmente “os escolhidos”. Você gostaria de ser um dos escolhidos de Deus?

Vamos considerar uma ilustração que ajudará na compreensão da experiência do povo de Deus em Apocalipse 12. Suponhamos que você esteja em pé ao lado de uma colina vendo uma enorme planície numa extensão de quilômetros. Você nota uma estrada de ferro cruzando a

planície e desaparecendo em um túnel. De repente, você ouve o som de um trem se aproximando, e uma enorme locomotiva antiga com dois vagões de passageiros passa velozmente.

Agora, se a locomotiva, com seus belos vagões, desaparecesse num lado do túnel, você não esperaria que a mesma locomotiva, com os mesmos vagões, saísse do outro lado? É claro que sim. E se a locomotiva, com os dois belos vagões de passageiros, entrasse por um lado da montanha, e do outro lado saísse um trem moderno

movido a diesel, puxando vários vagões? Você diria:

“Aconteceu algo com o trem dentro do túnel”. E você estaria certo.

Vamos esquecer os trens por um momento e imaginar que a verdadeira Igreja começasse a seguir o caminho do tempo no início da Era Cristã. Visualize a Igreja de Apocalipse 12 com sua fé pura, viajando pelos séculos. E ali pelo ano 538, tornou-se necessário, a fim de preservar sua fé, que ela se escondesse. Por isso, ela desaparece no

túnel do deserto por mais de mil anos.

Você não esperaria que a mesma Igreja, ensinando o mesmo corpo de verdades, o qual desaparecera havia tantos anos, emergisse do túnel do deserto ensinando a mesma mensagem que os primeiros cristãos ensinaram?

Claro que sim.

E se do túnel não saísse uma Igreja, mas muitas igrejas, muitas religiões diferentes? Você diria que alguma coisa devia ter acontecido dentro do túnel e estaria certo!

A história da Igreja revela que algo perturbador aconteceu durante a Idade Média. A verdade sofreu, fragmentou-se, mas sobreviveu.

Temos notado como Deus interveio para restaurar a verdade negligenciada, parte por parte. Como Ele levantou reformadores, um por um, para trazer de volta a verdade

que tinha sido esquecida durante os longos séculos no deserto. Martinho Lutero apareceu em cena para restaurar a pulsação do cristianismo. E a Reforma começou, mas não terminou no século 16.

A luz apenas começava a surgir no deserto do túnel.

Francamente, poderíamos esperar que todas as verdades escondidas por tanto tempo pudessem ser recuperadas de imediato? Não, provavelmente não.

Lutero redescobriu que o perdão vem pela fé somente em Jesus Cristo. E assim temos a Igreja Luterana. Mas a importância de algumas outras verdades não foi vista claramente por Lutero.

Algumas dessas verdades negligenciadas vieram depois, como o batismo por imersão, que foi recuperado pelos anabatistas. Os anabatistas se aproximaram dos grandes estudiosos protestantes e tentaram convencê-los a aceitar essa nova luz, mas eles não aceitaram. Assim, nasceu a Igreja Batista. E quando outras verdades vieram através de Wesley, as igrejas estabelecidas as recusaram. Isso fez

nascer os metodistas.

A história continua assim. É a triste tendência humana de confiar no passado, traçar um círculo em torno das crenças e chamá-las de credo. Esses credos originais ajudaram a reinstalar os alicerces do cristianismo. Mas eles não fizeram provisão para a luz futura. Por isso, temos tantas religiões hoje. “Mas a vereda dos justos é como a

luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4:18).

Você pode ver o que Deus está tentando fazer com Seu povo? Ele quer preservar cada raio de luz que cada reformador guardou tão cuidadosamente, acrescentando a ele novas verdades descobertas que também haviam se perdido através dos séculos. Ele quer apresentar essa mensagem em toda a sua beleza original ao mundo tão desesperadamente necessitado. E isso vem acontecendo. Lenta,

mas seguramente, as verdades escondidas na confusão da Idade Média estão surgindo. Conforme as verdades adicionais são recuperadas, outros movimentos têm passado a existir; cada um defendendo nova luz redescoberta.

Vamos agora ler Apocalipse 12:17: “O dragão (Satanás) ficou irado com a mulher (a igreja) e foi travar guerra com o restante da descendência dela, ou seja, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”.

Temos uma descrição do povo de Deus dos últimos dias.

Lembre-se: não estamos falando especificamente sobre religiões, mas sobre o povo de Deus. Você notou quais são as marcas identificadoras? Guardar os mandamentos de Deus e ter o testemunho de Jesus. Os Dez Mandamentos poderão conter alguma verdade negligenciada? Não.

E quanto ao quarto mandamento? Ele não é uma verdade muito negligenciada? Você já notou que o quarto mandamento, o que trata do sábado, é diferente dos outros?

Nove dos Dez Mandamentos nos dizem o que devemos fazer para Deus e para o nosso próximo. Mas o mandamento do sábado nos diz o que Deus fez por nós. Ele nos convida a partilhar do descanso merecido por Deus por Sua obra (Êx 20:8-11).

A cada semana, o sábado nos diz para nos afastarmos das obras humanas e descansarmos nas obras de Deus por nós. E isso é o Evangelho! Sem o descanso do sábado, a obediência à lei de Deus se torna legalista. Jamais se esqueça disto: não somos salvos por guardar a lei de Deus. Somos salvos por descansarmos em Cristo. Isso é

o Evangelho! E é também a mensagem do sábado. Entre

os deveres essenciais esboçados na lei, o sábado nos oferece descanso nas obras de Cristo por nós.

Conclusão

Que herança Deus tem para nós hoje? Destacando as verdades vitais recapturadas pelos grandes reformadores e nos gloriosos momentos finais da Reforma, ainda redescobrimos verdades. Não devíamos todos continuar avançando em direção à luz? Que desafio para o cristão!

E agora, quando nos aproximamos do final, quero contar uma linda história que ocorreu não faz muito tempo.

Um menino apascentava as ovelhas do pai. Não muito distante dali, naquele vale, um garoto vizinho apascentava as ovelhas de seu pai. Bem, os garotos ficaram muito amigos. Um dia, uma forte tempestade chegou de repente, e os garotos com suas ovelhas se refugiaram em

uma grande caverna. Quando a tempestade passou e era hora de eles irem para casa, surgiu um problema. Eles não conseguiam separar as ovelhas. Eles conheciam algumas, mas tinham dúvida sobre outras.

Finalmente, desesperados, com medo de apanhar de seus pais, eles foram para casa. Um seguiu por uma trilha, e outro por outra. E o que você acha que aconteceu? Sim, as ovelhas se separaram sozinhas, cada uma seguindo seu próprio pastor.

Você é uma ovelha de Cristo? Você é se O seguir quando Ele revela a verdade em Sua Palavra, seja qual for essa verdade. E você pode tomar essa decisão perante o Senhor agora mesmo.

Pr. George Vandeman,

antigo orador do programa Está Escrito