Mensagens Angélicas

10 dias de oração – Tema 9

As mensagens dos três anjos trazem novas e inéditas responsabilidades ao povo de Deus. Elas anunciam que o povo de Deus “não deve apenas pregar a conversão e a obediência, mas também a volta do Senhor e a diferença entre obedecer a lei de Deus e a lei dos homens. As três mensagens são equivalentes à mensagem primitiva do dilúvio. Na época de Noé, os que quisessem se salvar deveriam se abrigar na Arca. No entanto, o mundo zombou de Noé e sua família, e todos se perderam. As três mensagens falam da preparação que os filhos de

Deus devem ter para estar de pé na volta do Senhor. Não dar atenção a elas equivale a rejeitar os fundamentos do evangelho e acabar se perdendo para sempre.

I. A PRIMEIRA MENSAGEM ANGÉLICA

Vamos ler a mensagem do primeiro anjo em Apocalipse 14:6 e 7:

Para que o significado desta primeira mensagem fique completamente claro para você, vou responder a três perguntas.

• O que o primeiro anjo simboliza?

O primeiro anjo é um movimento religioso; é o remanescente de Deus conduzindo o evangelho eterno ao mundo. “O anjo simboliza os santos de Deus envolvidos na tarefa de proclamar o evangelho eterno, especialmente as verdades mencionadas neste versículo, num momento em que a hora do juízo é chegada” (v. 7).

Note que o anjo é retratado como “voando pelo meio do céu”. Essa imensa região de voo revela a extensão global do trabalho e da mensagem do anjo. Isso significa que a obra cresce e se desenvolve até ser vista e ouvida por toda a humanidade. Sim, todas as pessoas na face da Terra deverão ouvir o evangelho eterno.

• O que é esse evangelho?

São as mesmas boas-novas do infinito amor de Deus que os antigos profetas e os apóstolos proclamaram (Hb 4:2).

Devemos observar que “somente aqui a palavra ‘eterno’ é usada como adjetivo do evangelho da graça divina. [Isso significa que] só há um evangelho para a salvação dos seres humanos. Ele continua enquanto há pessoas para ser salvas”.

Irmãos, permitam-me uma breve reflexão: Podemos criar métodos, podemos buscar técnicas, podemos encontrar novas estratégias, mas o evangelho deve ser o mesmo; há somente um evangelho a ser pregado; ele é “eterno”. Por isso, não permitamos que nosso desejo

de inovar e criar, nossa vontade de querer alcançar grupos específicos de pessoas e nosso ímpeto de desbravar novas fronteiras nos levem a querer inventar uma nova mensagem, um novo evangelho, um novo “conteúdo” mais legal, mais palatável, mais “atual”, mais “relevante”. Isso seria uma tragédia!

Novas abordagens, sim; novo conteúdo, nunca! Que Deus nos dê a graça de continuarmos pregando o “evangelho eterno”.

Qual é o propósito da primeira mensagem?

O propósito é chamar o mundo ao arrependimento. E para isso, o anjo diz: “temam a Deus”. João usa a palavra grega phobeo, usada aqui não no sentido de ter medo de Deus, mas de se achegar a Ele com reverência e respeito.

“Comunica a ideia de lealdade absoluta ao Senhor, de rendição total à Sua vontade”. Se o tom da pregação épara “temer a Deus e dar-lhe glória”, é porque as pessoas  não temem a Deus nem O glorificam! E, por isso, devem arrepender-se.

O apelo para temer a Deus é feito na hora crucial, quandoas pessoas estão adorando os deuses do materialismo, do  prazer e muitos outros criados por elas mesmas.

II. SEGUNDA MENSAGEM ANGÉLICA

Vamos ler a mensagem do segundo anjo: Apocalipse 14:8. Analisemos a mensagem do segundo anjo. Ele diz: “Caiu, caiu”.

• Quem cai?

Cai o protestantismo, quando se afasta da pureza e simplicidade do evangelho eterno da justificação pela fé, que foi uma vez o poderoso motor propulsor da Reforma.

A característica teológica de Babilônia antiga é óbvia no AT: constituía o arqui-inimigo tanto de Israel como do seu Deus da aliança. Babilônia era, pois, a antítese de Sião, o Israel de Deus. Considerando a relação teológica entre o Israel do passado e o povo de Deus do tempo do

fim, o povo remanescente de Deus representa a consumação da história salvífica de Israel. Continua, portanto, a existir a mesma inimizade entre a Babilônia espiritual e o remanescente da nova aliança.

• Por que cai?

Cai porque se recusou a atender à mensagem do primeiro anjo: o Evangelho da Justificação pela Fé. Muitos dos protestantes da atualidade se desviaram das grandes verdades da Reforma e não continuaram o processo de Reforma para resgatar a doutrina bíblica.

Assim como a antiga Babilônia invadiu a terra de Israel, destruiu-lhe o templo e levou seu povo cativo, assim a Babilônia do tempo do fim ataca e escraviza a igreja de Cristo, blasfema do templo da nova aliança no Céu e substitui a divina intercessão de Cristo por um falso sistema de mediação e adoração (Ap 13, 17). Babilônia é o arqui-inimigo dos fiéis seguidores de Cristo (Ap 17:6).

Babilônia, tanto literal quanto mística, é reconhecida há muito como uma inimiga tradicional da verdade e do povo de Deus. O uso do nome no Apocalipse indica todas as organizações religiosas apóstatas e sua liderança, desde a Antiguidade até o fim dos tempos (ver comentários de Apocalipse 17:5; 18:24).

O anjo fala de “vinho” – O que é esse “vinho”?

São ensinos bíblicos heréticos (sendo o principal a justificação pelas obras). São falsos ensinos religiosos e decretos. É provável que a figura seja emprestada de Jeremias 25:15, texto em que o profeta é instruído: “Pegue o cálice do vinho do meu furor que está em minha mão e faça com que bebam dele todas as nações […]”. Mas não é fúria nem furor que a Babilônia oferece ao dar vinho às nações. Ela argumenta que o ato de tomar seu vinho levará paz às nações. Todavia, isso acaba acarretando a ira de Deus sobre os seres humanos.

III. A TERCEIRA MENSAGEM ANGÉLICA

Há pelo menos três elementos importantes na terceira mensagem, os quais vou explicar em forma de perguntas (ver Apocalipse 14:9-12).

• O que é a “imagem da besta”?

A imagem da besta representa aquela forma de religião apóstata que se desenvolverá quando as igrejas se unirão com o estado a fim de impor seus ensinamentos às pessoas. E por que se unirão? Porque perderão o verdadeiro espírito da Reforma.

• O que proclama a terceira mensagem?

Proclama a mais solene e assustadora advertência da Bíblia. A mais terrível ameaça jamais endereçada aos mortais está contida na terceira mensagem angélica.

Deve ser esse um terrível pecado que atrai a ira de Deus, sem mistura de misericórdia. Os homens não deverão ser deixados em trevas quanto a esse importante assunto. A advertência contra tal pecado deve ser dada ao mundo antes da visitação dos juízos de Deus, para que todos possam saber por que esses juízos são infligidos e tenham

oportunidade de escapar.

• Qual é o foco da terceira mensagem?

Ela dirige a atenção do mundo para as consequências de se recusar a aceitação do evangelho eterno e das mensagens divinas que convidam à restauração da verdadeira adoração. A profecia aponta para a aprovação de medidas religiosas cuja observância implica um ato de adoração, no sentido de que o adorador, ao cumpri-la, reconhece

a autoridade religiosa da primeira besta. Em Apocalipse 14:9-12, o profeta dá um indício acerca da natureza do decreto a ser implementado. Ele contrasta os santos com os que adoram a besta e sua imagem, observando que uma das características distintivas dos santos é a guarda dos mandamentos de Deus (Ap 14:12).

CONCLUSÃO

Quero fazer um resumo das três mensagens:

A mensagem do primeiro anjo proclama o evangelho eterno e convida à restauração da verdadeira adoração de Deus como Criador uma vez que a hora do juízo é chegada.

O segundo anjo adverte contra todas as formas de adoração originadas em mecanismos humanos.

Finalmente, o terceiro anjo proclama o mais solene aviso divino contra a adoração da besta e de sua imagem, que é o procedimento no qual se envolvem, em última análise, todos aqueles que rejeitam o evangelho da justificação pela fé.

A primeira e a segunda mensagens foram dadas em 1843 e 1844, e encontramo-nos agora sob a proclamação da terceira; mas todas as três mensagens ainda devem ser proclamadas. É essencial que as três mensagens sejam repetidas aos que estão buscando a verdade. Pelos livros e pela palavra, devemos fazer soar a proclamação, mostrando-lhes a ordem e a aplicação das profecias que nos trazem à mensagem do terceiro anjo. Não pode haver a terceira mensagem sem a primeira e a segunda mensagens.

Devemos dar essas mensagens ao mundo em publicações e discursos, mostrando em termos de história profética as coisas que aconteceram e as que hão de acontecer.

Conclusão:

Quero lhe fazer um convite que está em Apocalipse 18:4, 5.

Faça parte do povo remanescente de Deus, agora! E participe ativamente da pregação das três mensagens angélicas.

Pr. Adolfo Soares

Teólogo, mestre e doutor em Ciências da Religião