O VENCEDOR LEVA TUDO

SABEMOS COMO TERMINARÁ O CONFLITO ENTRE O BEM O MAL
LAEL CAESAR

Neste momento, a história está horrível. Enquanto escrevo, uma
praga de alcance mundial já fez centenas de milhares de vítimas
fatais e gerou transtornos globais e inimagináveis em tempos de paz.
A Covid-19 pode até desaparecer e, milagrosamente, confundir todas as previsões dos especialistas. No entanto, no momento em que
eu escrevo este artigo, as normas da sociedade livre se rendem à tirania do medo. Dirigentes democraticamente eleitos emitiram ordens totalitárias, que colocaram a população em pânico.
O que se viu foi certo conformismo diante do estremecimento de fundamentos sociais estabelecidos para a política, economia e saúde

pública. Nessa guerra contra um inimigo invisível, toda a criação
geme e não há indivíduos neutros nem vencedores, apenas sobreviventes.
Não que os problemas sejam novidade para os habitantes da
Terra. Afinal, o “ruim” é tão normal na história da humanidade
que as histórias que começam com tudo é “muito bom” (Gn 1:31) até
nos causam estranhamento.

MUITO BOM
No começo, no tempo em que tudo era “muito bom”, o Criador e Seus
filhos costumavam passear juntos no frescor do pôr do sol. Mas um
dia Adão e Eva não compareceram ao encontro. Eles não estavam brincando de esconde-esconde com Deus. O que os escondia
não era a folhagem, mas o medo: tinham arruinado a amizade com o Senhor. Eles tinham feito a única coisa que Deus disse que não deviam
fazer, desobedecendo a despeito da imensa generosidade divina: comam de graça! Exceto de uma árvore específica (Gn 2:16, 17).
Apesar de estar devastado, pois sabia como Adão e Eva estavam se sentindo, Deus queria que eles soubessem que ainda desejava a companhia deles. Então, Ele chamou: “Onde está você?” (Gn 3:9, NVI). Onde quer que estivessem, Deus ainda podia vê-los.
O ponto é que a tragédia do Éden não foi um mero erro quanto a escolher uma fruta ou outra, maçã versus manga. O problema ali foi que o ser humano aceitou que havia algo melhor do que o “muito bom” oferecido por
Deus. Eles escolheram o que era “bom para se comer”, “agradável aos olhos”, e “bom” para dar entendimento ofertado pela serpente (Gn 3:6).


TUDO RUIM
Então, em lugar de alegria, Adão sentiu medo de se encontrar com Deus. Em vez de Eva correr para os braços do Pai, ela se escondeu da face do Seu amor. Concordar com a serpente havia roubado do primeiro casal tudo o que mais valia a pena: a autoestima, a paz no casamento e a relação de harmonia com a natureza.
Acima de tudo, o que estava sendo rompido era o relacionamento com o Criador.
Com a escolha maldita do Éden, Satanás ganhou terreno na batalha contra Deus e feriu o próprio Senhor, ao machucar Seus filhos. O mal que o diabo havia concebido no Céu, mas cujos planos de expansão haviam sido frustrados, ele tinha transferido para a Terra. Milênios depois, conforme comentou Ellen White (O Desejado de Todas as Nações, p. 130), ele
ousadamente ofereceria para Cristo esse domínio sobre o planeta, que ele mesmo havia usurpado (Mt 4:8, 9).
Satanás sabia por que Jesus tinha vindo à Terra. Por isso, a tentação no deserto foi mais um passo importante dado por ele na guerra
contra Deus. Ele tinha ouvido, no Éden (Gn 3:15),
a promessa de ajuda que Deus enviaria para os seres humanos. Conforme nos informa novamente Ellen White, o diabo estava trabalhando
com múltiplas estratégias durante o ministério de Jesus. Na tentação direta ao Mestre,
ele procurou “desgastar a paciência de Deus”
(O Desejado de Todas as Nações, p. 35) e fazer
com que Ele desistisse da humanidade, nos deixando sob o domínio de Satanás. E, como estratégia geral para o povo, ele perverteu a fé de Israel,
ensinando sua própria versão a respeito da salvação.
E como Satanás fez isso? Introduzindo na religião judaica algo
que marca qualquer religião falsa:
o princípio de que a humanidade pode salvar-se por meio das próprias obras. Esse conceito de salvação autossuficiente torna inútil o sacrifício de Jesus. E qualquer engano que diminua o papel de Cristo é um triunfo para Satanás.
Isso porque, desde o dia em que o ciúme invadiu a mente do
diabo, ele tem trabalhado para mostrar que Jesus não merece a
posição da qual desfruta. Porém, o que a própria expulsão de Satanás nos revela é que, sem o reconhecimento das criaturas de sua necessidade do Criador, elas não podem sobreviver.

O clímax da rebelião humana foi visto no Cristo nu pregado na cruz, como um espetáculo vergonhoso
RESULTADO
Seria possível que as estratégias de Satanás funcionassem, fazendo
com que Deus desistisse dos seres humanos ou tornando desnecessário o sacrifício de Jesus? O diabo esteve perto de alcançar esses
dois objetivos. Deus tolerou que, do Éden até o dilúvio, os pensamentos da humanidade não estivessem Nele, mas no que era mau (Gn 6:5). Com a maldade humana chegando a esse nível, a rebeldia humana superaria o amor de Deus?
Bem, está na Bíblia que Jesus “veio para o que era Seu, mas os
Seus não O receberam” (Jo 1:11).
Porém, essa rejeição contundente não o desviaria de Seu propósito.
Segundo Ellen White, “em vez de destruir o mundo”, Deus
enviou Seu Filho para salvar o mundo (O Desejado de Todas as
Nações, p. 37).
Por ocasião da primeira vinda de Cristo, ocorreria a batalha determinante do bem contra o mal. Talvez os habitantes de mundos sem pecado tivessem olhado objetivamente para esse conflito e pensado no seu próprio bem: se Satanás ganhasse, a segurança deles não seria mais garantida. Eles contemplaram, a distância, a rejeição que Jesus sofreu: não teve um lugar
decente para nascer, nem onde reclinar a cabeça para descansar
durante Seu ministério (Mt 8:20), e em vez de receber uma coroa de
ouro foi laureado com espinhos.
Essa plateia cósmica viu o clímax da pecaminosidade humana no ato
de o Filho de Deus ter sido pregado nu, em um espetáculo vergonhoso.
Porém, na cruz, enquanto se ouvia um som que irrompia das
profundezas fantasmagóricas do inferno, ouviu-se também um grito
carregado de inesgotável amor:
“Está consumado!” (Jo 19:30). Esse brado decisivo assinalaria a vitória do bem na luta milenar sobre o senhorio da Terra.
Agora o reino eterno, o poder e a glória são Dele e só Dele. Agora,
vivemos na expectativa de que “todos os governantes O adorarão
e Lhe obedecerão” (Dn 7:27, NVI).
Sim, Jesus reina para sempre, porque, como canta Gaither Vocal Band:

“Está terminado, a batalha acabou / Está terminado, não há
mais guerra / Está terminado, é o fim do conflito / Está terminado e
Jesus é o Senhor.” ]


LAEL CAESAR é editor associado da Adventist Review